Psicografia
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Psicografia (do grego, escrita da mente ou da alma), segundo o vocabulário espírita, é a capacidade atribuída a certos médiuns de escrever mensagens ditadas por Espíritos.
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[editar] Conceito
Segundo a doutrina espírita, a psicografia é uma das múltiplas possibilidades de expressão mediúnica existentes. Allan Kardec classifica-a como um tipo de manifestação inteligente, por consistir na comunicação discursiva escrita de um espírito, por intermédio de um homem, com quantos se prestem a ler-lhe os textos.
O mecanismo de funcionamento da psicografia, ainda segundo Kardec, pode ser consciente, semi-mecânico ou mecânico, a depender do grau de consciência do médium durante o processo de escrita.
No primeiro caso, o mais controverso e difícil de validar com o mínimo de objetividade, o médium tem plena consciência daquilo que escreve, apesar de não reconhecer em si a autoria das idéias contidas no texto. Tem a capacidade de influir nos escritos, evitando informações que lhe pareçam inconvenientes ou formas de se expressar inadequadas.
No segundo, o médium pode até estar consciente da ocorrência do fenômeno, perceber o influxo de idéias, mas é incapaz de influenciar no texto, que basicamente lhe escorre das mãos. O impulso de escrita é mais forte do que sua vontade de parar ou conduzir voluntariamente o processo.
No terceiro caso, o mais adequado para uma averiguação experimental controlada, o médium pode escrever sem sequer se dar conta do que está fazendo, incluindo-se aí a possibilidade de conversar com interlocutores sobre determinado tema enquanto psicografa um texto completamente alheio ao assunto em pauta. Isso porque, segundo Kardec, esses médiuns permitiriam ao espírito agir diretamente sobre sua mão ou seu braço, sem recorrer à mente.
Além da doutrina espírita, há várias correntes místicas e religiosas que admitem a possibilidade da ocorrência desse fenómeno, como a Umbanda e a Teosofia.
Entre os textos ditos psicografados encontram-se obras atribuídas a autores conhecidos — uns adeptos, em vida, de doutrinas compatíveis com esta prática, como Allan Kardec ou Arthur Conan Doyle, outros nem tanto, como Camilo Castelo Branco ou Albert Einstein.
[editar] Citação de bibliografia psicografada
A Classificação das obras psicografadas, segundo o CIP-Brasil (do Sindicato Nacional dos Editores de Livros) é feita no tema Espiritismo, devendo ser citado como autor aquele que assina a obra, seguida da indicação de que foi um ser espiritual. Por exemplo: Ângelis, Joanna de (Espírito).
Já para citações, segue-se o modelo: título, autor espiritual, médium, local, editora, ano e edição (da segunda em diante), como se vê no modelo:
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- Plenitude/ Joanna de Ângelis; psicografado por Divaldo Pereira Franco - Niterói, Arte & Cultura, 1991.
Em bibliotecas de instituições espíritas a autoria de obras psicografadas é atribuída ao espírito que as teria ditado; em bibliotecas normais a autoria é atribuída ao médium, com a referência à alegada autoria do espírito sendo indicada sob "Observações".
[editar] Aceitação da autoria
Existem pesquisadores e estudiosos que afirmam ser a psicografia um caso de ilusão ou fraude, no entanto, ninguém até o momento conseguiu comprovar que as obras psicografadas por médiuns que fazem parte do movimento espírita sejam fraudes. Ao contrário, Carlos Augusto Perandréa (professor adjunto do Departamento de Patologia, Legislação e Deontologia da Universidade Estadual de Londrina, Estado do Paraná, e criminólogo e perito credenciado pelo Poder Judiciário) estudou as assinaturas dos textos psicografados por Chico Xavier utilizando as mesmas técnicas com que avalia assinatura para bancos, polícia e justiça, a grafoscopia. O resultado do seu estudo comprovou que as assinaturas dos desencarnados nos textos psicografados eram idênticas às assinaturas destes quando vivos[1].
[editar] Teoria espírita sobre o fenômeno
Segundo descrito por diversas manifestantes, o fenômeno ocorre pela intercessão da vontade do Espírito comunicante sobre a vontade passiva, do médium que, apesar de ceder sua vontade para que a comunicação se dê, estando consciente, interfere mais ou menos no seu teor e forma.
Em descrições contidas nas obras da série André Luiz, há como que uma interligação entre os chamados centros de força do perispírito do desencarnado com o encarnado intermediário, permitindo que este atue na produção de textos consoante sua vontade.
Dentro da ótica espírita, há 3 espécies de psicografia:
- Mecânica ou passiva, na qual é involuntário o movimento da mão e em que o médium não tem consciência do que escreve;
- Intuitiva, na qual o movimento da mão é facultativo e voluntário, tendo o medianeiro consciência do que vem por seu intermédio. Em tal modalidade, o médium precisa, de alguma sorte, apropriar-se do pensamento do Espírito, a fim de transmiti-lo com a fidelidade possível;
- Semimecânica, em que a mão do intermediário se move contra a vontade deste, embora tenha ele a consciência do que escreve. Em se tratando de psicografia, os semimecânicos são os médiuns mais numerosos. Um eloqüente exemplo desse tipo de psicógrafo foi Chico Xavier.
Dentre os intuitivos, há dois subtipos:os inspirados e os de pressentimentos. Mais detalhes em O Livro dos Médiuns, de Allan Kardec(EME Editora, cap. XV, Médiuns escreventes ou psicógrafos, trad. de José Herculano Pires, págs. 177-181, 2a reimpressão, maio/1997, Capivari, São Paulo).
[editar] Psicografia e Psicopictografia
A Psicopictografia consistiria na manifestação mediúnica em que, ao invés da escrita, haveria a produção de imagens, desenhos.
[editar] Notas e referências
- ↑ Perandréa, Carlos A.; em "A Psicografia á Luz da Grafoscopia".