História do Chipre
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Os primeiros habitantes conhecidos datam do período neolítico. Várias escavações têm demonstrado que durante o Neolítico e a Idade do Bronze os cipriotas tinham uma cultura avançada. A história de Chipre passou pela ocupação por egípcios, assírios, persas, gregos, durante a antiguidade.
A partir de 1400 a.C., sucessivas levas de aqueus colonizaram a ilha, introduzindo a língua e a cultura grega. Colônia micênica no século XIV a.C., por volta de 800 a.C. instalaram-se os fenícios. Em torno de 670 a.C., a ilha foi ocupada pelos assírios e no século VI caiu sob domínio egípcio. Povoada desde o século VII a.C., foi exportadora de cobre e de madeira.
Foi, depois, governada pelos império persa. Foi anexada ao Império Romano em 58 a.C. e um século depois o cristianismo difundiu-se por todo o território. No século I da era cristã chegou um grande contingente de refugiados judeus, expulsos pelo imperador Adriano no ano 116. Depois da divisão do Império Romano, Chipre, com pequenas interrupções, ficou mais de 700 anos sob domínio dos imperadores bizantinos. A partir do século VII, começou a penetração dos árabes, que durante os 300 anos seguintes devastaram a ilha.
Em 1191, durante uma cruzada à Terra Santa, o rei Ricardo I Coração de Leão da Inglaterra conquistou a ilha e, mais tarde, a vendeu ao cruzado francês e rei Guy de Lusignan de Jerusalém. Imediatamente foi criada uma monarquia feudal que se prolongou até à Idade Média. Importante base para os cruzados, o reino dos Lusignan, serviu de base de ataque para as diversas Cruzadas que se aventuravam na Palestina. Algum tempo depois, os mercadores de Gênova e de Veneza passaram a controlar o comércio da ilha até o século XV. Chipre foi conquistada, em 1489, pelos venezianos e tornou-se base naval para a República de Veneza. A ilha permaneceu parte do Império Veneziano até 1571, quando caiu em mãos do Império Turco-Otomano, que restauraram o arcebispado ortodoxo, mas levaram o país a uma situação de decadência econômica e demográfica.
No início do século XIX começaram sérias revoltas na ilha. O Império Otomano manteve a ilha sob seu controle até 1878, quando foi derrotado na Guerra Turco-russa de 1877-1878. Temendo a expansão russa, A Turquia induziu a Inglaterra a administrar o Chipre.
Em 12 de Julho de 1878, os britânicos assumiram o controle do território pelo Congresso de Berlim, depois da autorização do sultão turco que continuou a ser o soberano do Chipre. A administração britânica promoveu a construção de estradas, a reforma dos portos e o desenvolvimento agrícola. Em 1914, com a Primeira Guerra Mundial, a Grã-Bretanha formalmente anexou a ilha, , o que pôs fim ao tratado de 1878. Em 1915, os ingleses cederam a ilha temporariamente à Grécia, como pagamento por sua participação na guerra em favor dos países aliados. De acordo com o Tratado de Lausanne (1923), a Turquia reconheceu formalmente a soberania britânica sobre o Chipre. Dois anos mais tarde, a ilha se tornou uma colônia britânica.
Desde o início houve uma rivalidade entre as comunidades de língua grega e as de língua turca, sendo que os primeiros desejavam a união (Enosis ou Énosis) com a Grécia. As primeiras revoltas a favor da enosis aconteceram em 1930. Depois da eleição do arcebispo Makarios III como chefe da Igreja Ortodoxa de Chipre, em 1950, a Énosis iniciou a guerra revolucionária. Makarios, líder da campanha pela enosis, é deportado para as Seychelles em 1956 depois duma série de atentados na ilha.
Após a Segunda Guerra Mundial houve muita violência civil, na qual a organização terrorista cipriota Eoka teve o papel principal. Em agosto de 1954, a Grécia tentou anexar a ilha. A Turquia afirmou sua oposição à anexação do Chipre pela Grécia, declarando que diante de sua desocupação pela Inglaterra, a ilha deveria retornar ao controle da Turquia.
As negociações realizadas em 1959 entre as diversas partes do conflito levaram a um acordo para a concessão de uma Constituição que tornasse o Chipre uma repúblicaindependente da Comunidade Britânica, cujo funcionamento fosse garantido pela Inglaterra, Turquia e Grécia.
No ano seguinte, Chipre, Grécia e o Reino Unido assinam um tratado que declara a independência da ilha, ficando os britânicos com a soberania das bases de Akrotiri e Dhekelia. A independência foi proclamada em 16 de agosto de 1960, sendo eleitos presidente o greco-cipriota Makarios, arcebispo ortodoxo; e vice-presidente, o turco-cipriota Fazil Kuchuk. A violência], entretanto, continuou.
Makarios era presidente, mas a constituição indicava que os turco-cipriotas ficariam com a vice-presidência, com poder de veto, o que dificultou o funcionamiento do estado e as relações entre greco-cipriotas e turco-cipriotas, desembocando em explosões de violência intercomunitéria em 1963 e 1967. Em dezembro de 1963, as comunidades turca e grega da ilha entraram em conflito quando o presidente propôs alterações constitucionais que pressupunham a supressão do direito da minoria turca de exercer o veto legislativo. Os turco-cipriotas pretendiam a divisão da ilha, enquanto os greco-cipriotas insistiam na existência de um Estado unido com garantias dos direitos das minorias nacionais. Em 1964 o governo era um caos e uma força de paz da ONU teve de intervir.
Em 15 de julho de 1974, a Guarda nacional do Chipre levou a cabo um golpe greco-cipriota favorável à incorporação à Grécia e derrubou o presidente Makarios. As forças turcas invadiram o território do Chipre e, um mês depois, passou a controlar militarmente o norte da ilha. Os cipriotas turcos estabeleceram um governo de facto, mas não buscaram reconhecimento como país soberano.
Conversacões em Genebra entre a Grã-Bretanha, Turquia, Grécia e as duas comunidades cipriotas fracassaram, e, apesar de Makarios poder reassumir a presidência em 1975, o Estado Federado Turco de Chipre foi formado na zona ocupada no norte do país em fevereiro de 1975, compreendendo cerca de 35% da ilha, e tendo seu próprio presidente, Rauf Denktash. O governo, entretanto, era apenas reconhecido pela Turquia. Em novembro de 1983 proclamaram a independência da República Turca de Chipre Setentrional ou República Turca de Chipre do Norte (com capital em Lafkosha, nome dado a Nicósia pelos turcos), um Estado de fato que atualmente só é reconhecido pela Turquia e pela Organização da Conferência Islâmica.
A zona sul permaneceu sob o controle grego. O governo do setor grego continuou sendo a autoridade internacionalmente reconhecida da República de Chipre. Ao longo desse processo, cerca de 20 mil greco-cipriotas abandonaram o setor sob controle turco, que eqüivale a 40% da ilha, no norte, e cerca de 50 mil turco-cipriotas saíram do sul para refugiar-se nessa área. A Grã-Bretanha manteve uma importante base para sua força aérea na zona sob controle grego, e também um importante centro de inteligência. A partir de meados da década de 1980 iniciaram-se conversações acerca da reunificação , embora nunca tenham tido sucesso.
Com a morte de Makários, Spyros Kyprianou assumiu a presidência (1977-1988). Em 1990, Chipre solicitou a admissão na Comunidade Européia e, em 1993, Glafcos Cléridès foi eleito presidente da república. A república turca ainda não foi reconhecida por nenhum outro Estado, mas os países que mantêm relações com Chipre (inclusive o Brasil) continuam a ter contatos informais com o líder turco. A chamada "Questão cipriota" tem sido freqüentemente incluída nas agendas das assembléias gerais das Nações Unidas. A população da ilha está dividida em 80% de greco-cipriotas e 20% de turcos. O nível de vida no setor grego é superior ao da Grécia continental.
Depois de uma nova crise em janeiro de 1997, causada pela compra de mísseis russos por parte do governo greco-cipriota, os presidentes Glafcos Klerides e Rauf Denktash, das duas coletividades, iniciaram um novo diálogo com o objetivo de chegar à reunificação de Chipre.
A República de Chipre aderiu formalmente à União Europeia no dia 1 de Maio de 2004 numa cerimónia realizada em Dublin. Ao mesmo tempo, se aplica um plano para a reunificação apoiado pelas Nações Unidas, apesar de um referendo em que 76% dos greco-cipriotas terem votado contra.