História da Tunísia
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O território onde está a Tunísia foi colonizado no ano 1000 a.C. pelos fenícios, povo de origem semita que fundam Cartago, importante centro comercial do mar Mediterrâneo até a destruição pelos romanos em 146 a.C. Passou então a fazer parte do Império Romano. Os árabes conquistaram a região no século VII da Era Cristã e transformaram a cidade de Túnis no mais importante centro religioso islâmico do norte da África. Em 1574, a Tunísia é incorporada ao Império Turco-Otomano e permanece administrada por governadores turcos (beis) até 1881, quando se torna protetorado da França. Na Segunda Guerra Mundial, o país, ocupado pelos alemães, é palco de combates. Com o fim do conflito floresce o movimento nacionalista tunisiano. A história da região sempre foi tumultuada, tendo sido o berço da antiga e poderosa civilização cartaginesa,que dominou a região por mais de 700 anos, até ser conquistada por Roma. O domínio romano se estendeu por vários séculos, até meados do séc. IX, quando a região se tornou muçulmana – permanecendo assim até os dias de hoje. Há muitas versões sobre quando os judeus teriam chegado à Tunísia. Há quem acredite que eles participavam ativamente do comércio da região bem antes da destruição do Primeiro Templo. Evidências arqueológicas e citações literárias indicam que o país abrigou uma rica vida comunitária judaica por mais de 2.300 anos. Escavações feitas em um sítio conhecido como Garmath, próximo às ruínas da Cartago romana, revelaram a existência de cemitério judaico datado do século III desta era. Em outro local, chamado Hamman Lif, foi encontrada uma sinagoga, do mesmo período, em bom estado de conservação, com um mosaico contendo os dizeres “Sancta Sinagoga”. Em Naro também foram encontrados vestígios de uma sinagoga. Em diversos locais encontraram-se inscrições judaicas ou judaizantes, que atestam a presença de judeus na Tunísia desde a Antigüidade. A Tunísia é mencionada nas obras do historiador Flávio Josefo, bem como em várias passagens do Talmud. Tanto o Talmud Babilônico como o de Jerusalém reproduzem opiniões dos rabinos Abba e Hanina, de Cartago. A comunidade judaica da Tunísia, uma das mais antigas da diáspora, foi influenciada pelas diversas etnias que passaram pela região – fenícios, romanos, vândalos, bizantinos, berberes, árabes, espanhóis, turcos, italianos e franceses. Foi essa diversidade que levou o escritor, Albert Memmi, judeu tunisiano, a dizer que em cada quarteirão da Tunísia há uma civilização diferente. Os fenícios, povo de origem semita, foram a primeira civilização a se estabelecer na região. Desde o século XII a.E.C. haviam fundado, ao longo da costa da África Setentrional, modestas colônias, portos que serviam como ponto de apoio para sua frota de navios e seu comércio no Mar Mediterrâneo. A expansão dessas atividades, em 814 a.E.C., levou os habitantes do reino de Tiro, na Fenícia, a fundar Cartago. A cidade rapidamente se converteu numa potência marítima, dominando o comércio mediterrâneo. Entre as várias versões sobre o surgimento dos primeiros judeus na África Setentrional, inclui-se uma que remonta ao tempo do rei Salomão. Segundo a lenda, o monarca associou-se com Hiram, rei de Tiro, para realizar expedições em direção a Tarshish. Acredita-se que a esquadra comercial do rei Salomão, além de navegar por todo o Mediterrâneo, tenha criado vários entrepostos comerciais em locais mais distantes, alguns dos quais na costa do norte da África. Porém, a maioria dos estudiosos acredita que os judeus formaram os seus primeiros núcleos na região em 586 a.E.C., época da destruição do Primeiro Templo, por Nabucodonosor II. Apesar de a maioria dos judeus terem sido exilados para a Babilônia, outros se espalharam pelo norte da África, marcando o início da vida judaica na diáspora. Esses judeus se teriam unido a outras famílias que viviam com os fenícios, contribuindo para o crescimento e desenvolvimento de Cartago. Conta-se que alguns dos judeus que foram para essa região, teriam levado consigo uma pedra do Primeiro Templo, que foi utilizada na construção da sinagoga de Ghriba, em Djerba, que data da época. Nessa cidade, existe, até hoje, uma comunidade judaica. No séc III a.E.C. Roma surge como nova potência militar e desafia a supremacia e o domínio de Cartago no Mediterrâneo. As duas potências travam, a partir de 264 a.E.C, três guerras que duram mais de 100 anos. As Guerras Púnicas, como são conhecidas, terminam com a vitória de Roma e a destruição de Cartago, em 146 a.E.C. É o fim da hegemonia cartaginense tanto na região como sobre o Mediterrâneo Ocidental e o começo da dominação romana. Cartago é mais tarde reconstruída como cidade romana. Na chamada África romana, os judeus (assim como outras religiões pagãs) gozavam de um status favorável que lhes permitia seguir seus preceitos religiosos. Há indícios de que a população judaica na região que é, hoje, a Tunísia aumentou consideravelmente durante os primeiros séculos do domínio romano, com muitos judeus vindos da antiga comunidade judaica de Roma, que datava do século II a.E.C. Séculos mais tarde, no início da era comum, a comunidade cresceu mais ainda em função de dois fatores. O primeiro e mais importante foi ter acolhido judeus que se refugiaram na região, vindos da Judéia, na época também parte do Império Romano. Fugiam à violência dos exércitos romanos que lutavam contra os judeus que se haviam rebelado contra o jugo de Roma. A primeira dessas levas de judeus rumo à África Setentrional ocorreu em 70 desta era, após as tropas romanas terem abafado a primeira revolta judaica e o exército de Tito ter tomado Jerusalém e destruído o Segundo Templo. O contingente seguinte veio por volta de 132, durante a segunda revolta na Judéia, liderada por Bar-Kochba. Em sua obra, Flávio Josefo testemunha que durante o reinado do imperador romano Tito mais de 30 mil judeus da Terra de Israel foram levados pelos romanos para a Tunísia. Ainda que lhes fosse permitido pela lei romana seguir sua religião em relativa liberdade, a vida dos judeus na Tunísia foi muito dura nessa época, em particular durante o governo dos imperadores romanos Vespasiano e Adriano. O segundo fator que contribuiu para o crescimento da comunidade judaica da Tunísia foi a conversão ao judaísmo de tribos berberes que viviam no norte da África. Muitas lendas da região relatam tais conversões. A situação dos judeus em todo o Império Romano piorou sensivelmente quando, em 392, o cristianismo foi declarado religião do Estado e foram promulgadas as primeiras restrições legais aos judeus. A população judaica viu sua liberdade diminuir gradativamente, sendo excluída dos cargos públicos e proibida de construir novas sinagogas, entre outras medidas discriminatórias. Uma prova concreta da mudança em relação aos judeus pode ser vista no trabalho Adversus Judaeorum, do legislador romano Tertuliano, nascido em Túnis e grande defensor do cristianismo. Em seus textos, ele descreve os judeus como “fugitivos e vagabundos, condenados a viver espalhados pelo mundo como resultado do desrespeito que tiveram com o Salvador” (sic). Conseqüentemente, afirmava, o judaísmo deveria ser erradicado. Sua obra foi usada como “base” para as perseguições contra os judeus e como “justificativa” para o tratamento brutal ao qual eram submetidos. Sinagogas foram transformadas em igrejas e se recorreu à tortura para obrigar os judeus a se converterem. Mas os dias do império Romano do Ocidente estavam chegando ao fim e os séc. V e VI são palco de profunda crise no mundo romano. Ondas de invasões de bárbaros na Europa e no norte da África levaram à queda do Império Romano do Ocidente, por volta do ano de 476. Durante o século V, os reis bárbaros do norte da Europa, dividiram o antigo Império Romano do Ocidente em diversos reinos. Os vândalos – bárbaros de origem germânica – estabeleceram um reino na África do Norte. Durante a dominação destes últimos (439-533), todas as medidas discriminatórias contra os judeus foram revogadas e a comunidade judaica passou a viver um novo período de bonança. Esse período de paz e tolerância durou pouco, pois quando os bizantinos (Império Romano do Oriente) retomaram a região, em 533, trouxeram de volta difíceis provações para os judeus. As autoridades cristãs do Império Bizantino aplicaram sobre a população judaica uma política de severa intolerância. Um edito promulgado em 535 pelo imperador Justiniano, além de proibir a prática da religião judaica, excluía os judeus de todos os serviços públicos e os coagia, novamente, a se converterem ao cristianismo. Perseguidos nos territórios sob hegemonia bizantina, deixaram as cidades grandes e foram para as regiões montanhosas e para os confins do deserto, mesclando-se às populações berberes, muitas das quais se converteram ao judaísmo. No séc. VII surge o Islã – uma nova força político-militar, além de religiosa, que vai mudar a geopolítica do mundo. Em 632, após a morte do profeta Maomé, seus seguidores iniciam o processo da expansão muçulmana, conquistando a região do Magrebe em 642. Em certas regiões do norte da África, os exércitos árabes enfrentaram uma longa e feroz resistência por parte de tribos berberes judaizadas. Segundo uma das tantas lendas da região, quem liderava uma dessas tribos em 693 era a rainha de Aures, conhecida como Kahena. Segundo o historiador árabe Ibn Khaldoun, Kahena era judia e seu nome derivaria da palavra hebraica Cohen. Após uma longa luta, os conquistadores árabes acabaram tomando o poder e obrigaram a população pagã a se converter ao islamismo. No entanto, em todos os territórios dominados pelos muçulmanos, estes concederam aos “Povos do Livro”, adeptos do monoteísmo – judeus e cristãos – o direito de praticar sua religião, sob a condição de pagarem uma taxa por “cabeça”, a djezia ou dhimma, em troca de proteção. No entanto, considerados cidadãos de segunda classe, seu status social era inferior ao dos muçulmanos e sua situação dependia muito dos governantes que estavam no poder. Conforme a interpretação que cada dinastia dava à legislação que governava os dhimmis, ou mesmo conforme o capricho de seus governantes, os judeus e os demais dhimmis eram submetidos – ou não – a uma série de humilhações públicas. Entre estas, estava a “chtaka” – uma bofetada dada, em público, uma vez por ano, ao chefe da comunidade judaica. Porém apesar de todos os possíveis perigos com a conquista árabe da região, a vida dos judeus melhorou gradativamente, à medida que os novos conquistadores sedimentavam sua presença na nova capital Kairouan, fundada em 670.
[editar] Nacionalismo e ditadura
Em 1956, a França concede independência à Tunísia. Habib Bourguiba, o principal líder nacionalista, é eleito para a presidência em 1959, transformando-se posteriormente em presidente vitalício. Em 1964, seu partido torna-se o único legal. A invasão do sul do país pela Líbia, em 1980, é prontamente repelida. Greves e manifestações populares marcam os anos 80 e refletem crescente insatisfação com o governo Bourguiba. Em 1987, o líder é considerado incapaz de governar, sendo substituído pelo primeiro-ministro Zine al-Abidine Ben Ali, que revoga a presidência vitalícia e estabelece a liberdade partidária. Há uma retomada do crescimento econômico, que chega a 4,8% em 1992, com incremento do turismo e das relações com a União Européia (UE). Ben Ali e seu partido vencem as eleições de 1994. O governo, porém, é acusado de perseguir a oposição, que no ano seguinte ganha as eleições em 47 prefeituras. O crescimento do fundamentalismo islâmico preocupa o governo. A condenação do presidente da Liga Tunisiana de Defesa dos Direitos Humanos a cinco anos de prisão, em janeiro de 1998, provoca protestos internacionais. Em maio, o governo anuncia plano de privatização de 50 empresas estatais até o final de 1999.
[editar] Governo
República com forma mista de governo. Divisão administrativa: 18 governadorias. Chefe de Estado: presidente Zine al-Abidine Ben Ali (RCD) (desde 1987, reeleito em 1989 e 1994). Chefe de governo: primeiro-ministro Hamed Karoui (RCD) (desde 1989). Principais partidos: Reunião Constitucional Democrática (RCD), Movimento dos Democratas Socialistas (MDS). Legislativo: unicameral - Assembléia Nacional, com 163 membros eleitos por voto direto para mandato de 5 anos. Constituição em vigor: 1959.