Luiz Olímpio Teles de Menezes
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Luiz Olímpio Teles de Menezes (Bahia, 1828 – Rio de Janeiro, 16 de março de 1893), jornalista brasileiro. É considerado como um dos pioneiros do Espiritismo no país.
Companheiro de Rui Barbosa no Conservatório Dramático da Bahia, foi professor primário, estenógrafo, funcionário da Assembléia Legislativa e Oficial da Biblioteca Pública da Bahia. Falava o Inglês, o Francês, o Castelhano e o Latim. Escreveu nos seguintes periódicos: Diário da Bahia, Jornal da Bahia, A Época Literária (onde ingressou como redator em 1849, tendo mais tarde passado a seu diretor) e autor do romance Os Dois Rivais.
Fundou a 17 de setembro de 1865 em Salvador, na então Província da Bahia, o Grupo Familiar do Espiritismo, primeira agremiação doutrinária no Brasil. Naquela data, durante a primeira reunião do Grupo que se iniciou às 20:30 h, um espírito que se denominou "Anjo de Deus" ("Anjo Brasil", segundo outros autores, e que alguns associam ao próprio "Ismael"), enviou psicograficamente uma mensagem, cujo teor muito sensibilizou os presentes.
No ano seguinte (1866) publicou o opúsculo "O Espiritismo - Introdução ao Estudo da Doutrina Espírita" (segundo outros, a Filosofia Espiritualista), uma seleção de trechos que traduziu de O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec.
Teles de Menezes detém igualmente o título de pioneiro da imprensa espírita no Brasil. Em 8 de março de 1869 anunciou, através de discurso proferido no Grêmio dos Estudos Espiríticos da Bahia, o aparecimento do jornal O Eco d'Além-Túmulo - Monitor do Espiritismo no Brasil (BARBOSA, 1987:70-71), primeiro periódico Espírita no país, referindo:
- "A nós, que nos achamos hoje reunidos, constituindo, naturalmente, o Grêmio dos Estudos Espiríticos na Bahia, e a quem uma certa vocação do Alto cometeu o empenho desta árdua missão, árdua e até espinhosa, sim, mas irradiante de bem fundadas esperanças, incumbe, pelos meios que de mister é serem empregados, propagar essa crença regeneradora e cristã, fazendo-a chegar indistintamente a todos os homens; e o meio material que a Providência sabiamente nos oferece para levar rapidamente a palavra da verdade à inteligência e ao coração de todos os homens, é a Imprensa."
O periódico, impresso na tipografia do Diário da Bahia, contava com 56 páginas e chegou a circular no exterior - em Londres, Madri, Nova Iorque e Paris.
Em breve se fez sentir a reação da Igreja Católica, que começou a pregar acerca dos malefícios da nova doutrina, vindo a lançar uma Carta Pastoral, datada de 16 de junho, mas apenas divulgada a 25 de julho de 1867. Essa Carta, em forma de opúsculo, com o título "Erros perniciosos do Espiritismo", acusava violentamente o Espiritismo recorrendo a inverdades. Teles de Meneses, para refutá-la, escreveu uma carta aberta, da qual publicou duas edições no mesmo ano, ao Arcebispo da Bahia e Primaz do Brasil, D. Manoel Joaquim da Silveira, onde afirma:
- "O Espiritismo tem de passar por provas rudes, e nelas Deus reconhecerá sua coragem, sua firmeza e sua perseverança. Os que se ausentam por um simples temor, ou por uma decepção, assemelham-se a soldados que somente são corajosos em tempo de paz, mas que, ao primeiro tiro, abandonam as armas."
Acredita-se que essa carta tenha se constituído na primeira obra espírita de autor brasileiro, publicada no Brasil. Sendo o ponto mais aceso a questão da reencarnação, a polêmica veio a encerrar-se depois de longo tempo, quando o padre Juliano José de Miranda, sabendo que Teles de Meneses era católico de nascimento, deu-a por encerrada afirmando que "Espiritismo e Catolicismo são a mesma Igreja de nosso Senhor Jesus Cristo".
Teles de Meneses foi o primeiro presidente da Associação Espírita Brasileira, entidade que visava "ao desenvolvimento moral e intelectual do homem nas largas bases que cria a filosofia espirítica, e a exemplificação do sublime e celestial preceito da caridade cristã".
Considerando a sua missão cumprida na Bahia, Teles de Menezes transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde trabalhou na corporação taquigráfica do Senado do Império, onde prestou relevantes serviços, tendo editado, em 1885, o Manual de Estenografia Brasiliense, deixando, ainda, outros trabalhos inéditos.
Faleceu em extrema pobreza, na sua residência à rua Barão de São Félix, sendo sepultado no Cemitério de São Francisco Xavier às expensas de colegas e amigos.
[editar] Homenagens
Como pioneiro do Espiritismo no Brasil, Teles de Meneses foi homenageado, por proposta da Federação Espírita Brasileira ao então Departamento de Correios e Telégrafos, que autorizou a utilização de um carimbo postal, no dia 17 de setembro de 1965 – comemorando um século da fundação do Grupo Familiar do Espiritismo -, que foi aplicado nas cidades de Salvador e do Rio de Janeiro.
A 4 de dezembro de 1966 foi inaugurada, em Salvador, a rua Professor Teles de Menezes, em cumprimento a decisão da Câmara Municipal daquela cidade.
[editar] Bibliografia
- O Clarim, março de 1972.
- BARBOSA, P. F.. Espiritismo Básico (3a. ed.). Rio de Janeiro: FEB, 1987.
- MACHADO, Ubiratan Paulo. Os Intelectuais e o Espiritismo. Rio de Janeiro: Antares/INL, 1983. 269p.