Fernando Henrique Cardoso
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Presidente do Brasil | |
Mandato: | 1 de janeiro de 1995 até 1 de janeiro de 2003 |
Precedido por: | Itamar Franco |
Sucedido por: | Luiz Inácio Lula da Silva |
Data de nascimento: | 18 de junho de 1931 |
Local de nascimento: | Rio de Janeiro |
Primeira-dama: | Ruth Corrêa Leite Cardoso |
Profissão: | Sociólogo |
Fernando Henrique Cardoso (Rio de Janeiro, 18 de junho de 1931) é um sociólogo, professor universitário, escritor e político brasileiro formado pela Universidade de São Paulo. Foi Presidente do Brasil por dois mandatos consecutivos, de 1 de janeiro de 1995 a 31 de dezembro de 2002. É co-fundador e, desde 2001, presidente de honra do PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira). É também comumente conhecido por seu acrônimo FHC. Atualmente Fernando Henrique Cardoso atua como professor at large no Watson Institute for International Studies (Brown University, EUA).
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[editar] Vida antes da Presidência
[editar] Origem e formação
Descendente de militares revolucionários de 1922 e 1930 e de uma escrava, formou-se em sociologia [1] na Universidade de São Paulo, onde tornou-se um estudioso do marxismo graças a influência de seu professor e amigo, o sociólogo Florestan Fernandes. Também estão entre seus preferidos Maquiavel, Max Weber, Antonio Gramsci e Alexis de Tocqueville. Na época de estudante fez parte de um grupo de estudos que se dedicou à leitura e discussão da obra O Capital de Karl Marx. Foi o intérprete das palestras do filósofo francês Jean-Paul Sartre no Brasil, em 1960. Foi professor de Sociologia da USP. Durante o regime militar, esteve exilado no Chile e na França. Em 1968, voltou ao Brasil e assumiu por concurso público a cátedra de Ciências Políticas da USP, mas foi aposentado compulsoriamente pelo Ato Institucional n° 5. Lecionou no Chile, na França, Inglaterra e Estados Unidos. Nos anos 70, foi pesquisador e diretor do CEBRAP — Centro Brasileiro de Análise e Planejamento e se aproximou do MDB, colaborando na reelaboração do programa do partido. É casado com a socióloga e antropóloga Ruth Corrêa Leite Cardoso.
[editar] Militância no MDB
FHC estimulou o MDB a moldar-se no Partido Democrata norte-americano, isto é, um partido "omnibus" — em latim, "para todos", ou seja: uma frente ampla. FHC pregava que, fazendo alianças amplas e repudiando a luta armada, o MDB chegaria ao poder pelo voto. Em 1978, saiu dos bastidores acadêmicos da política e começa a participar em campanhas políticas pessoalmente. Nesse ano se lança candidato ao senado por São Paulo mas perde o pleito. Torna-se suplente de Franco Montoro, eleito naquela oportunidade senador da república. Em 1980, quando foi extinto o bipartidarismo e autorizado o multipartidarismo, FHC filiou-se ao PMDB, partido que era o sucessor natural do antigo MDB. FHC assume uma cadeira no Senado em 1983, quando Montoro renunciou ao mandato de senador para assumir o governo de São Paulo.
[editar] Participação nas diretas-já
A partir de 1983, com a posse de 10 governadores de oposição ao governo de João Figueiredo, FHC participa das articulações visando a transição do regime militar para a democracia. Se torna um dos grandes articuladores das diretas-já, amplo movimento social e político que revindicava eleições democráticas para presidente já no final do governo do presidente João Figueiredo. Com prestígio junto a Tancredo Neves e Ulysses Guimarães e trânsito entre os militares e na maçonaria, FHC contribuiu para que não houvesse radicalização política e que acontecesse uma transição pacífica do regime militar para a democracia em 1985. Teve voz na formação do governo de Tancredo Neves, mas a morte deste, seguida da ascensão de José Sarney, reduziu sua área de influência.
[editar] No Governo Sarney
Durante o governo Sarney, exerceu apenas o cargo de líder do governo no Congresso Nacional - função criada especialmente para ele por Tancredo Neves, quando o senador Humberto Lucena (do PMDB da Paraíba), surpreendentemente derrotado por seu correligionário José Fragelli na disputa pela presidência do Senado Federal, teve de ser mantido na posição de líder do governo no Senado. Em 1985, foi derrotado para a prefeitura de São Paulo por Jânio Quadros. Em 1986, FHC foi reeleito senador, quando o PMDB teve uma vitória grande em todo o Brasil devido à popularidade do Plano Cruzado. Naquele ano, Mário Covas e FHC se tornaram, nessa ordem, os senadores mais votados da história, tendo tido, cada um, mais votos que o governador eleito Orestes Quércia e bateram o recorde de Jânio Quadros em 1960. Este fato tornou Mário Covas e FHC principais líderes nacionais do PMDB. Em 1987, reclamando que o PMDB tinha ficado "arenoso" (em referência à ARENA), ou seja, personalista e acomodado, FHC participou da fundação de um novo partido político — o Partido da Social-Democracia Brasileira (PSDB), que reunia vários próceres políticos do PMDB oriundos principalmente de São Paulo, Minas Gerais e Paraná, descontentes com o controle do PMDB em seus estados pelos então governadores Orestes Quércia, Newton Cardoso e Álvaro Dias. FHC foi relator do regimento interno da Assembléia Nacional Constituinte que elaborou a constituição de 1988.
[editar] No Governo Itamar Franco
Teve atuação destacada, em 1992, na transição pacífica do governo Collor para o governo de Itamar Franco. FHC foi de 1992 a 1993 ministro das Relações Exteriores de Itamar Franco, governo em que foi uma espécie de primeiro-ministro. Em 1993, assumiu o ministério da Fazenda e implantou o Bacha 2 (codinome usado pela equipe econômica, e que reproduzia o nome do principal mentor: Edmar Bacha), mais tarde renomeado para Plano Real, um plano de estabilização econômica idealizado por uma equipe de economistas de que faziam parte Pérsio Arida, André Lara Resende, Gustavo Franco, Pedro Malan, Edmar Bacha, Clóvis Carvalho, Winston Fritsch, entre outros. Em outubro de 1994, foi eleito no primeiro turno presidente da República. Sendo fundamental para a sua eleição o sucesso do Plano Real, lançado pouco antes, em julho de 1994.
[editar] Presidência da República
Tomou posse como presidente em 1 de janeiro de 1995, tendo nos dois mandatos como vice-presidente o ex-governador de Pernambuco e senador Marco Maciel, do PFL, uma das principais lideranças civis que apoiaram os governos militares pós 64. A política de estabilidade e da continuidade do Plano Real foi o principal apelo da campanha eleitoral de 1998 para a reeleição de FHC. Foi reeleito já no primeiro turno. FHC conseguiu para a sua eleição à presidência o apoio total do PSDB, do PFL, do Partido Progressista Brasileiro — PPB (atual PP) e de parte do PMDB, e conseguiu manter estes apoios nos seus 8 anos de governo, o que deu relativa estabilidade política ao Brasil neste período. No primeiro mandato FHC conseguiu a aprovação de uma emenda constitucional que criou a reeleição para os cargos eletivos do Executivo, sendo o primeiro presidente brasileiro a ser reeleito. Em seu governo houve diversas denúncias de corrupção, dentre as quais merecem destaque as acusações de compra de parlamentares para aprovação da reeleição e de favorecimento de alguns grupos financeiros no processo de privatização de empresas estatais.Entretanto , todas as investigações de CPI's como as CPI's dos Bancos , do PROER , do Sistema Financeiro e do Judiciário , principalmente , inocentaram o governo. No início de seu segundo mandato, uma forte desvalorização da moeda provocada por crises financeiras internacionais (México, Rússia e Ásia) leva o Brasil a uma grave crise financeira que ,para ser controlada ,teve como consequência um aumento dos juros , o que levou aos juros reais mais altos de sua história e a um aumento enorme na dívida interna. No governo FHC finalmente foi implantado o gasoduto Brasil-Bolívia. Foi criado o Fundo de Desenvolvimento do Ensino Fundamental (Fundef), que garante mais recursos para o ensino fundamental. Em 1997 entrou em vigor a atual lei eleitoral que se pretende definitiva, pois, antes, havia uma lei eleitoral nova a cada eleição. O final de seu segundo governo é marcado por uma crise no setor energético, que ficou conhecido como apagão. A crise ocorreu por falta de planejamento e ausência de investimentos em geração e distribuição de energia, e foi agravada pelas poucas chuvas. Com a escassez de chuva, o nível de água dos reservatórios das hidrelétricas abaixou e os brasileiros foram obrigados a racionar energia. A crise acabou afetando a economia e consequentemente provocou uma grande queda na popularidade de FHC. Nas eleições de 2002, seu partido, o PSDB, lança como candidato à presidência o ex-ministro da saúde e senador por São Paulo José Serra, um dos principais colaboradores do governo de FHC, todavia sai como vencedor do pleito o ex-sindicalista Luiz Inacio Lula da Silva do PT, adversário político e crítico ardoroso da política econômica nos seus dois governos. O segundo mandato do presidente FHC findou-se no dia 1º de janeiro de 2003, com a posse de Luiz Inácio Lula da Silva. FHC foi o primeiro civil eleito pelo voto direto que conseguiu terminar o mandato de presidente desde Juscelino Kubitschek e até, aquele momento, o segundo presidente brasileiro que governou por mais tempo, depois de Getúlio Vargas.
[editar] A reforma do Estado e da economia
FHC continuou o processo de privatização de empresas estatais iniciadas por Fernando Collor. Enfrentou, por isto, greve de servidores destas empresas. Foram privatizadas várias rodovias federais, os bancos estaduais responsáveis por grande parte do déficit público e a telefonia brasileira, o que permitiu o acesso dos brasileiros ao telefone e ao aparelho celular de última geração. A presidência de Fernando Henrique Cardoso também se destacou pela reforma do Estado promovida em seus dois mandatos. FHC elaborou um Plano Diretor da Reforma do Estado, de acordo com o qual seria priorizado o investimento em carreiras estratégicas para a gestão do setor público. Esta reforma do estado era entendida como uma ruptura com a era vargas e o Estado Novo, pois entendia-se que o estado interventor na economia que tinha surgido com Getúlio Vargas perdurava até os anos 1990. FHC conseguiu a aprovação de várias emendas à constituição, que facilitaram a entrada de empresas estrangeiras no Brasil, e que flexibilizaram o monopólio estatal do petróleo no Brasil. Em geral, FHC tentou atacar todas as fontes de déficit público, para eliminar o problema crônico da inflação, fazendo, por exemplo, em 1999 uma reforma da previdência social. Pelo mesmo motivo, evitou conceder aumentos de salário aos servidores públicos. Foi adotada a terceirização de serviços e de empregos públicos em áreas consideradas não-essenciais. Foram aprovadas leis mais duras sobre crimes contra o sistema financeiro e uma lei criminalizando a tortura policial. Entrou em vigor em 1998 um código de trânsito mais rigoroso para diminuir número de acidentes nas rodovias. Entrou em vigor em 2000 a lei de responsabilidade fiscal (LRF), que caracteriza-se pelo rigor exigido na execução do orçamento público. A lei limita o endividamento dos estados e municípios e os gastos com funcionalismo público. FHC criou o Bolsa Escola e outros programas sociais destinados à população de baixa renda (programas que mais tarde seriam transformados em um só pelo presidente Luís Inácio Lula da Silva, com o nome Bolsa Família). Ampliou-se muito, no governo FHC, o investimento privado em educação superior (faculdades e pós-graduação).
[editar] Obra acadêmica
Como sociólogo, FHC escreveu obras importantes para a teoria do desenvolvimento econômico e das relações internacionais. Dedicou-se ao aprofundamento de suas teorias durante o período em que viveu no exílio durante o regime militar, ou golpe militar de 1964. Foi um dos ideólogos da corrente dependentista ou desenvolvimentista. Sua teoria sugere que os países subdesenvolvidos devam se associar entre si, buscando um caminho capitalista alternativo para o desenvolvimento, livrando-se da dependência das grandes potências. FHC era contrário à tese de que os países do terceiro mundo se desenvolveriam só se tivessem uma revolução socialista. Em julho de 1990, Fernando Henrique Cardoso foi homenageado com o grau de doutor honoris causa da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra.
[editar] Vida pós-presidência
Em 2004, FHC fundou o Instituto Fernando Henrique Cardoso, uma instituição sem fins lucrativos que pretende reunir sua obra e propor discussões sobre o Brasil e a América Latina. Em 2004, FHC foi eleito um membro da placa consultiva da Universidade do Sul da Califórnia, Centro da Diplomacia Pública. Em 2005 foi eleito através de uma votação feita pela internet e organizada pela revista britânica Prospect um dos 100 maiores intelectuais ainda vivos do mundo[2]. É membro do Clube de Roma e professor at large no Watson Institute for International Studies (Brown University). Em 2005 tornou-se Doutor Honoris Causa pela Universidade de Montreal.
[editar] Atualidade
Fernando Henrique Cardoso é co-presidente do Inter-American Dialogue. É membro dos Conselhos Consultivos do Institute for Advanced Study, da Universidade de Princeton, e da Fundação Rockefeller, em Nova Iorque. Leciona na Universidade de Brown, em Providence. Desde junho de 2005, preside a Fundação Osesp, organização criada para manter a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo. Até pouco tempo foi presidente do Club de Madrid, cargo que passou ao ex-presidente do Chile, Ricardo Lagos. Escreveu uma autobiografia avaliando seu governo chamada "A arte da política" e um outro livro "Carta a um jovem político". Em 7 de setembro de 2006, FHC lançou uma "Carta aos Brasileiros" onde analisa o momento político e as eleições de 2006.
[editar] Livros de FHC sobre política e governo
- A arte da política — A história que vivi, Editora Civilização Brasileira, 2006.
- Cartas a um jovem político — Para construir um Brasil melhor, Editora Alegro, 2006.
- O mundo em português, Editora Paz e Terra,1998.
- O presidente segundo o sociólogo, Editora Companhia das Letras, 1998.
- Dependência e Desenvolvimento na América Latina, Editora México, 1969.
[editar] Cronologia sumária
- 18 de Junho de 1931 - Nasce no bairro do Botafogo, Rio de Janeiro-RJ.
- 1983-1992 - Senador da República.
- 1992-1993 - Ministro das Relações Exteriores de Itamar Franco.
- 1993-1994 - Ministro da Fazenda no governo de Itamar Franco.
- 1995-1999 - Primeiro mandato como Presidente do Brasil.
- 1999-2003 - Segundo mandato como Presidente do Brasil.
[editar] Ver também
[editar] Referências
- ↑ publicou, em 1961, uma tese :«Escravidão e capitalismo no Brasil meridional»
- ↑ UOL Notícias.
[editar] Ligações externas
[editar] Referências
- ↑ publicou, em 1961, uma tese :«Escravidão e capitalismo no Brasil meridional»
- ↑ UOL Notícias.
Precedido por Elizeu Resende |
Ministro da Fazenda 1993 — 1994 |
Sucedido por Rubens Ricupero |
Precedido por Itamar Franco |
Presidente do Brasil 1995 — 2003 |
Sucedido por Luís Inácio Lula da Silva |
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