Mário Cabrita Gil

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Mário Cabrita Gil (Lisboa, 23 de Maio de 1942) é um fotógrafo português e director de fotografia de cinema. Lecciona fotografia no Ar. Co. (Centro de Arte e Comunicação) em Lisboa, entre os anos oitenta e noventa. Prossegue o seu trabalho pessoal.

A importância da sua obra é reconhecida logo após a exposição intitulada A Idade da Prata, na Galeria Cómicos, dirigida por Luís Serpa, em 1986, e pela participação em grandes eventos como a Europália 91, em Bruxelas, em que expõe retratos de personalidades como José Saramago e David Mourão-Ferreira (A imagem das Palavras). Em 1994, quando Lisboa é Capital Europeia da Cultura (Lx94), quatro obras suas de grandes dimensões são expostas em ruas do Bairro Alto. Durante a Exposição Mundial de 1998, em Lisboa (Expo 98), exibe no exterior do Pavilhão do Território uma série de trinta retratos de mulheres anónimas.

Índice 1 Biografia 1.1 Fotografia 1.2 Instalações 1.3 Cinema 2 Em colecções 3 Referências 3.1 Em obras impressas 4 As metamorfoses do retrato 4.1 Citações 5 Outras referências 6 Ligações externas

[editar] Biografia

[editar] Fotografia

Em 1981 expõe fotografias de esculturas de João Cutileiro no Centro Cultural de São Lourenço em Almancil, Algarve e no I.C.E.P., em Nova Iorque.

Em 1986 expõe A Idade da Prata, na Galeria Cómicos, dirigida por Luís Serpa.

Em 1987 expõe A Idade da Prata nos encontros da imagem em Braga e participa na exposição Retratos, nos encontros de Coimbra.

Ainda em 1987 participa na exposição itinerante, Tendências da Arquitectura Portuguesa, com Obras de Álvaro Siza Vieira, Raul Hestnes Ferreira, Luís Cunha, Manuel Vicente, Tomás Taveira, exposição essa organizada pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros e pela Secretaria de Estado da Cultura de Portugal.

Segue-se o A.R.C.O. 88 em Madrid, com Retratos de estrangeiros tais como Jose Maria Sicilia, Miquel Barceló, Piet De Jonge, Cristina Iglesias, Joel Fischer, Boyd Webb, Michael Biberstein, Juan Muñoz e Joseph Kosuth, em representação da Galeria Cómicos dirigida por Luís Serpa. ^[1]

Participa em 1988 na colectiva Portugal e o Ambiente, no Fórum Picoas, Lisboa.

Em 1991 expõe na Europália 91, Bruxelas, com retratos dos escritores José Saramago e David Mourão-Ferreira.

Em 1994, quando Lisboa foi Capital Europeia da Cultura, quatro obras suas de grandes dimensões são expostas em ruas do Bairro Alto.

Em 1997 expõe o projecto intitulado Contacto, na Galeria 1839 no Centro Cultural de Belém, projecto apoiado pelo Centro Português de Fotografia.

Em 1999, em Junho é convidado pelo Pintor Manuel Baptista a expor na Trem-Arco, Galeria Municipal de Faro, Algarve.

Também em 1999 está presente na Fac 99 - Feira de Arte Contemporânea em Lisboa, em representação da Galeria Novo-Século, e em Leiria apresenta Discursos (comissária Ana David) para o Museu da Imagem. Em Novembro do mesmo ano, expõe de novo Discursos na Galeria Novo-Século, Lisboa.

Está presente na A.R.C.O. 2000, em Madrid, Galeria Novo-Século.

No ano 2000 expõe no Arquivo Municipal de Lisboa O Entardecer em Alfama, retratos de mulheres de Alfama.

Em Novembro de 2002 participa na exposição 50 fotógrafos portugueses dos anos 50 à actualidade, exposição organizada pela Fundação PLMJ, na Fundação de Serralves, sob o alto patrocínio do Comité Nacional para Portugal da Associação International das Artes Plásticas junto da Unesco e do Secretariado Internacional na Sede da Unesco em Paris.

Em Junho de 2004 apresenta Sombras, colectiva PhotoSapiens em Bragança.

Em Setembro de 2004 participa na exposição de fotoportfólio na galeria Luís Serpa.

Em Outubro de 2004 expõe em Vinte Anos Galeria Cómicos | Luís Serpa, exposição comemorativa na Cordoaria Nacional em Lisboa.

Em Dezembro de 2004 mostra In Sinu Matris, uma exposição e instalação fotográfica apresentada na galeria municipal do Montijo.

Em Março de 2005, participa em Sombras, colectiva PhotoSapiens em Évora.

Em Junho de 2006, participa numa exposição colectiva da Galeria 57, Leiria.

Em Agosto de 2006 expõe em 13 Artistas - Arte Digital, colectiva na S.N.B.A., Lisboa.

[editar] Instalações

1994 - Lisboa 94, Capital Europeia da Cultura, expõe no Bairro Alto em Lisboa 4 fotografias, impressas a jacto de tinta, em telas com 8x10 metros.

1998 - Lisboa, Expo 98, Pavilhão do Território: apresenta retratos de 30 mulheres.

2001 - Um Olhar Sobre o Montijo: mostra quatro fotógrafos contemporâneos (instalação Golfinhos - fotografia a cores, gravação áudio de som de bater de coração).

2004 - Dezembro: retoma In Sinu Matris, exposição e instalação, na Galeria Municipal do Montijo.

2005 - Em Julho é convidado a participar, com a instalação intitulada In Sinu Matris, na VII Edição da Bienal de Artes Plásticas Cidade de Montijo | Prémio Vespeira.

[editar] Cinema

Depois de frequentar o Estúdio Universitário de Cinema, em 1968 inicia-se como assistente de câmara.

De 1970 a 1975 produz, realiza e trabalha como operador de câmara e director de fotografia de filmes publicitários.

Director de fotografia em 1976 da longa metragem, de Luís Couto, Madrugada.

Em 1977 realiza O Jardim dos Esquecidos, filme de curta metragem exibido na RTP em 1978, no programa Fórum-RTP, e no Festival de Leipzig.

Em 1978 dirige a fotografia da curta-metragem de ficção de Sérgio Ferreira, O Prisioneiro, e faz parte da equipa da longa-metragem de Rui Simões (cineasta), o Bom Povo Português, como operador de câmara.

De 1979 a 1981 dirige a fotografia de dois filmes de Noémia Delgado, para a RTP, da série intitulada Contos Fantásticos Portugueses.

Em 1982 realiza e produz uma dezena filmes de publicitários e dirige a fotografia da média-metragem, realizada por João Brehm, produção da RTP e da televisão sueca, baseada no trabalho do Professor Lima de Faria sobre a fusão entre células animais e vegetais.

Inicia também em 1982 a longa-metragem de João Brehm, Transparências em Prata, igualmente como director de fotografia.

Em 1987 é ainda director de fotografia do filme de ficção para a RTP, intitulado O Mistério do Armário, de João Brehm.

Em 1988 finaliza a longa-metragem de João Brehm, Transparências em Prata, iniciada em 1982.

Em 1999 é director de fotografia de Paroles, entrevistas com Jean Rouch e Germaine Dieterlen realizadas no Museu do Homem, em Paris, por Ricardo Costa: um retrato filmado de Jean Rouch. ^[2]

[editar] Em colecções

• Museu da Cidade de Lisboa.

• Fundação PLMJ.

• Câmara Municipal do Montijo.

• Arte contemporânea portuguesa - Colecção do pintor Manuel Baptista.

• Em várias colecções particulares

[editar] Referências

[editar] Em obras impressas

• 1986 - Em A Idade da Prata: referências com textos de Eduardo Prado Coelho, Luís Serpa e Helena Vasconcelos, edição Imprensa Nacional - Casa da Moeda. ^[3]

• 1987 - Em Tendências da Arquitectura Portuguesa sobre obras de Álvaro Siza Vieira, Raul Hestnes Ferreira, Luís Cunha, Manuel Vicente, Tomás Taveira.

• 1988 - Portugal e o Ambiente: em edição do Serviço Nacional de Parques Reservas e Conservação da Natureza.

• 1991 - No catálogo de A Imagem das Palavras, que inclui retratos de José Saramago e David Mourão-Ferreira, edição Contexto, para "Europália 91".

• 1999 - Em Discursos: edição da Câmara Municipal de Leiria / Museu da Imagem, comissária Ana David.

• 2000 - A.R.C.O. 2000: referido no catálogo da feira, Galeria Novo Século.

Referido no catálogo da obra O Entardecer em Alfama: que inclui retratos de mulheres de Alfama, edição da Câmara Municipal de Lisboa.

• 2001 - Em Um Olhar Sobre o Montijo: quatro fotógrafos contemporâneos. Em Golfinhos: instalação com uma fotografia a cores (214x171 cm) com gravação áudio do som de um coração, em edição da Câmara Municipal do Montijo.

• 2002 - No catálogo da VII Edição da Bienal de Arte do Montijo: com a instalação Golfinhos - fotografia a cores de 214x171 cm, gravação áudio.

50 fotógrafos portugueses dos anos cinquenta à actualidade: refrido em catálogo da exposição organizada pela Fundação PLMJ,^[4] na Fundação de Serralves, sob o alto patrocínio do Comité Nacional para Portugal da Associação International das Artes Plásticas junto da Unesco e do Secretariado Internacional na Sede da Unesco em Paris.

• 2004 - In Sinu Matris: em catálogo da instalação e exposição de fotografia, com o texto o Cerco do Corpo de Margarida Medeiros, edição da Câmara Municipal do Montijo.

Referido no catálogo de Vinte anos galeria Cómicos | Luis Serpa: projectos de 1984-2004.

• 2005 - No catálogo da VIII Edição da Bienal de Artes Plásticas Cidade de Montijo| Prémio Vespeira: participa com a instalação intitulada In Sinu Matris, com texto do crítico de arte Professora Doutora Sílvia Chicó.

• 2006 - No catálogo da exposição 13 Artistas - Arte Digital: colectiva na S.N.B.A - Sociedade Nacional de Belas Artes, com texto do pintor Jaime Silva.

[editar] As metamorfoses do retrato

Análise de um percurso:

A par de pesquisas experimentais noutros géneros, Mário Cabrita Gil trabalha o retrato em progressiva experimentação. Começa fotografando o corpo, dando relevo à pose: à cumplicidade expressiva entre aquilo que nos diz o corpo e aquilo que nos diz o rosto, que fala por si (A Idade da Prata, Imagem das Palavras, O Entardecer em Alfama).

Numa das fases seguintes, deixando o rosto fora do quadro, isola o gesto, que ganha relevo. Assim isolado, o gesto torna-se expressão nua: pose pura, desprovida daquilo que só o rosto pode dizer. Um rosto fala. O gesto insinua. Isolado, apenas indicia. Levanta-se uma ponta do véu. Adivinha-se algum mistério que, oculto na sombra, furtivo na intimidade, o corpo oculta dentro de si, sem a expressão do rosto. Sendo esforçado o gesto, sente-se ser dramático o seu modo de falar. Quer falar mas não fala. Acentua-se a tensão entre o que o corpo quer dizer e aquilo que não diz. Aproxima-se a câmara por vezes, fica o corpo mais exposto e o pormenor ressalta. Torna-se pose a mão inerte, um toque, o pé provocante. Revelam-se coisas que antes não se viam, o óculo está focado nas montanhas da lua. Descobre-se o corpo dentro do corpo: a marca. Aqui, a fisionomia não é coisa desse mundo: o indivíduo pertence ao outro. Adensa-se o mistério. A condição humana é feita de coisas dessas, desentendidas (Sombras, Contacto).

Por fim, como se o registo argêntico (película fotográfica) não bastasse, o olho do fotógrafo recua, esquece a máquina fotográfica, retoma a necessária distância e, em escala aberta, põe-se a ver o corpo com um aparelho de ressonância magnética (tecnologia usada na semiologia médica | ver: semiologia). E logo descobre um lugar anónimo, dentro da carne, por trás da carne. Um lugar onde todos nos encontramos. Questionando-se, passo a passo, sobre o outro, sobre quem ele é e quem não é, acaba o fotógrafo por se virar para dentro de si, sempre em busca do seu mito, daquilo que nele e no outro existe de comum: sondando, nem sem angústia nem sem assombro, lá por dentro, entre o dia e a noite, lá onde se processa a morte e onde nasce a vida, aquilo que de mais profundo e idêntico o eu e o outro têm em comum, o cerne da questão: o traço fundador da pessoa humana (In Sinu Matris).

Um estudo para além dos limites: «Le studium est une sorte d’éducation (savoir et politesse) qui me permet de retrouver l’Operator, de vivre les visées qui fondent et animent ses pratiques, mais de les vivre en quelque sort à l’envers, selon mon vouloir de Spectator. C’est un peu comme si j’avais à lire dans la Photographie les mythes du Photographe, fraternisant avec eux, sans y croire tout à fait» (Roland Barthes in La chambre claire – Note sur la photographie, Cahiers du Cinéma, Gallimard Seuil, Paris, 1980, pág. 51). ^[5] (Ver fotos correspondentes na pág. oficial de M.C.G.)

[editar] Citações

• «Diria que é a tentativa de conter a noite do mundo através da multiplicação de poses, mas que também é o modo como a pose desarma as convenções de identidade dos retratos». (Eduardo Prado Coelho: catálogo da exposição de Mário Cabrita Gil aberta na Galeria Cómicos, dirigida por Luís Serpa em Fevereiro de 1986).

• «O fotógrafo trabalha, na primeira fase, o carácter não ingénuo da imagem, bem como a sua versatilidade. Mário Cabrita parte de pequenas imagens fragmentadas de um corpo humano (ou de vários): orelha, mão, seio, braço, dedos do pé, (...) onde tudo começa».
• «A forma estética encontrada por Mário Cabrita Gil neste projecto revela o conflito pelo sentido vivido minuto a minuto no mundo contemporâneo, cercado por imagens onde a morte é simultaneamente afirmada e negada, conduzindo o Homem numa fuga para a frente. Mas não há para onde fugir – do corpo» (Sobre a exposição-instalação In Sinu Matris (2005) - Margarida Medeiros, professora de ‘’História da Imagem’’ da Universidade Nova de Lisboa. ^[6]

[editar] Outras referências

[editar] Ligações externas

• Sítio oficial.

• Página sobre Mário Cabrita Gil na Universidade de Coimbra.

• Exposição colectiva de fotografia “PhotoSapiens”.

• ((en)) Mário Cabrita Gil na IMDb (Internet Movies Data Base).