Sonho lúcido
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O termo sonho lúcido se refere a percepção consciente que temos de um determinado estado ou condição enquanto sonhamos, resultando em uma experiência da qual temos uma recordação muito clara ("lúcida") e nítida, onde normalmente aparenta termos tido controle e capacidade direta sobre nossas ações, e algumas vezes, o próprio desenrolar do conteúdo do sonho. [1] A experiência completa do início ao fim é chamada de sonho lúcido. Stephen LaBerge, um popular autor e pesquisador do assunto, definiu como "sonhando enquanto sabemos que estamos sonhando."[2]
LaBerge e seus associados chamaram as pessoas que exploram intencionalmente as possibilidades dos "sonhos lúcidos" de "oneironautas" (literalmente do grego querendo dizer "exploradores de sonhos"). O tema atrai a atenção de um eclético e diverso grupo, a saber psicólogos, autores independentes, grupos da Nova Era, místicos, ocultistas, artistas e muitos outros interessados no assunto, dependendo da intenção do grupo..
Os chamados "sonhadores lúcidos" normalmente descrevem seus sonhos como animados, coloridos, e fantásticos. Muitos comparam a uma experiência espiritual e dizem que este fato mudou sua maneira de viver ou sua percepção em relação ao mundo que vive. Alguns chegam mesmo a afirmar que aceitam os sonhos lúcidos como sendo uma "hiper-realidade", aparentando muitas vezes "ser mais real que a própria realidade enquanto em vigília", e que todos os elementos que compõem a realidade dos sonhos são amplificados. Sonhos lúcidos são prodigiosamente recordados em comparação aos outros tipos de sonhos, até mais que os próprios pesadelos, que supostamente podem ser prescritos como um meio de livrar-se de um sonho dramático ou alarmante.
Embora seja difícil de obter-se um conhecimento claro e coerente sobre as múltiplas interpretações destas experiências — especialmente considerando sua natureza altamente subjetiva — a veracidade dos sonhos lúcidos foi cientificamente verificada e estabelecida pela comunidade científica. Pode ser classificada como um protociência, até que haja um maior conhecimento científico sobre o assunto. Pesquisadores tal como Allan Hobson, com estudos na área da Neurofisiologia dos sonhos tem ajudado no avanço das pesquisas para o melhor entendimento dos mecanismos dos sonhos lúcidos, levando o assunto para um campo científico e sujeito a menores fatores especulativos.
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[editar] Pesquisa científica
Várias universidades (notavelmente a de Stanford) continuam as pesquisas neste campo, aperfeiçoando técnicas e aprendendo mais sobre os efeitos dos "sonhos lúcidos", como fazem algumas agências independentes tal como LaBerge, com O Instituto de Lucidez. A psicologia Jungiana, por exemplo, parece indicar que o sonho "não-lúcido" (ou parcialmente lúcido) é um meio de alcançar o auto-conhecimento. Até o momento, não existem casos em que seja relatado que algum "sonho lúcido" tenha causado qualquer tipo de dano em qualquer nível, seja este psicológico ou fisiológico. No entanto, seria muito difícil de determinar se alguma forma de "sonho lúcido" poderia anular algum beneficio porventura recebido através de um "sonho normal".
[editar] Psicologia
Existem muitas questões a serem respondidas sobre Sonho Lúcido e sobre a ato de sonhar por sí só. LaBerge e seus seguidores costumam chamar as pessoas que conseguem explorar a capacidade de sonhar lucidamente de oneironauts (palavra grega que significa "exploradores de sonhos").
Na projeciologia, um sonho lúcido é uma projeção semiconsciente, também pode chegar a ser uma projeção consciente.
[editar] Paralisia do sono
Uma observação feita é que existem níveis de sonho lúcido no qual consegue-se controlar o sonho como um todo de forma tão realista que perde-se a noção do que é real e do que é sonho: não sabe-se distinguir se está sonhando ou acordado. Algumas pessoas relatam que, às vezes, sofrem uma paralisia corporal ao se deitarem para dormir. Afirmam que, deitadas, perdem os movimentos e a capacidade de falar, ficando com o corpo pesado e “duro”, preso à cama. Então, dizem, ouvem vozes, escutam passos, vêem estranhas cenas ou pessoas e se desesperam.
Como no geral a cultura ocidental não contém muitas experiências no campo onírico e nem tampouco para o contato com o mundo do inconsciente visto que mesmo os nomes foram introduzidos por Freud pouco mais de 1 século atrás, a maior parte da comunidade não está preparada para experiências desta natureza. Como resultado, alguém que atinja a paralisia do sono termina sem saber o que fazer, eventualmente é tomado pelo medo. Alguns experimentam intenso terror, supondo que estão enlouquecendo ou prestes a morrer. Outros, supersticiosos, crêem que o diabo os persegue e até que os sufoca. O medo se deve ao desconhecimento.
A paralisia do sono corresponde a um estado não usual de consciência no qual atingimos lucidamente o limiar entre a vigília e o sonho. Em outras palavras: nossa consciência se encontra em um ponto limítrofe entre o mundo vígil e o mundo onírico. Obviamente, não estou me referindo à narcolepsia ou a estados patológicos similares, nos quais a pessoa desfalece mantendo a consciência em situações arriscadas como durante o trabalho ou no trânsito.
Não confundir a paralisia do sono, que é inofensiva, com narcolepsia, que é um distúrbio. É importante diferenciar o patológico do inócuo. A inofensiva paralisia analisada neste estudo surge quando nos acomodamos para relaxar, dormir ou “tirar um cochilo”. Ocorre em situações facilitadoras do sono, podendo aparecer na fase inicial ou final deste. Não se impõe contra a nossa vontade em situações inadequadas ou de risco, como durante o ato de dirigir ou trabalhar. Esse estado limítrofe nos oferece a oportunidade de experimentar um tipo especial de sonho: o sonho lúcido. Se, ao invés de nos deixarmos tomar pelo medo, soubermos aproveitar a situação de imobilidade para trabalhar com a imaginação, adentraremos conscientemente ao nosso mundo dos sonhos.
Durante a paralisia do sono, estamos às portas do nosso universo onírico. Em tal fase, podemos reverter o processo letárgico ou dar-lhe continuidade. Se nos aterrorizarmos ante a impossibilidade de movimento e as percepções alteradas, o reverteremos. Se nos mantivermos tranqüilos e permitirmos que o processo natural do sono tenha continuidade, teremos a experiência fantástica do sonho lúcido. É uma experiência cobiçada por muitos. Nos sonhos normais, nunca percebemos que estamos sonhando. Sempre acreditamos estar acordados: fugimos dos perigos, nos preocupamos em resolver os problemas com os quais nos deparamos, tememos as reações das pessoas e animais com os quais estamos sonhando, etc. No sonho lúcido, esta falta de discernimento não existe. O sonhador compreende que está sonhando e age de acordo com esta compreensão. Durante a fase intermediária entre o sono e a vigília, começamos a ter percepções alteradas, os primeiros contatos imediatos com o mundo fantástico. Os nossos pensamentos adquirem alto grau de nitidez e podem ser vistos e ouvidos como se pertencessem ao mundo exterior. As vozes, sons, imagens e toques que percebemos são imaginais, isto é, são formas mentais. Não obstante, seu impacto realístico e nitidez (numinosidade) são intensos e espantam as pessoas que ainda não estão familiarizadas com isso. Nossos medos, desejos, anelos, frustrações, etc, se corporificam em imagens mentais cujas formas apresentam afinidade com o teor dos sentimentos que as geraram. Aqueles que almejam a experiência do sonho lúcido procuram induzir a paralisia do sono por meio do relaxamento consciente. Ao atingi-la, saltam para o outro lado de suas existências. Caso tenhamos interesse em aproveitar a paralisia corporal para obtermos uma experiência onírica consciente, podemos nos valer de um procedimento muito simples: uma vez atingida a imobilidade, projetamos uma imagem mental qualquer que nos agrade procurando vivenciá-la lucidamente, ou seja, nos empenhamos em interagir com a mesma sem perder a recordação de que é mental e onírica. Então, logo nos vemos dentro de um sonho lúcido. Poderíamos dizer, em outros termos, que colaboramos conscientemente com o processo natural do sono-sonho ao invés de detê-lo pelo medo. Após o estado de paralisia corporal vem o estado de sonho propriamente dito. Se vivenciarmos lucidamente as imagens mentais que se formam nesta fase inicial do sonho, logo as mesmas se apresentam ante a nossa consciência como se fossem tridimensionais. Fui procurado certa vez por um rapaz que era freqüentemente jogado na imobilidade contra a sua vontade. Havia apelado para médios, sacerdotes e orações para resolver o “problema”. Não obteve sucesso algum. A paralisia persistia contra todos os seus esforços e os de sua mãe em suprimi-la. O jovem estava muito preocupado. Havia sido educado na religião cristã e acreditava que as trevas fossem povoadas por entidades infernais. Temia o ataque de algum demônio na escuridão da noite. Sua mãe estava, na época, tentando contatar um exorcista. Imaginemos por um instante seu desespero: paralisado na cama, no escuro, ouvindo vozes estranhas com intenso impacto realístico e, ainda por cima, sentido-se prestes a ser atacado por um demônio sem poder mover-se ou fugir. Instruí o rapaz a respeito da paralisia e indiquei-lhe alguns textos para leitura. Fizemos juntos uma análise de suas crenças religiosas, do teor das percepções alteradas que experimentava, da natureza dos sonhos, do mundo inconsciente e do que a paralisia significava em outras culturas diferentes daquela em que ele vivia. Ele logo ficou tranqüilizado e feliz. Começou a aproveitar a situação de imobilidade para ter sonhos lúcidos e, hoje, chega a se lamentar quando não a atinge. O “problema” se transformou em algo desejável ao encontrar seu sentido e seu curso. A paralisia do sono perde seu caráter terrificante quando permitimos que cumpra sua função propiciadora de experiências transcendentes. Muitas vezes, a paralisia do sono é denominada “pesadelo”, o que nem sempre é correto. Um pesadelo é um sonho terrível, com monstros, assassinatos, torturas, sangue, cadáveres, etc. A paralisia é a imobilidade do corpo, a incapacidade de mover-se e de se levantar. É acompanhada por alucinações e, às vezes, pro uma pseudo-asfixia.
[editar] Link
[editar] Notas
- ↑ Lucid dreaming FAQ by The Lucidity Institute at Psych Web.
- ↑ What is lucid dreaming? Lucid dreaming FAQ by The Lucidity Institute. (October 2005 em Inglês
[editar] Referencias
- Lucid Dreaming (1985) ISBN 0-87477-342-3 by Stephen LaBerge.
- Lucid Dreams (1968) ISBN 0-90-007600-3 by Celia Green
- Lucid Dreaming: The Paradox of Consciousness During Sleep (1994) ISBN 0-41-511239-7 by Celia Green and Charles McCreery
- Exploring the World of Lucid Dreaming (1991) ISBN 0-34-537410-X by Stephen LaBerge.
- Creative Dreaming (1974) ISBN 0-671-21903-0 by Patricia L Garfield
- Dreams and How to Guide Them [1867] (1982) ISBN 071561584X by Hervey de Saint-Denys
- The Lucid Dreamer (1994) ISBN 0-671-87248-6 by Malcom Godwin
- Tibetan Yogas Of Dream And Sleep (1998) ISBN 1-55-939101-4 by Tenzin Wangyal Rinpoche
- Conscious Mind, Sleeping Brain (1988) ISBN 0306428490 by Jayne Gackenbach and Stephen Laberge, Eds.