Sarampo
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
O Sarampo é uma doença causada pelo vírus do sarampo e transmitida por via respiratória. Apesar de geralmente haver resolução sem problemas, esta doença ainda é uma das causas mais freqüentes de óbito em crianças em muitas regiões, particularmente em países onde a vacinação em massa não é satisfatória.
Índice |
[editar] Vírus do Sarampo
- Grupo: Grupo V ((-)ssRNA)
- Ordem: Mononegavirales
- Família: Paramyxoviridae
- Gênero: Morbillivirus
- Espécie: Vírus do sarampo
O vírus do sarampo é um vírus com genoma de RNA simples de sentido negativo (a sua cópia é que é mRNA e serve para síntese protéica). É um vírus envelopado (com membrana lípidica externa) pleomórfico com cerca de 150-300 nanometros.
Induz a fusão de células infectadas formando células gigantes, o que facilita a sua circulação e multiplicação sem ser reconhecido e inativado por anticorpos circulantes, e é resistente ao complemento. Ele infecta as células fundindo a sua membrana (envelope) com a da célula após acoplagem da sua proteína envelopar, ocorrendo a fusão a receptor especifico. Reproduz-se no citoplasma da célula. A sua multiplicação destrói as células exceto nos neurônios. As eritemas cutâneos são causados mais pela ação do sistema imunitário contra o vírus que por ele próprio. A resolução da doença dá imunidade para toda a vida.
[editar] Epidemiologia
É um dos cinco exantemas da infância clássicos, com a varicela, rubéola, eritema infeccioso e roséola. É altamente infeccioso e transmitido por secreções respiratórias como espirros e tosse. Após o inicio de uso da vacina tornou-se rara nos páises que a utilizam de forma eficaz, como América do Norte e Europa. Contudo ainda causa 40 milhões de casos e um a dois milhões de mortes por ano em países sem programas de vacinação eficientes. As epidemias tendem a ocorrer a cada dois ou três anos, necessitando do nascimento de novos bebês susceptiveis para se propagar.
[editar] Sintomas
As manifestações iniciais são febre alta, tosse rouca e persistente, coriza, conjuntivite e fotofobia (hipersensibilidade à luz).
Surgem manchas brancas na mucosa da boca (que são diagnósticas).
Após isso surgem manchas maculopapulares avermelhadas na pele, inicialmente no rosto e progredindo em direção aos pés, durando pelo menos três dias, e desaparecendo na mesma ordem de aparecimento.
A mortalidade é de 0,1% em crianças de boa saúde e nutrição, mas pode subir até 25% em crianças subnutridas.
[editar] Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico é clinico devido às caracteristicas muito típicas, especialmente as manchas de Koplik. Pode ser feita detecção de antigénios em amostra de soro.
Não há cura. A prevenção é por vacina de vírus vivo de baixa virulência.
[editar] História
O Sarampo hoje é uma doença de infância pouco perigosa mas não terá sido sempre assim. A alta mortalidade que provocou nos ameríndios sem defesas imunitárias ou genéticas quando foi introduzido na América no seguimento da descoberta de Colombo, indica que a sua introdução na Europa poderá ter sido igualmente traumática, e terá provavelmente ocorrido nos últimos séculos da existência do Império romano, em cujo declínio e queda as suas epidemias combinadas com as da varíola terão tido importância significativa.
A doença era desconhecida antes da era cristã, Hipócrates não descreve nada parecido. A epidemia terá surgido na Europa nos séculos II e III d.C., matando grande proporção da população totalmente não imune do Império romano, como mais tarde faria na América, e sendo um fator principal do declínio dessa civilização. Segundo alguns autores conceituados (o historiador William McNeil entre outros) terá sido a queda da população de Roma e do seu império devido às doenças antes desconhecidas varíola, sarampo e varicela que diminuiu a população do império ao ponto de leis serem decretadas da hereditariedade das profissões, postos oficiais e redução à servidão dos agricultores antes livres, dando origem ao feudalismo. Nesta situação de debilidade, os povos germânicos e outros terão encontrado a oportunidade de se estabelecer nas terras quase vazias devido à epidemia no império, de inicio com a aquisciência dos oficiais romanos, desesperados com a queda dos rendimentos fiscais. Só depois desta época teram sido a varíola e o sarampo freqüentes na Europa, e naturalmente atingindo as crianças não imunes, ao contrário das epidemias raras, que matam os adultos. A infecção das crianças, com morte das suscetíveis mas imunidade para as sobreviventes, é menos danosa para uma civilização que a de adultos já ensinados, donde se explica os graves problemas criados em Roma pela morte de adultos que não tinham encontrado a doença nas suas infância.
Na China o panorama terá sido semelhante, e também aí caiu pela mesma altura o Império Han. Julga-se que estas doenças terão sido importadas simultaneamente nessa altura da Índia para as duas grandes civilizações dos extremos da Eurásia, e não será talvez coincidência que foi precisamente nos século I e século II DC que as rotas comerciais para a Índia e a rota da seda para a China foram estabelecidas pela primeira vez, ligando as três regiões com grande débito de mercadorias e comerciantes.
O sarampo foi um dos principais responsáveis pela destruição das populações nativas da América após a sua importação da Europa com Colombo. Juntamente com a Varíola, Varicela e outras doenças, ela matou mais de 90% da população do continente, derrotando e destruindo as civilizações Asteca e Inca muito mais que Hernán Cortés e Francisco Pizarro alguma vez seriam capazes.
A primeira descrição reconhecível do sarampo é atribuída ao médico árabe Ibn Razi (860-932) (conhecido como Rhazes na Europa). O vírus foi isolado apenas em 1954, e a vacina foi desenvolvida em 1963.