Cartago
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- Nota: Para outros significados de Cartago, ver Cartago (desambiguação).
Cartago (do fenício Kart-Hadasht, ou Qrthdst, isto é « Nova Cidade », em árabe قرطاج (Qartaj) ) é uma antiga cidade, originariamente uma colônia fenícia no norte da África, situada a leste do Lago de Túnis, perto do centro de Túnis, na Tunísia. Foi uma potência do mundo antigo, disputando com Roma o controle do Mar Mediterrâneo. Dessa disputa originaram-se as três Guerras Púnicas, após as quais Cartago foi destruída.
A antiga capital púnica é hoje um bairro de Túnis e um sítio arqueológico e turístico importante, tendo sido classificado Património Mundial pela UNESCO em 1979.
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[editar] História
Cidade da costa da África do Norte, numa península próxima da qual se encontra hoje a cidade de Túnis. Foi fundada por colonizadores fenícios de Tiro (antes da data tradicional de 814 a.C.). Cartago tornou-se, dentro de pouco tempo, a capital de uma república marítima muito poderosa, que substituiu Tiro no Ocidente, criou colônias na Sicília, na Sardenha, na Espanha, enviou navegadores ao Atlântico Norte e sustentou contra Roma, sua rival, as longas guerras conhecidas pelo nome de guerras púnicas (264-146 a.C.). Possuía também uma potente marinha de guerra.
Entre os séculos V e III a.C. envolveu-se em freqüentes hostilidades com a Grécia e a Sicília. Foi nesta última que Cartago teve seu primeiro choque com Roma, e as três Guerras Púnicas acabaram com a destruição da cidade em 146 a.C. A meio caminho entre estas duas cidades (e capitais de império) encontra-se a Sicília. O controle desta ilha foi determinante no decorrer das Guerras Púnicas porque a Sicília era o "celeiro" do mundo antigo.
Apesar dos esforços de Aníbal, teve de pedir a paz aos romanos, comandados por Cipião, o Africano, ao fim da segunda guerra púnica. Foi destruída ao fim da terceira guerra púnica por Cipião Emiliano (146 a.C.). A cidade foi arrasada até aos seus alicerces e o chão foi salgado (colocado sal) para que nada nele crescesse. Esta atitude extrema deveu-se ao fato de Cartago ter sido a única potência que podia concorrer pelo domínio do Mediterrâneo ocidental. Roma e Cartago estavam sensivelmente colocadas no eixo central deste mar, num tempo que não comportava concorrência. A luta entre Roma e Cartago era exclusivista.
Governada por comerciantes, sem um exército poderoso, Cartago valia-se de mercenários que se insurgiram contra os cartagineses, minando suas defesas - certamente uma das causas para a derrota face aos romanos (sobre este episódio Flaubert escreveu o romance Salammbô).
Refundada por César e Augusto como colônia romana (século I a.C.), novamente adquiriu grande prosperidade e sua população cresceu a ponto de se tornar a quarta maior cidade do Império Romano, com uma população estimada de meio milhão de habitantes. Tornou-se a verdadeira capital da África romana e da África cristã. Como centro do cristianismo, opôs-se aos donatistas.
O vândalo Genserico ocupou a cidade em 439 e estabeleceu ali sua capital, mas em 533-534 Belisário expulsou os vândalos e a partir de então, até sua captura e destruição pelos árabes em 697, a cidade permaneceu como parte do Império Bizantino e entrou em decadência.
[editar] Comércio
Entre os produtos do artesanato fenício, os mais famosos eram, talvez, os tecidos tingidos cor púrpura. Os fenícios tinham alcançado uma notável habilidade na arte do tingimento e os tecidos eram apreciados a ponto de se tornarem sinal de riqueza e requinte. Os fenícios usavam tecidos de lã ou linho, e os tingiam a partir de um pigmento obtido de moluscos chamados de múrices ou murex, encontrados nas águas rasas das costas do Mediterrâneo. O processo era muito complicado e demorado, e por isso o preço desses tecidos era elevado.
[editar] Arquitetura e Urbanismo
Dada a grande destruição provocada pelos romanos após a Terceira Guerra Púnica tornou-se praticamente impossível reconstituir com exatidão a cidade de Cartago. Sabe-se que era protegida no lado da península que a unia ao continente por uma tríplice fortificação: uma vala guarnecida por altos postos de observação e um parapeito, ou primeira muralha, uma segunda muralha e enfim uma terceira muralha, que abrigava grande quantidade de tropas, inclusive elefantes de guerra e cavalaria. Do lado em que esta chegava ao mar ficava provavelmente a maior fortaleza da cidade. Além disto, a cidade seria talvez totalmente cercada por outras duas grandes muralhas, circulando toda a extensão da península. Dividia-se em três partes: a byrsa, uma acrópole onde ficavam o tesouro, o arquivo público e a estátua do deus Ba'al Hammon; uma área urbana residencial onde ficavam os templos e a praça de julgamentos; um distrito aparentemente agrícola e separado do resto por outra muralha, chamado Megara. Um grande cemitério separava a byrsa do restante da área urbana e cemitérios menores existiam entre esta última e as muralhas. Suas construções eram, ao que parece, de estilo pobre e feitas de materiais baratos, com grandes influências egípcias e gregas. Suas casas não teriam janelas, exceto para pátios internos.
[editar] Soberanos
- (Anexado a Roma, 146 a.C.)
- Asdrúbal II ? (-146 a.C.)
- Asdrúbal Barca (221-207 a.C.)
- Aníbal Barca (221-183 a.C.)
- Sofonisba (221-203 a.C.)
- Asdrúbal (228-221 a.C.)
- Amílcar Barca (250-228 a.C.)
- Hanno, o grande (250 a.C.)
- Mago (440 a.C.)
- Dido ? (814- a.C.)
[editar] Ver também
[editar] Ligações externas
Anfiteatro de El Djem · Medina de Tunes · Sítio Arqueológico de Cartago · Parque Nacional de Ichkeul · Cidade Púnica de Kerkuane e sua Necrópole · Kairouan · Medina de Sousse · Dougga/Thugga