História da Eritreia
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A história pré-colonial da zona onde fica Eritréia não é muito conhecida. Os primeiros restos de povoamento no que é hoje Eritréia tem mas de 120 000 anos de idade e se caracterizam por ferramentas de pedra encontradas nas zonas litorâneas do Mar Vermelho e pinturas nas cavernas do nordeste do país em Rora Habab.
Os primeiros povos que habitavam e ainda habitam a região são os povos nilóticos que são representados hoje pelos grupos étnicos de Kunama e Nara no oeste da Eritréia. Tinham ligações com as civilizações do Egipto e Núbia e alguns desses povos practicam ainda a sua antiga religião animista.
A segunda onda de migração consistia dos primeiros povos cushitas de Eritréia que são representados hoje pelos grupos étnicos dos Afar e Saho. Não se sabe exatamente quando chegaram à zona que habitam hoje, mas é evidente que já moravam lá antes de chegar a próxima onda migratória. Nos documentos históricos de Egipto e seus explorações ultramares durante o reino do rei Suhure e a rainha Hatshepsut entre 2500 A.C. e 1500 A.C., fala-se dum reino que se chamava Punt pela costa meridional do Mar Vermelho, supostamente pela costa da Eritréia, Djibouti, Somalilândia e Somalia que produzía muito olíbano e mirra.
A terceira onda de migração começou nos anos 1000 A.C. desde o sul da peninsula da Arábia pelos povos semíticos do antigo reino de Sabá. Estabeleceram povoados e cidades pela costa da Eritréia principalmente o porto de Adulis na baía de Zula pelo Mar Veremelho. O povo de Saba junto com os povos cushíticos e nilóticos que habitavam a região se uniram e creiram uma civilização, o reino de Axum cujo capital (com o mesmo nome) fica aínda a 40 km ao sul da fronteira entre Eritréia e o norte da Etiopia. A herança daquela civilização Axumita na região é evidente na Eritréia não só pelo sistema alfabético dos Axumitas chamado Gue'ez que aínda se usa em Eritréia para escrever principalmente os idiomas Tigré e Tigrinha.
O idioma "Ge'ez" mesmo era o idioma antigo dos Axumitas e sobrevive aínda na igreja ortodoxa da Eritréia como idioma litúrgico. O cristianismo chegou ao reino de Axum no século IV do império Byzantino. Os grupos étnicos dos Biher-Tigrinha e Tigre na Eritréia falam idiomas que são descendentes do "Gue'ez".
O reino de Axum deixou de existir no século X com a chegada da penúltima onda de migração à Eritréia, dos povos islámicos Beja que aínda habitam o norte e nordoeste do país (a tribu Hedareb) e dos árabes que aínda habitam a costa setentrional do país (a tribuRashaida). Os poderes islámicos, principalmente os árabes e logo os turcos estabeleceram relações com os reinos e sultanatos islámicos locais que surgiram na região depois da era Axumita. No sudeste da Eritréia reinava o sultanato Adal sob os povos Afar (e Somalí em Djibouti, Somalia e Somalilândia), em quanto no norte e nordeste da Eritréia e Sudão, os Beja controlavam a terra como nômades guerreiros islámicos. Os Beja usavam o idioma de Tigré (o idioma da maioria do povo) para governar a zona e chamavam o seu domínio Medri Bahri (a terra do mar), dividindo-lo em 5 "condados".
O povo no altiplano da Eritréia ficava cristão e influenciado pelos reinos da Abissínia que surgiram como restos do reino Axumita. Mesmo assim o povo cristão ao norte do río Mereb (fronteira natural entre Eritréia e Etiopia) era distinto do povo pelo sul do mesmo río. O altiplano da Eritréia se-chamava então "Mereb Mellash" (significa além do Río Mereb no idioma dos Amhara que dominavam Abesínia) e também "Bahre Negash" (o reino do Mar). O povo local não reconhecía a autoridade de reis nem príncipes ou condes de Abesínia e não practicava tanto o feudalismo. A autoridade consistía de conselhos de distritos e aldeias com as suas próprias léis enquanto a terra pertencia ao povo e à igreja.
No século XIII, durante e depois a queda da dinastía Zagwe de Abesínia, chegou a última onda de migração de Abesínia ao altiplano da Eritréia, dum povo cushitico que dominara os tronos de Abesínia (adotando a sua cultura). São representados hoje em Eritréia pelo grupo étnico dos Bilen que moram no altiplano que cerca a cidade de Keren.
No séculos XVI, o reino dos otomanos e seus vassalos árabes estabeleceram controlo direito sob a costa setentrional da Eritréia e construíam a cidade de Massawa (o porto principal da Eritréia) com prédios de coralos. Ficaram até os finais do século XIX quando chegaram os italianos para criar a colónia da Eritréia.
Eritréia como território foi creado pela Itália em 1 de Janeiro de 1890 e foi então que recebeu o seu nome 'Eritréia' que vem do antigo nome Latim do Mar Vermelho: Mare Erythraeum. Os italianos ficaram quase cinqüenta anos, desde os finais do século XIX até 1941. Nos últimos anos de colonização, a Itália fascista estabeleceu léis de segregação racista. Mesmo assim, o seu sistema não durou muito tempo.
Pouco depois, Itália estava perdendo na segunda guerra mundial e perdeu também as suas colonias aos aliados, incluso Eritréia que veio a ser protectorado da Grã Bretanha desde 1941 até 1952. O periodo colonial na Eritréia deixou uma herança cultural, na arquitectura das cidades, na religião de catolicismo, na influência italiana do vocabulário local, hábitos e estilo de vida da gente urbanizada e uma herança econômica e politica na infraestrutura, industria e administração modernas.
Depois do tempo de protectorado britânico, a ONU decidiu fazer de Eritréia um país autônomo, federado com a Etiopia. O povo da Eritréia não concordava. A federação durou apenas 9 anos até 1961 quando o réi da Etiopia fechou o parlamento da Eritréia e iniciou uma campanha para exterminar toda a resistência em Eritréia contra a união com a Etiopia. A guerra pela independência começou.
O primeiro movimento que começou a lutar pela independência da Eritréia era o FLE (Frente pela Libertação da Eritréia) que era dominado por líderes islámicos e conservadores. Por tanto tinha o apoio dos países no méio oriente, enquanto a Etiopia tinha um acordo de seguridade com os Estados Unidos dando-lhes uma base militar na Eritréia (então ocupada pela Etiopia). Nos anos setenta, a Etiopia experimenteu uma revolução comunista e veio a receber apoio da União Soviética e os outros países comunistas. Na Eritréia, o movimento de resistência tinha muitos problemas internais e começou uma luta interna resultando na creacão de vários movimentos rivais. Dessas surgiu o FPLE (Frente Popular pela Libertação da Eritréia), que era mais socialista e argumentava a favor dum movimento que melhor representa o povo e que podia unî-lo melhor, cristãos com muçulmanos, homens com mulheres. A FPLE ganhou a luta interna e veio a dominar a luta pela independência até o seu fim em 24 de Maio de 1991, quando os soldados da FPLE entraram a cidade capital da Eritréia conseguindo o controle total sobre o país. Cooperando com a resistência da Etiopia contra o governo comunista da Etiopia, derrotaram também o governo comunista da Etiopia. A FPLE decidiu então a tomar dois anos para organizar um referendum para dar o povo da Eritréia a oportunidade de practicar o seu direito de auto-determinação. Em Avril de 1993, o povo votou no primeiro referendum livre da Eritréia, decidindo a maioría pela independência. Por tanto o governo declarou a independência do país no 24 de Maio de 1993.
Desde a independência formal da Eritréia em 1993, até 5 anos depois, os governos da Eritréia e Etiopia tinham uma relação muito boa de cooperação e apoio mútuo, no qual Eritréia continuou a usar a moeda corrente da Etiopia e a dar o seu vizinho acesso libre aos seus portos. É possível dizer que Eritréia era então só nomeadamente independente e ainda sob a influência da Etiopia. Por tanto a fronteira entre os dois países, aínda que não era claramente delineada, não importava muito a nenhum dos dois países.
Em 1997, Eritréia estabeleceu a sua própria constituição e pouco depois a sua própria moeda corrente também (previamente o Birr da Etiopia e agora a Nakfa). Eritrea decidiu que para Etiopia continuar pagando Birr para serviços portuários e outros exportações da Eritréia, teríam de aceitar pagamentos da Eritréia em Nakfa e com o mesmo cambio (um Nakfa por um Birr). Etiopia rejeitou a proposta e o comércio entre os dois países foi dolarizado pela decisão do prêmio ministro da Etiopia, Meles Zenawi.
A fronteira da Etiopia e Eritreia, e a independência da Eritréia mesmo, voltou a repentemente ser uma coisa de significado muito importante para os dois países. Em Maio de 1998, a guerra de fronteiras entre a Eritréia e Etiopia começou principalmente pela aldeia de Badme.
Depois de mais de 100 000 mortos e mais feridos e uma destruição grande pelas zonas da fronteira, a guerra acabou em 2000 com o acordo de paz de Argel. O acordo de Argel indica que os dois países devem deixar à ONU patrulhar a fronteira e permitir um tribunal independente determinar e delinear a fronteira. Os dois países concordavam e o Tribunal de Justiça International em Haia determinou em Abril de 2002, que a aldeia de Badme pertence a Eritréia.
A Eritréia aceitou toda a decisão do tribunal mas a Etiopia rejeitou-a e esta aínda ocupando grandes partes do território Eritréu pelo frente dos soldados da ONU.