Revoluções de 1830
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Assim como se verificara em 1820, quando as revoluções explodiram na Alemanha, Itália, Grécia, Portugal (Revolução liberal do Porto) e Espanha (Revolução de Cádiz) - as duas últimas com repercuções na América Espanhola e no Brasil -, a Europa foi convulsionada por nova onda revolucionária em 1830.
Iniciadas na França, as Revoluções liberais alastraram-se pela Europa: a Bélgica se libertou da Holanda e houve tentativas (fracassadas) de unificação da Alemanha e da Itália e de libertação da Polônia. O movimento teve também posteriores repercuções em Portugal e Espanha. No Brasil, no dia 7 de Abril de 1831, um forte movimento de oposição popular levou o absolutista Dom Pedro I à abdicação. Em 1829, a Grécia já se libertara da dominação turca.
O pano de fundo foi comum: propagação do liberalismo e nacionalismo como ideologias; a subprodução agrícola (acarretando alta de preços de gêneros alimentícios) e o subconsumo industrial (provocando falência de fábricas e o desemprego do proletariado); descontentamento do proletariado urbano, devido ao desemprego, a salários baixos e à alta do custo de vida; descontentamento da burguesia, excluída do poder político e atingida pela crise econômica.
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[editar] Revolução de 30 na França
Na França, o Congresso de Viena trouxera de volta os Bourbons. As potências reunidas em Viena impuseram à França o Segundo Tratado de Paris, cujas condições eram mais drásticas que as do Primeiro: ela ficou reduzida as suas fronteiras de 1789, teve de pagar uma indenização de guerra de 700 milhões de francos, foi obrigada a restituir os tesouros artísticos roubados dos povos conquistados e aceitar a ocupação do norte do país, durante cinco anos, por tropas das potências vencedoras.
[editar] Ascensão de Carlos X
Nos últimos anos do reinado de Luís XVIII (1814-1824) e por todo o reinado de Carlos X, o conde de Artrois (1824-1830), sucederam-se perturbações internas graves. Se o governo de Luís XVIII foi marcado pela moderação (o rei inclusive manteve muitas das conquistas sociais e econômicas da era revolucionária, visando a garantir o apoio da burguesia liberal), a ascensão de Carlos X reviveu o absolutismo de direito divino, o favorecimento à nobreza e a sufocação da burguesia. Este monarca decidiu confiar a chefia do governo ao príncipe de Polignac. Longe de resolver os problemas o novo estadista preocupou-se com uma bem sucedida expedição à Argélia.
[editar] Câmara X Poder Real
No ano de 1827, a oposição, formada por constitucionalistas e independentes, venceu as eleições legislativas e a nova Câmara dos Deputados, dominada por liberais, entrou em conflito com o rei. Em 1830, o rei dissolveu a Câmara e convocou novas eleições, também vencidas pela oposição. Então, o monarca reagiu em 25 de Julho de 1830, com a publicação das Ordenanças ou Ordenações de Julho: suprimia a liberdade de imprensa (impunha a censura total); anulava as últimas eleições e dissolvia a câmara recém-eleita e de maioria liberal; modificava os critérios para a ficação do censo eleitoral, favorecendo uma minoria (reduzia o eleitorado); e permitia ao rei governar através de decretos. Essas "Ordenações de Julho" coincidiram com grave crise econômica e precipitaram a Revolução.
[editar] Revolução de Julho de 1830
Nos dias 27, 28 e 29 de julho de 1830, conhecidos como os três dias gloriosos, o povo de Paris e as sociedades secretas republicanas, liderados pela burguesia liberal, fizeram uma série de levantes contra Carlos X. Levantou-se barricadas na capital francesa e generalizou-se da luta civil. As revoltas populares sucediam-se a tal ponto que a própria Guarda Nacional acabou por as apoiar, aderindo à sedição. Após lutas nas ruas parisienses (as Três Gloriosas), o último Bourbon teve de partir para o exílio no começo de agosto. O clima da revolução perpassa pelas páginas de Os Miseráveis, de Victor Hugo.
Temerosa do radicalismo das classes que haviam feito a revolução (pequena burguesia e proletariado urbano), a alta burguesia instalou no poder o primo do rei, Luís Filipe de Orleans, o "Rei Burguês", monarca constitucional e liberal de outro ramo da nobreza francesa. "De agora em diante, os banqueiros reinarão na França", como afirmou Jacques Lafitte, banqueiro e político que participou das manobras para colocar Luís Filipe no trono. Ele tinha razão. Todas as facções da burguesia, como industriais e comerciantes, haviam participado da luta contra o poder real e a velha aristocracia, mas quem assumiu o poder foi apenas uma parcela da burguesia - a do capital financeiro.
Apoiado por banqueiros como Casimire Pérere e contando com ministros como Thiers ou Guizot, a Monarquia de Julho vem assim conseguir impor um clima de paz e prosperidade.
[editar] Expansão da Revolução
A Revolução de 1830, na França, teve um caráter apenas liberal, isto é, antiabsolutista. Sua expansão para outras regiões da Europa, porém, assumiu também um caráter nacional, opondo-se às diretrizes do Congresso de Viena, que havia colocado várias nacionalidades sob o domínio de algumas potências européias.
[editar] Revolução de 1830 na Bélgica
Os acontecimentos parisienses repercutiram na Bélgica que, pelo Congresso de Viena, fora submetida à Holanda no artificial Reino dos Países Baixos. Havia profundas diferenças entre os dois povos: os belgas eram católicos, de idioma valão (próximo ao francês), industriais e partidários do protecionismo alfandegário a fim de favorecer suas nascentes indústrias contra a concorrência estrangeira; os holandeses seguiam o protestantismo, sua língua é semelhante ao alemão, viviam do comércio e eram adeptos do livre-cambismo. A monarquia, adotando diretrizes políticas beneficiando os holandeses, provocou a Revolução de matrizes fortemente nacionais: luta pela independência. O sucesso belga foi facilitado pela conjuntura internacional. Áustria, Prússia e Rússia, de governos conservadores e favoráveis à política de intervenção, viram-se paralisadas por outras revoluções; França e Inglaterra, governos liberais, auxiliaram a causa belga. A independência belga só foi reconhecida pela holanda em 1839. A Revolução da Bélgica acarretou dupla alteração no sistema estabelecido em Viena: o surgimento de novo Estado Nacional e a organização de uma monarquia liberal e constitucional.
[editar] Revolução de 1830 na Polônia
Na Polônia, a Revolução também assumiu o caráter de movimento pela independência. A maior parte do país ficara submetida à Rússia. Aproveitando-se da organização de um exército para intervir na Bélgica, os patriotas poloneses sublevaram-se, mas foram esmagados pelo czar russo Nicolau I. A derrota, seguida de violenta repressão, decorreu também pela falta de ajuda externa e pela cisão entre revolucionários, divididos em republicanos (burgueses) e monarquistas (pequena nobreza).
[editar] Revolução de 1830 nos Estados Italianos
Nos Estados italianos, as agitações tiveram um caráter liberal em regiões aristocráticas, nacional nas áreas sob domínio austríaco e antipapal nos Estados papais. As conquistas foram efêmeras, pois a intervenção austríaca restaurou a ordem absolutista anterior.
[editar] Revolução de 1830 nos Estados Alemães
Na atual Alemanha, verificou-se uma série de revoltas (Hanôver, Saxe, etc.), logo abafadas pela intervenção austríaca. Na Prússia, ocorreram movimentos liberais que procuravam submeter o poder real a uma Constituição.
Pretendendo reforçar o sistema repressivo, para o que se impunha contar com a colaboração da Prússia, o governo austríaco admitiu a criação do Zollverein (união aduaneira), concretizada por iniciativa prussiana, e conduzindo à união econômica dos Estados alemães, exceto a Áustria (1834). O Zollverein representava a união econômica, precedendo a unificação política e tornando-a imprescindível para assegurar a continuidade dos progressos econômicos; além do mais, acentuava a projeção da Prússia como núcleo posterior da unificação política, ao mesmo tempo que conduzia à marginalização da Áustria.
[editar] Revolução de 1830 em Portugal
Em Portugal, D. Pedro IV (Pedro I do Brasil) derrotou as forças absolutistas de seu irmão D. Miguel, assegurando direitos de D. Maria da Glória e garantindo a vigência de uma Constituição liberal (1834).
[editar] Revolução de 1830 na Espanha
Na Espanha, a sucessão de Isabel, herdeira de Fernando VII, foi contestada por D. Carlos, apoiado em forças absolutistas; graças à ação do General Spatero, de tendências liberais, os Carlistas foram derrotados e uma Constituição liberal promulgada.
[editar] Resultados
Fora da França, portanto, atingiu êxito apenas a revolução liberal na Bélgica, que se tornou independente. Todas as demais revoltas que adquiriram caráter nacional foram massacradas por tropas da Santa Aliança. O fermento revolucionário, no entanto, continuou por toda a Europa, tornando a restauração imaginada por Metternich, pelo czar Alexandre I e por outros uma obra falida: o liberalismo e, mas tarde, o nacionalismo triunfariam em quase toda a Europa.