José Sarney
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Presidente do Brasil | |
Mandato: | 15 de março de 1985 até 15 de março de 1990 |
Precedido por: | Tancredo Neves |
Sucedido por: | Fernando Collor de Mello |
Data de nascimento: | 24 de abril de 1930 |
Local de nascimento: | Pinheiro(MA) |
Primeira-dama: | Marly de Pádua Macieira |
Partido político: | PMDB |
Profissão: | advogado e jornalista |
José Sarney de Araújo Costa (Pinheiro, 24 de abril de 1930) é um político e escritor brasileiro. Foi presidente da República Federativa do Brasil, entre 1985 e 1990.
Índice |
[editar] Vida antes da presidência
[editar] Origem e formação
Nascido José Ribamar Ferreira de Araújo Costa no estado do Maranhão, filho de Sarney de Araújo Costa e de Kiola Ferreira de Araújo Costa.
Em 1965 adotou legalmente o nome de José Sarney de Araújo Costa, o qual já utilizava para fins eleitorais desde 1958, por ser conhecido como "Zé do Sarney", isto é, José filho de Sarney. O pai, por sua vez, recebeu esse nome por ter nascido na propriedade de um certo Sir Ney, de origem britânica, onde o avô de José Sarney trabalhava.
Fez os estudos secundários no Colégio Marista e no Liceu Maranhense, cursando em seguida a Faculdade de Direito do Maranhão, pela qual se bacharelou em 1953. Por essa época ingressou na Academia Maranhense de Letras.
Segundo Mauricio Vaitsman, ao lado de Bandeira Tribuzi, Luci Teixeira, Lago Burnet, José Bento, Ferreira Gullar e outros escritores, fez parte de um movimento literário difundido através da revista que lançou o pós-modernismo no Maranhão, A Ilha, da qual foi um dos fundadores.
[editar] A carreira política
Ingressou na vida pública na década de 1950. Foi deputado federal, pela primeira vez em 1955, portanto é o parlamentar mais antigo ainda em atividade no Congresso Nacional.
Ao longo de sua carreira política, foi diversas vezes deputado e 4 vezes senador. Foi governador do Maranhão entre 1966 e 1971 e Presidente da República 1985-1990. Já integrou a UDN, foi presidente da Arena e do PDS, e posteriormente filiou-se ao PFL e ao PMDB.[1] [2]
Foi eleito para a Academia Brasileira de Letras em 1980, ocupando a cadeira de número 38, cujo patrono é Tobias Barreto.
Após deixar a presidência em 1990, Sarney continuou sua trajetória política como Senador. De 1995 a 1997 e de 2003 a 2005 foi presidente do Senado Federal, cargo que é cumulativo com o de presidente do Congresso Nacional.
José Sarney é pai de Roseana Sarney, eleita governadora do Maranhão em 1994, de Sarney Filho, eleito deputado federal pelo Maranhão em 2002, e do empresário Fernando José Sarney. A família controla o conglomerado Sistema Mirante de Comunicações, dono de três retransmissoras de televisão (afiliadas à Rede Globo), seis emissoras de rádio e o jornal O Estado do Maranhão.[3]
[editar] A presidência da República
José Sarney tornou-se presidente após o adoecimento e posterior morte de Tancredo Neves, entre março e abril de 1985. Sarney foi eleito vice-presidente da República na chapa de Tancredo Neves por eleição indireta, superando o candidato Paulo Maluf.
Seu mandato se caracterizou pela consolidação da democracia brasileira, mas também por uma grave crise econômica, que evoluiu para um quadro de hiperinflação histórica e moratória.
Também se notabilizaram as acusações de corrupção endêmica em todas as esferas do governo - sendo o próprio Presidente José Sarney denunciado, embora as acusações não tenham sido levadas à frente pelo Congresso Nacional. Foram citadas suspeitas de superfaturamento e irregularidades em concorrências públicas, como a da licitação da Ferrovia Norte-Sul. [4]
[editar] O Plano Cruzado
Na área econômica, o governo Sarney adotou uma política considerada bastante heterodoxa. Entre as medidas de maior destaque estão o Plano Cruzado, em 1986: congelamento geral de preços por 12 meses, e a adoção do "gatilho salarial" (reajuste automático de salários sempre que a inflação atingia ou ultrapassava os 20%).
O Plano Cruzado a princípio teve efeito na contenção dos preços e no aumento do poder aquisitivo da população. Milhares de consumidores passaram a fiscalizar os preços no comércio e a denunciar as remarcações, ficando conhecidos como "fiscais do Sarney".
No decorrer do ano o Cruzado foi perdendo sua eficiência, com uma grave crise de abastecimento, a cobrança de ágio disseminada entre fornecedores e a volta da inflação. O governo manteve o congelamento até as eleições estaduais de 1986, tentando obter os maiores dividendos políticos possíveis do plano.
[editar] Moratória e novos planos econômicos
A estratégia eleitoral rendeu ao PMDB sucesso nas eleições de governador em vinte e dois dos vinte e três estados brasileiros. A economia, no entanto, não resistiu ao controle estatal sobre a inflação, ao mesmo tempo em que o governo não era capaz de conter gastos. Foi lançado o Plano Cruzado II, sem que a situação melhorasse. Esse processo culminou com a decretação da moratória, em 20 de Janeiro de 1987 - decisão considerada altamente controversa e pela qual o Brasil sofre, até a atualidade, graves retaliações nos mercados financeiros internacionais.
Sucederam-se os Planos Bresser e Verão, sem sucesso no combate à escalada inflacionária. No fim do governo Sarney, o Brasil mergulha numa crise: entre fevereiro de 1989 e março de 1990, a inflação chega a 2.751%.
[editar] Eleições e Constituinte
Sarney notabilizou-se pela sua hábil condução do processo de redemocratização do país. Em 1985 realizaram-se eleições diretas para prefeito das capitais, as primeiras em vinte anos.
Em 1986 ocorreram as eleições para a Assembléia Nacional Constituinte, a qual promulgou uma nova constituição em 5 de outubro de 1988. Foram legalizados todos os partidos políticos até então clandestinos e extinta a censura prévia.
Foram realizadas eleições diretas para Presidente da República em 1989, as primeiras em 29 anos. José Sarney foi sucedido na Presidência por Fernando Collor de Mello.
[editar] Vida pública após a Presidência
Depois de transmitir a faixa presidencial a Collor de Melo, Sarney trocou de domicílio eleitoral, candidatando-se ao Senado pelo recém-criado estado do Amapá. Sarney venceu todas as eleições para o Senado nas quais concorreu (1990, 1998 e 2006) desde então, e é representante do estado há dezesseis anos.
Nas eleições de 2006, porém, enfrenta concorrência acirrada de Cristina Almeida, candidata pelo PSB. Com altos índices de rejeição, Sarney aparece nas pesquisas em situação próxima a empate técnico com Almeida. [5]
No estado, em 2006, a pintura de uma charge em um muro da cidade deu início à uma corrente denominada Xô Sarney, encampada por partidários de diversas tendências políticas, cujo objetivo é impedir a continuidade de Sarney e seus apoiadores na política amapaense. O alcance nacional do movimento, impulsionado principalmente via internet, e as dificuldades enfrentadas por Sarney em sua campanha ao Senado, levaram-no a recorrer seguidas vezes à Justiça, demandando censura e indenização reparatórias, motivadas por danos a sua imagem. [6]O Poder Judiciário tem, freqüentemente, atendido a estas ações, em casos controversos, e de repercussão internacional. [7] [8]
Contrariando as pesquisas, Sarney elegeu-se para o terceiro mandato consecutivo no Senado. Todavia, viu na sua terra natal, o Maranhão, sua filha perder a eleição para governo do estado, dando fim a uma das mais duradouras oligarquias do Brasil, a oligarquia Sarney, iniciada por ele próprio, em 1966.
Sarney é bem conhecido por sempre estar ao lado daqueles que estão no poder: apoiou o presidente João Goulart antes do golpe militar, mas integrou-se imediatamente à Aliança Renovadora Nacional após o Golpe Militar de 1964. Quando a pressão do povo sobre o governo João Figueiredo já era insuportável, Sarney, juntamente com políticos do PDS como Antônio Carlos Magalhães e Marco Maciel, deixou o governo para fundar a Frente Liberal, que se tornaria o PFL, e foi candidato a vice-presidente na chapa de Tancredo Neves. Anos depois, após o impeachment do presidente Fernando Collor de Mello, Sarney aliou-se ao novo presidente, Itamar Franco. Posteriormente, foi aliado do presidente Fernando Henrique Cardoso, e hoje é aliado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
[editar] Obras do autor
- A pesca do curral (ensaio), 1953
- A canção inicial (poesia), 1954
- Norte das águas (contos), 1969
- Marimbondos de fogo (poesia), 1978
- Partidos Políticos (ensaio), 1979
- Dez contos escolhidos, 1985
- Brejal dos Guajas e outras histórias, 1985
- O mundão das águas (romance), 1995
- O dono do mar (romance), 1995
- Saraminda (romance), 2000
- Saudades mortas (poesia), 2002
- Crônicas do Brasil contemporâneo, 2004, 2 volumes
- Tempo de pacotilha, 2004
[editar] Referências
- ↑ O presidente e a democracia: o passado de José Sarney em Istoé e Veja
- ↑ Biografia de José Sarney
- ↑ De antena ligada - NEMP-UnB
- ↑ Editorial sítio Desemprego Zero
- ↑ Pesquisa realizada pelo IBOPE Opinião no estado do Amapá e divulgada em 15 de setembro
- ↑ Blogs fazem campanha "xô Sarney"
- ↑ Election and censorship dialectics in the Brazilian blogosphere
- ↑ Reporters sans frontières dénonce la censure du blog "Repiquete no meio do mundo"
Precedido por Newton de Barros Belo |
Governador do Maranhão 1966 — 1971 |
Sucedido por Pedro Neiva de Santana |
Precedido por Tancredo Neves |
Presidente do Brasil 1985 — 1990 |
Sucedido por Fernando Collor de Mello |
[editar] Ligações externas
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