Diocese
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Uma diocese (do antigo διοίκησις [administração], pelo latim dioecēsis) é uma organização com base territorial que abrange determinada população sujeita á autoridade e administração de um Bispo de uma Igreja.
Entre os Romanos era o território de uma cidade ou uma divisão judicial das províncias. Na Península Ibérica, no tempo de Augusto, a Hispânia Citerior tinha três dioceses; com Diocleciano a Península passou a ter uma única diocese, subdividida em cinco províncias (Lusitânia, Galécia, Bética, Cartaginense e Tarraconense).
No Oriente, a diocese, no sentido actual, ou seja, território governado por um bispo, era constituída por caad uma das grandes cidades e território anexo. No Ocidente a Igreja não adoptou a divisão das grandes dioceses civis e o território governado por um bispo podia chamar-se de diocese, mas preferia-se o termo de paróquia, como referem os Concílios de Braga e de Toledo. Nos tempos mais antigos, a criação das dioceses era feita pelos concílios provinciais ou até pelos próprios bispos, que dividiam as dioceses quando estas eram muito grandes.
A partir do século XI a criação das dioceses passou para o Papa, estando hoje reguladas pelo Direito Canónico. Há diversas categorias de dioceses:
- Arquidioceses ou patriarcados, quando governadas por um arcebispo ou patriarca;
- Sufragâneas, pertencentes a uma província eclesiástica;
- isentas quando submetidas à Santa Sé;
- residenciais, com administração própria;
- titulares, quando se mantêm apenas os nomes de importantes dioceses extintas.
[editar] Em Portugal
No ano 300 há conhecimento de duas dioceses em Portugal: Évora e Ossónoba. Do ano 400 já existem referências às dioceses de Braga e de Lisboa. O cronista Idácio era bispo de Chaves (Aquae Flaviae), segundo ele próprio declara, ao narrar a sua prisão pelos Visigodos, como refém, em 462, mas não se fala mais nessa diocese.
A pedido do rei Teodmiro, no Concílio de Lugo, no ano de 569, criaram-se as dioceses de Idanha, que se desmembrou da de Coimbra; Lamego, desmembrada da de Viseu; Porto e Tui, desmembradas da de Braga.
Em 589 a sede da diocese foi transferida de Conímbriga para Aeminium. Caliabrica, que, em 580, era paróquia da diocese de Viseu, foi depois elevada a diocese, e o seu primeiro bispo esteve no IV Concílio de Toledo. Com a invasão árabe, a vida religiosa foi afectada pois a maior parte dos cristãos e o clero tiveram de se refugirar no Norte.
As invasões, e as perseguições movidas por alguns governadores fizeram desaparecer os quadros administrativos e militares, provocaram o abandono das terras, arruinaram mosteiros e templos, mas não conseguiram apagar a tradição diocesana a Norte do rio Tejo. Os documentos do tempo da Reconquista mencionam os bispos de Braga a viverem em Lugo. À medida que as campanhas de Fernando Magno, Afonso VI, Afonso Henriques e Sancho I recuperavam o território peninsular, iam-se restaurando as dioceses e colocando bispos.
O território de entre Lima e Minho pertencia à diocese de Tui, que o governava através de vigários. Por esta diocese ter aderido ao Papa de Avinhão a parte portuguesa separou-se formando a diocese de Valença. Mais tarde esta diocese foi anexa ao bispado de Ceuta em 1473. A diocese do Porto foi administrada pelos prelados de Braga desde 1971 até à eleição de D. Hugo. Lamego foi administrada por Coimbra desde 1101 até à eleição de D. Mendo, acontecendo o mesmo a Viseu até à eleição de D. Odório.
A diocese de Lisboa foi restaurada depois da conquista de 1147, tendo sido nomeado o cruzado inglês Gilberto de Hastings. Em 176é dividida em duas metrópoles: a oriental com sede na capela real, governada por um arcebispo, ea ocidental governada por um patriarca elevado a cardeal em 1737. A de Lisboa foi extinta em 1840, ficando apenas uma metrópole. Évora tem arcebispo em 1540, o cardeal D. Henrique.
Em 1539 é transferida para Faro a diocese de Silves (Ossónoba) e em 1564 é toma posse nessa diocese bispo Jerónimo Osório. Os prelados são mais conhecidos por bispos do Algarve do que de Faro.
A pedido de D. João III foram criadas as dioceses de Leiria e Miranda, a primeira desmembrada de Coimbra e a segunda de Braga. Paulo III criou a diocese de Portalegre em 1549 com povoações que tirou a Guarda e Évora.
A pedido de D. Sebastião, Pio V criou a diocese de Elvas com territórios de Évora, Olivença, Campo Maior e Ouguela anexos à de Ceuta. A instâncias de D. José I, Clemente XIV criou as dioceses de Beja, Penafiel e Pinhel. Clemente XIV também criou as dioceses de Castelo Branco e Aveiro: a primeira com territórios da Guarda e a segunda com territórios de Coimbra.
Em 1881 o número de dioceses diminui a pedido do rei de Portugal e é o bispo do Porto que põe em execução a bula pontifícia, suprimindo as dioceses de Aveiro, Castelo Branco, Elvas, Leiria e Pinhel, a prelazia de Tomar e o priorado do Crato. Em 1918 é restaurada a diocese de Leiria, com freguesias de Coimbra e Lisboa. Pio XI restaurou a diocese de Aveiro em 1938, com freguesias desmembradas de Coimbra, Porto e Viseu. Deste modo, Portugal continental ficou com quinze dioceses, divididas em três províncias eclesiásticas: Braga, Évora e Lisboa. Pela última criação de dioceses, surgiram as de Viana do Castelo, Santarém e Setúbal, no ano de 1975, cifrando-se, agora, o seu número em dezoito.