George Berkeley
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George Berkeley (Irlanda, 12 de março de 1685 - Oxford, 14 de janeiro de 1753) foi um filósofo irlandês.
Estudou no Trinity College de Dublin, onde se tornou fellow em 1707. Lecionou hebraico, grego e teologia. Por esta época, dedicou-se ao estudo sistemático da filosofia (em especial John Locke, Isaac Newton e Malebranche.
Dois anos mais tarde, publicou seu primeiro livro importante: Ensaio para uma nova teoria da visão. Em 1710, apresentou seu princípio de que ser é ser percebido (esse est percipi) na primeira parte da obra Tratado sobre os princípios do conhecimento humano. Em 1712 publicou Três diálogos entre Hilas e Filonous a fim de melhor explicar as concepções propostas na obra anterior.
Ao mesmo tempo, Berkeley era ministro da Igreja Anglicana e, em Londres, escreveu uma série de artigos no jornal The Guardian contra os livre-pensadores. Em 1713 abandona essa atividade e torna-se preceptor de jovens ingleses que desejavam conhecer a Itália. Viajou para lá, onde permaneceu até 1721. Nesse período, perdeu o manuscrito da segunda parte dos Princípios, que jamais voltaria a escrever.
Em seguida, atirou-se à polêmica religiosa, atribuindo todos os males de seu país à incredulidade. Pensando em remediá-los, tornou-se missionário e foi para as Bermudas, onde ficou três anos. Nessa viagem pelo novo mundo, escreveu o Alciphron em 1732.
De volta a Londres, escreveu O analista entre 1732 e 1734. Nesta obra, criticava o cálculo diferencial e integral de Newton. Também escreveu Uma defesa do livre pensamento em matemática. Ainda em 1734, é nomeado bispo de Cloyne, na Irlanda. Durante a fome e a epidemia de peste que ocorreram entre 1737 e 1741,Berkeley devotou-se aos doentes, tentando curá-los com água de alcatrão. Sobre o tema, escreveu uma obra chamada Siris, em 1744. Também por esta época escreveu O questionador, onde reflete sobre questões econômicas e sociais.
Em 1752, já velho e doente, Berkeley renunciou ao episcopado e se retirou para Oxford, onde veio a morrer.
Filosofia imaterialista
Berkeley aceita o empirismo de Locke mas não admite a passagem dos conhecimentos fornecidos pelos dados da experiência para o conceito abstrato de substância material. Por isso, e assumindo o mais radical empirismo, Berkeley afirma que uma substância material não pode ser conhecida em si mesma. O que se conhece, na verdade, resume-se às qualidades reveladas durante o processo perceptivo. Assim, o que existe realmente nada mais é que um feixe de sensações e é por isso que ser é ser percebido. O que está em xeque não é a negação do mundo exterior, mas sim o conceito fundamental, desde Descartes, de uma idéia de matéria como constituinte de tudo o que é e que fosse diferente da substância pensante. Para fugir do subjetivismo individualista (pois tudo que existe somente existiria para a mente individual de cada indivíduo), Berkeley postula a existência de uma mente cósmica que seria universal e superior à mente dos homens individuais. Deus é essa mente e tudo o mais seria percebido por Ele (de modo que a existência do mundo exterior à mente individual e subjetiva do homem, estaria garantida).