Verdade
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Verdade significa o que é verdadeiro.
Esta qualificação implica as de real e de imaginário, de realidade e de ficção, questões centrais tanto em antropologia cultural como na filosofia.
Para Nietzsche a verdade é um ponto de vista. Ele não define nem aceita definição da verdade, porque diz que não se pode alcançar uma certeza sobre isso.
Quem concorda sinceramente com uma frase está alegando que ela é verdadeira. A filosofia estuda a verdade de diversas maneiras. A metafísica se ocupa da natureza da verdade. A lógica se ocupa da preservação da verdade. A epistemologia se ocupa do conhecimento da verdade.
O primeiro problema para os filósofos é estabelecer que tipo de coisa é verdadeira ou falsa, qual o portador da verdade (em inglês truth-bearer). Depois há o problema de se explicar o que torna verdadeiro ou falso o portador da verdade. Há teorias robustas que tratam a verdade como uma propriedade. E há teorias deflacionárias, para as quais a verdade é apenas uma ferramenta conveniente da nossa linguagem. Desenvolvimentos da lógica formal trazem alguma luz sobre o modo como nos ocupamos da verdade nas linguagens naturais e em linguagens formais.
Há ainda o problema epistemológico do conhecimento da verdade. O modo como sabemos que estamos com dor de dente é diferente do modo como sabemos que o livro está sobre a mesa. A dor de dente é subjetiva, talvez determinada pela introspecção. O fato do livro estar sobre a mesa é objetivo, determinado pela percepção, por observações que podem ser partilhadas com outras pessoas, por raciocínios e cálculos. Há ainda a distinção entre verdades relativas à posição de alguém e verdades absolutas.
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[editar] Definição de verdade
Que é "verdade"?
A "verdade", é a realidade como ela é. Existem várias formas de se abordar a realidade, e essas variam de acordo com a formação ôntica e ontológica do ser. Não necessariamente, uma interpretação da verdade/realidade, é excludente a outra. Uma interpretação da verdade/realidade, pode muito bem acrescentar, compor, somar e se fundir a outra, pelo caráter multifacetado da realidade/verdade em si mesma.
[editar] O portador da verdade
Os filósofos chamam qualquer entidade que pode ser verdadeira ou falsa de portador da verdade. Proposições, frases, afirmações, idéias, crenças e opiniões podem ser considerados portadores da verdade. Assim, um portador da verdade, no sentido filosófico, não é uma pessoa, ou Deus.
Para alguns filósofos, alguns portadores da verdade são primitivos, e outros derivados. Filósofos dizem, por exemplo, que as proposições são as únicas coisas literalmente verdadeiras. Uma proposição é uma entidade abstrata a qual é expressa por uma frase, defendida em uma crença ou afirmada em um juízo. (Nossa capacidade de apreender proposições é a razão ou entendimento.) Todas essas manifestações da linguagem são ditas verdadeiras apenas se expressam, defendem ou afirmam proposições verdadeiras. Assim, frases em diferentes línguas, como por exemplo o português e o inglês, podem expressar a mesma proposição. A frase "O céu é azul" expressa a mesma proposição que a frase "The sky is blue".
Já para outros filósofos proposições e entidades abstratas em geral são misteriosas, e por isso pouco auxiliam na explicação. Por isso tomam as frases e outras manifestações da linguagem como os portadores da verdade fundamentais.
Entre as muitas afirmaçoes sobre a verdade uma em geral é bastante claro sobre o ponto de definiçao de verdade:
[editar] Tipos de verdade
- Verdade material é a adequação entre o que é e o que é dito.
- Verdade formal é a validade de uma conclusão à qual se chega seguindo as regras de inferência a partir de postulados e axiomas aceitos.
- É uma verdade analítica a frase na qual o predicado está contido no sujeito. Por exemplo: "Todos os porcos são mamíferos".
- É uma verdade sintética a frase na qual o predicado não está contido no sujeito.
[editar] Teorias da verdade
[editar] Verdade como correspondência ou adequação
A teoria correspondentista da verdade é encontrada no aristotelismo (incluindo o tomismo). De acordo com essa concepção, a verdade é a adequação entre aquilo que se dá na realidade e aquilo que se dá na mente.
A verdade como correspondência foi definida por Aristóteles no tratado Da Interpretação, no qual ele analisa a formação das frases suscetíveis de serem verdadeiras ou falsas. Uma frase é verdadeira quando diz que o que é é, ou que o que não é não é. Uma frase é falsa quando diz que o que é não é, ou que o que não é é.
O problema dessa concepção é entender o que significa correspondência. É um tipo de semelhança entre o que é e o que é dito? Mas, que tipo de semelhança pode haver entre as palavras e as coisas?
[editar] Desmenção
De acordo com a teoria desmencionista da verdade, para chegarmos à verdade de uma proposição basta tirarmos as aspas da mesma. Por exemplo, a proposição "A neve é branca" é verdadeira se, e somente se, a neve é branca.
[editar] Deflacionismo
De acordo com o deflacionismo, o predicado de segunda ordem "É verdade que ..." não acrescenta nada à frase de primeira ordem à qual ele é aplicado. Por exemplo, não há nenhuma diferença lógica entre a frase "É verdade que a água é molhada" e a frase "A água é molhada".
[editar] Desvelamento
Segundo esta concepção, verdade é desvelamento. Conhecer a verdade é deixar o ser se manifestar. É estar aberto para o ser.
Posição típica de Martin Heidegger (em Ser e tempo, parágrafo 44, e na conferência "A essência da verdade").
[editar] Pragmatismo
Para o pragmatismo a verdade é o valor de uma coisa. É típico de pragmatistas como Richard Rorty a oposição à posição correspondentista.
Em Habermas a verdade se confunde com a validade intersubjetiva, ou consenso.
[editar] Indicações de leitura
Santo Anselmo. De veritate.
Aristóteles. Da interpretação.
John Austin. 1961. "Truth". In Philosophical papers. Oxford University Press.
Pascal Engel. 1998. La vérité: réfléxions sur quelques truismes. Paris: Hatier.
Espinoza. 1663. Pensamentos metafísicos. Primeira parte, capítulo VI.
Martin Heidegger. 1927. Ser e tempo. Parágrafo 44.
Martin Heidegger. 1930. "Sobre a essência da verdade". In: Victor Civita, editor. Os pensadores: Heidegger. São Paulo: Abril Cultural, 1983, 2a. edição. Tradução de Ernildo Stein.