Fortaleza de São João Baptista de Ajudá
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
A Fortaleza de São João Baptista de Ajudá, também conhecida como Feitoria de Ajudá ou simplesmente Ajudá, localiza-se na cidade de Ouidá, na costa ocidental africana, atual República de Benim.
[editar] História
As costas da Mina e a da Guiné foram percorridas por navegadores portugueses desde o século XV, que, com o tempo, aí passaram a desenvolver importante comércio, principalmente de escravos africanos. É desse periodo que data a ascensão do antigo reino de Daomé e a importância de sua capital, Ouidá.
Ao final do século XVIII, o rei D. Pedro II de Portugal (1667-1705) determinou ao Governador de São Tomé e Príncipe, Jacinto de Figueiredo Abreu, erguer uma fortificação na povoação de Ouidá, para proteger os embarques de escravos (1680 ou 1681). Posteriormente abandonado em data incerta, foi sucedido entre 1721 e 1730 por uma nova estrutura, com as obras a cargo do comerciante brasileiro de escravos José de Torres. Sob a invocação de São João Baptista, a construção do forte de Ouidá (Ajudá) foi financiada por capitais levantados pelos comerciantes da Bahia, mediante a cobrança de um imposto sobre os escravos africanos desembarcados na cidade do Salvador.
Concluído, funcionou como centro comercial para a região, trocando tabaco, búzios e aguardente brasileiros, e mais tarde, quando o esquema do tráfico se alterou, oferecendo produtos manufaturados europeus, contrabandeados do Brasil, uma vez que a Coroa portuguesa não permitia que tais itens fossem transportados em navios brasileiros.
No final do século XIX a costa ocidental africana foi ocupada pelos ingleses, que ali estabeleceram importantes entrepostos, que passaram a ser defendidos pelas guarnições das fortificações antes pertencentes a Portugal, entre as quais a de São João Baptista de Ajudá.
O Daomé tornou-se uma colônia francesa a partir de 1892, obtendo independência em 1° de agosto de 1960, quando se transformou em República do Benim. No ano seguinte, tropas do Benim invadiram Ouidá, então uma dependência da colónia portuguesa de São Tomé e Príncipe. Sem condições para oferecer resistência, o governo de Salazar ordenou ao último residente da praça que a incendiasse antes de a abandonar. A anexação foi reconhecida por Portugal em 1985.
O forte português de São João Baptista de Ajudá, foi recentemente reconstruído com recursos da Fundação Calouste Gulbenkian.
[editar] Relação de Governadores da Fortaleza de São João Baptista de Ajudá
Início | Fim | Nome | Observações |
---|---|---|---|
1680 | ? | Jacinto de Figueiredo Abreu | Governador de São Tomé e Príncipe, instruído a erguer um forte na povoação africana de Oiudá. |
? | ? | Abandonado por forças portuguesas | |
1721 | 1730 | Francisco Pereira Mendes | Governador, funda o Forte de São João Baptista de Ajudá, subordinado ao Estado do Brasil |
1730 | Sob a administração da Companhia de Cacheu e Cabo Verde | ||
1730 | 1732 | Francisco Pereira Mendes | Governador |
? | 1736 | Manuel Correia da Cunha | Governador |
? | 1743 | João Basílio | Governador |
? | 1746 | Pe. Martinho da Cunha Barbosa | Governador interino |
1746 | 1746 | Francisco Nunes Pereira | Usurpou as funções |
1746 | 1746 | Frei Francisco do Espírito Santo | Governador interino |
1746 | 1746 | Francisco Nunes Pereira | Usurpou novamente as funçöes |
1746 | ? | Filipe José de Gouveia | Governador |
? | 1752 | ? | Governador |
1752 | 1759 | Tenente Teodósio Rodrigues da Costa | Governador |
1759 | 1760 | Almoxarife António Nunes de Gouveia | Governador interino |
1760 | ? | Capitão Félix José de Gouveia | Governador |
? | 1790 | ? | Governador |
1790 | 1797 | Francisco António da Fonseca Aragão | |
abril de 1797 | ? | Capitão Manuel Bastos Varela Pinto Pacheco | |
? | 1817 | ? | Governador |
1817 | ? | Xáxá Francisco Félix de Sousa | Comerciante de escravos do Salvador, na Bahia |
1844 | 1845 | Segundo-Tenente (Alferes) Joaquim José Libânio | Governador |
1845 | 1848 | Xáxá Francisco Félix de Sousa | Segundo período |
1849 | ? | Tenente Quaresma | Governador |
1851 | 1851 | Alferes Elerpech | Governador |
1851 | 8 de Maio de 1858 | Xáxá Isidoro Félix de Sousa | Governador subalterno |
1852 | 1853 | Segundo-Tenente (Alferes) João Justino da Costa | Governador |
1853 | 1858 | Escrivão José Pinheiro de Sousa | O Itaparica, a título pessoal |
1858 | 1858 | Xáxá Francisco Félix de Sousa | Governador, filho de Francisco Félix de Souza |
1858 | 1861 | Abandonado por forças portuguesas | |
1861 | 1865 | Cedido pelo soberano do Daomé a missionários franceses | |
23 de Fevereiro de 1865 | Reclamado por Portugal, através do Governador de São Tomé e Príncipe | ||
1865 | 1868 | Segundo-Tenente (Alferes) José Maria Borges de Sequeira | Governador, sujeito à autoridade do Xáxá Francisco Félix de Sousa |
1868 | 1869 | Segundo-Tenente (Alferes) Vital de Bettencourt Vasconcelos Côrte Real do Canto | Governador |
1869 | 1872 | Abandonado por forças portuguesas | |
? 1872 | ? | Alferes António Joaquim | Governador |
? | 1878 | Tenente Augusto Fructuoso Figueiredo de Barros | Governador |
1878 | 1879 | Alferes Lourenço da Rocha | |
1879 | 1881 | Tenente António José Machado | Governador |
1881 | 1883 | ? | Governador |
1883 | 1885 | Tenente Fernando Gonçalves | Governador |
1885 | Tenente Bernardo Francisco Luís da Cruz | Governador, não chegou a tomar posse | |
1885 | 1885 | Tenente José Gomes de Sousa | Governador |
1885 | 1886 | Tenente Francisco Rego | Governador |
1886 | 1887 | Major António Domingues Cortez da Silva Curado | Governador |
1887 | 1888 | Alferes Manuel Francisco Rodrigues Guimaräes | Governador |
1888 | Capitão Vicente da Rosa Rolim | Governador, não chegou a tomar posse | |
1888 | 1890 | Alferes Manuel José Ferreira dos Santos | Governador |
1890 | 1890 | Alferes Carolino Acácio Cordeiro | Governador |
1890 | 1893 | Capitão Vicente da Rosa Rolim | |
1893 | Alferes Manuel José Ferreira dos Santos | Governador, não chegou a tomar posse | |
1893 | ? | Capitão Vicente da Rosa Rolim | Pela segunda vez |
1897 | 1898 | Tenente Campos | Governador |
1898 | ? | Tenente Nunes de Aguiar | Governador |
1900 | ? | Tenente António Mendes da Costa | Governador |
? | 1905 | Tenente João de Deus Pires | Governador |
1905 | 1906 | Alferes Joaquim Luís de Carvalho | Governador |
1906 | 1909 | ? | Governador |
1909 | 1911 | Tenente Sebastião Lousada | Governador |
1911 | Tenente Cândido João de Barros | Governador | |
1911 | 1912 | Alferes Guilherme Spínola de Melo | Governador |
1912 | ? | ? | Governador |
? | 1928 | Tenente Viriato Henrique dos Anjos Garcez | Governador |
1928 | 1931 | Capitão Joaquim Sinel de Cordes | Governador |
1932 | 1938 | Capitão Miguel Maria Pupo Correia | Governador |
1938 | 1941 | Capitão José Segurado Pimenta Avelar Machado | Governador |
1941 | 1942 | Dr. Jean Louis Bourjac | Governador auto-proclamado (sem o reconhecimento de Portugal) |
1942 | 1944 | Segundo Oficial da Curadoria dos Serviçais e Colonos José Vasconcelos e Sá Guerreiro Nuno | Governador interino |
1944 | 1946 | Capitão Carlos Alberto de Serpa Soares | Governador |
1946 | Segundo Oficial José Vasconcelos e Sá Guerreiro Nuno | Governador, pela segunda vez | |
1946 | 1951 | Capitão Miguel Maria Pupo Correia | Governador, pela segunda vez |
1951 | 1954 | Administrador de Circunscrição da 3° Classe António João Teles Pereira de Vasconcelos | Administrador |
1954 | 1956 | Administrador de Circunscrição da 1° Classe Ernesto António Pereira Enes | Administrador |
1956 | 1 de Agosto de 1961 | Intendente António Agostinho Saraiva Borges |
[editar] Ver também
- António José Chrystêllo Tavares. São João Baptista de Ajudá face ao conflito Franco-Daomeano de 1892. Ancara: s.e., 1998.
- Império Português

África do Norte: | Aguz (1506-1525) | Alcácer-Ceguer (1458-1550) | Arzila (1471-1550, 1577-1589) | Azamor (1513-1541) | Ceuta (1415-1640) | Mazagão (1485-1550, 1506-1769) | Mogador (1506-1525) | Safim (1488-1541) | Agadir (1505-1769) | Tânger (1471-1662) |
África Subsahariana: | Acra (1557-1578) | Angola (1575-1975) | Ano Bom (1474-1778) | Arguim (1455-1633) | Cabinda (1883-1975) | Cabo Verde (1642-1975) | São Jorge da Mina (1482-1637) | Fernando Pó (1478-1778) | Costa do Ouro Portuguesa (1482-1642) | Guiné Portuguesa (1879-1974) | Melinde (1500-1630) | Mombaça (1593-1698, 1728-1729) | Moçambique (1501-1975) | Quíloa (1505-1512) | Fortaleza de São João Baptista de Ajudá (1680-1961) | São Tomé e Príncipe 1753-1975 | Socotorá (1506-1511) | Zanzibar (1503-1698) | Ziguinchor (1645-1888) |
Ásia Ocidental: | Bahrain (1521-1602) | Ormuz (1515-1622) | Mascate (1515-1650) | Bandar Abbas (1506-1615) |
Subcontinente indiano: | Ceilão (1518-1658) | Laquedivas (1498-1545) | Maldivas (1518-1521, 1558-1573) | Índia Portuguesa: Baçaím (1535-1739), Bombaim (Mumbai) (1534-1661), Calecute (1512-1525), Cananor (1502-1663), Chaul (1521-1740), Chittagong (1528-1666), Cochim (1500-1663), Cranganor (1536-1662), Dadrá e Nagar-Aveli (1779-1954), Damão (1559-1962), Diu (1535-1962), Goa (1510-1962), Hughli (1579-1632), Nagapattinam (1507-1657), Paliacate (1518-1619), Coulão (1502-1661), Salsette (1534-1737), Masulipatão (1598-1610), Mangalore (1568-1659), Surate (1540-1612), Thoothukudi (1548-1658), São Tomé de Meliapore (1523-1662; 1687-1749) |
Ásia Oriental: | Bante (séc. XVI-XVIII) | Flores (século XVI-XIX) | Macau (1557-1999) | Macassar (1512-1665) | Malaca (1511-1641) | Molucas (Amboina 1576-1605, Ternate 1522-1575, Tidore 1578-1650) | Nagasaki (1571-1639) | Timor-Leste (1642-1975) |
América do Sul: | Brasil (1500-1822) | Cisplatina (1808-1822) | Guiana Francesa (1809-1817) | Nova Colónia do Sacramento (1680-1777) | (Colonização do Brasil) |
|
Estes dois arquipélagos, localizados no Atlântico Norte, foram colonizados pelos portugueses no início do século XV e fizeram parte do Império Português até 1976, quando se tornaram regiões autónomas de Portugal; no entanto, já desde o século XIX que eram encaradas como um prolongamento da metrópole europeia (as chamadas Ilhas Adjacentes) e não colónias. O estatuto especial dos arquipélagos (região autónoma) continuou até hoje, sem grandes alterações. |