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Luiz Inácio Lula da Silva - Wikipédia

Luiz Inácio Lula da Silva

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Luiz Inácio Lula da Silva
Luiz Inácio Lula da Silva
Presidente do Brasil
Mandato: 1 de janeiro de 2003 - atualidade
Vice-Presidente José Alencar Gomes da Silva
Precedido por: Fernando Henrique Cardoso
Data de nascimento: 27 de outubro de 1945
Local de nascimento: Caetés (Pernambuco)
Primeira-dama: Marisa Letícia Rocco Casa
Partido político: Partido dos Trabalhadores (PT)
Profissão: metalúrgico, sindicalista
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Luiz Inácio Lula da Silva (Caetés, 27 de outubro de 1945[1]) é um político brasileiro e atual presidente da República Federativa do Brasil, desde 1º de janeiro de 2003.

Desde os tempos em que era representante sindical e ao longo de toda sua vida política é conhecido pela alcunha Lula, forma hipocorística de Luís, que posteriormente foi adicionada como parte oficial de seu nome no registro civil.

Lula é co-fundador, presidente de honra e filiado ao Partido dos Trabalhadores (PT). Em 1990, foi um dos organizadores do Foro de São Paulo, que congrega a maior parte dos movimentos políticos de esquerda da América Latina e do Caribe.

Foi candidato a presidente em 1989 (perdeu para Fernando Collor de Mello), em 1994 (perdeu para Fernando Henrique Cardoso) e em 1998 (novamente perdeu para Fernando Henrique Cardoso), e ganhou as eleições de 2002 (derrotando José Serra).

Lula foi reeleito no segundo turno das eleições de 2006 (derrotando Geraldo Alckmin) com mais de 58 milhões de votos, quebrando o seu próprio recorde de votação para presidente do Brasil.

Índice

Infância

Quando tinha sete anos de idade, Lula emigrou com sua mãe e irmãos, que viviam em condições precárias no distrito de Caetés, em Garanhuns, no Agreste de Pernambuco, para o Estado de São Paulo, repetindo a saga de milhões de nordestinos que fogem da pobreza extrema, acentuada principalmente nos períodos de seca prolongada na Região Nordeste do Brasil. Lula viajou em um transporte precário, conhecido popularmente como pau-de-arara. Passou, então, a residir em Vicente de Carvalho, distrito da periferia de Guarujá, cidade do litoral do estado.

Nesta mesma cidade paulista, Luiz Inácio da Silva foi alfabetizado no Grupo Escolar Marcílio Dias. Em 1956 passou a morar em São Paulo. Com doze anos Lula foi empregado em uma tinturaria, tendo depois exercido as profissões de engraxate e auxiliar de escritório.

Operário e sindicalista

Lula e sua esposa Marisa.
Lula e sua esposa Marisa.

Seguindo para a indústria, Lula conseguiu uma vaga no curso técnico de torneiro mecânico do SENAI, instituição brasileira de educação profissional. Formando-se como metalúrgico em 1963, empregou-se na metalúrgica Aliança, onde se acidentou numa prensa hidráulica, perdendo o dedo mínimo da mão esquerda.

Alguns anos depois, mudou-se para São Bernardo do Campo, onde, em 1968, filiou-se ao Sindicato dos Metalúrgicos por influência do irmão José Ferreira de Melo, apelidado de Frei Chico. O irmão lhe presenteou com um livro, intitulado: O Que é a Constituição.

Em 1969 Lula foi eleito para a diretoria do sindicato dos metalúrgicos de São Bernardo do Campo. Em 1975 foi eleito presidente do mesmo sindicato. Reeleito em 1978, foi uma das lideranças sindicais que retomaram a prática de greves públicas de larga escala, que haviam cessado de ocorrer desde o endurecimento repressivo da ditadura militar nos 10 anos anteriores. Chegou a ser preso pelo DOPS após uma greve em 1980. Durante o movimento grevista, a idéia de fundar um partido representante dos trabalhadores foi amadurecendo, e, ainda em 1980, Lula fundou com sindicalistas, intelectuais, católicos militantes da Teologia da Libertação e artistas o Partido dos Trabalhadores (PT).

De acordo com o Dicionário Histórico Biográfico Brasileiro publicado pelo CPDOC da Fundação Getúlio Vargas, Lula, durante o início da década de 1970, viajou aos Estados Unidos, para realizar curso de qualificação sindical no Instituto Interamericano de Sindicalismo Livre, entidade conservadora vinculada à central sindical americana AFL-CIO. Há alguns políticos - como o jornalista e ex-vereador do Rio de Janeiro pelo PDT Pedro Porfírio- que apóiam-se neste fato para contestar a filiação ideológica esquerdista de Lula.

Carreira política até a presidência

Encontro com Fidel Castro no Palácio da Revolução.
Encontro com Fidel Castro no Palácio da Revolução.

Em 1981, durante o decurso de uma greve no ABC, o Sindicato dos Metalúrgicos de S. Bernardo do Campo sofreu intervenção aprovada por Murilo Macedo, então Ministro do Trabalho do General João Baptista Figueiredo, e Lula é detido por vinte dias nas instalações do DOPS paulista. Sua carreira como dirigente sindical fica, assim, encerrada, e começa sua carreira política propriamente dita.

Visando a participar de pleitos eleitorais, alterou judicialmente seu nome de Luiz Inácio da Silva para Luiz Inácio Lula da Silva (a legislação vigente proibia o uso de apelidos pelos candidatos).

Em 1982, Lula participou das eleições para o governo de São Paulo e perdeu. Em 1984, participou, ao lado de Ulysses Guimarães, da campanha Diretas Já, que clamava pela volta de eleições presidenciais diretas no país. A campanha Diretas Já não teve sucesso e as eleições presidenciais de 1984 foram feitas por um Colégio Eleitoral de forma indireta. Lula e o PT abdicaram de participar desta eleição, apesar do processo indicar o governador de Minas Gerais Tancredo Neves, que participou ativamente da campanha das Diretas Já, como novo presidente do Brasil.

Com a morte de Tancredo Neves, antes da sua posse como presidente, assume a presidencia o vice, ex-governador do Maranhão e um dos líderes da Arena durante o período de ditadura militar José Sarney. Lula e o PT decidem manter uma posição independente, mas logo se colocam no campo da oposição ao novo governo.

Em 1986, foi eleito deputado federal por São Paulo com a maior votação histórica para a Câmara Federal até aquele momento, tendo participado da elaboração da Constituição Federal de 1988.

Desinteressado da atuação parlamentar, Lula não candidatou-se à reeleição como deputado, preferindo, a partir do início da década de 1990, intensificar suas viagens pelo Brasil, ajudando a estruturar as seções regionais do PT e transformar essa legenda em um dos maiores partidos de esquerda do país e da América Latina. Sua participação neste processo é que o tornou uma figura essencial, simbólica e incontestável dentro do partido, mesmo depois de suas sucessivas derrotas eleitorais.

Em 1989, realizou-se a primeira eleição direta para presidente desde o golpe militar de 1964. Lula se candidatou a presidente. A eleição foi vencida por Fernando Collor de Mello, candidato liberal do PRN, que recebeu entusiástico apoio de considerável parte da população que se sentia intimidada ante a perspectiva do ex-sindicalista, tido como radical e alinhado com as teses de esquerda, chegar à Presidência.

A campanha de Fernando Collor contra Lula, no segundo turno, foi fértil em práticas tidas, na época, por moralmente duvidosas, e que combinavam preconceitos políticos e sociais: Lula foi identificado como um trânsfuga do comunismo, a quem a queda do Muro de Berlim havia transformado em anacronismo, e seus atos políticos foram mostrados sob conotação desmoralizante (segundo o acadêmico Bernardo Kucinski tal ter-se-ia dado graças à infiltração de agentes provocadores de Collor nos comícios do PT). Collor acusou ainda Lula de desejar seqüestrar ativos financeiros de particulares (o que a equipe econômica do futuro governo Collor viria a fazer após sua eleição).

Lula e o presidente Hugo Chavez em Caracas, 14 de fevereiro de 2005.
Lula e o presidente Hugo Chavez em Caracas, 14 de fevereiro de 2005.

Inumeráveis articulistas da grande imprensa pronunciaram-se de forma indecorosa sobre Lula: o comentarista Paulo Francis o chamou de "ralé", "besta quadrada" e disse que se ele chegasse ao poder, o país viraria uma "grande bosta". Além disto, uma antiga namorada de Lula, com a qual ele tinha uma filha natural, surgiu durante a propaganda gratuita de Collor, durante o segundo turno das eleições, para acusar seu ex-namorado de "racista" e de ter-lhe proposto abortar a filha que ambos tiveram.

Às vésperas da eleição, a Rede Globo promoveu um debate final entre ambos os candidatos e, no dia seguinte, levou ao ar uma versão editada do programa em sua exibição no Jornal Nacional. Vários analistas sustentam que a edição foi favorável a Collor e teria influenciado o eleitorado (fato este admitido mais tarde por várias memórias de participantes do evento, mostrado no documentário Beyond Citizen Kane).

A eleição propriamente dita comportou ainda a alegada manipulação política do seqüestro do empresário do setor de supermercados Abílio Diniz, que, ao ser libertado de seu cativeiro no dia da eleição, apareceu vestindo uma camisa do PT, que supostamente lhe teria sido colocada por seus seqüestradores.

Em 1992 Lula torna-se uma das lideranças políticas que apoia o movimento pelo impeachment do presidente Fernando Collor que se via envolvido em várias denuncias de corrupção. O presidente Fernando Collor é afastado temporariamente e no final de 1992 renuncia o cargo.

Lula e o PT permanecem na oposição e se tornaram críticos do plano econômico implementado no final do governo assumido por Itamar Franco, o Plano Real.[Carece de fontes?]

Em 1994, Luiz Inácio Lula da Silva voltou a candidatar-se à presidência e foi novamente derrotado, dessa vez pelo candidato do PSDB, Fernando Henrique Cardoso.

Fernando Henrique Cardoso fora ministro da Fazenda no governo de Itamar Franco e comandou a implantação do Plano Real, que teve sucesso ao sobrepujar a inflação e estabilizar a moeda brasileira.

George W. Bush e Lula na Residência Oficial do Torto.
George W. Bush e Lula na Residência Oficial do Torto.

Em 1998, Lula saiu pela terceira vez candidato à presidência da República e foi novamente derrotado por Fernando Henrique Cardoso, que se reelegeu no primeiro turno da campanha presidencial. No entanto, foi reconhecido como liderança incontestável da Esquerda brasileira ao apresentar-se numa chapa que tinha como candidato à vice-presidência Leonel Brizola, que havia disputado arduamente com Lula sua ida ao segundo turno das eleições de 1989 como adversário de Collor

Lula tornou-se um dos principais opositores da política econômica do governo de Fernando Henrique, principalmente da política de privatização de empresas estatais realizadas nesse período.

A desvalorização do real em janeiro de 1999, logo após a eleição de 1998, as crises internacionais, deficiências administrativas como as que permitiram o apagão, e principalmente o fraco crescimento econômico no segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso fortaleceram a posição eleitoral de Lula nos quatro anos seguintes.

Abdicando dos erros cometidos em campanhas passadas, principalmente o radicalismo verbal, Lula escolheu para ser seu candidato à Vice-Presidência o senador mineiro e empresário têxtil José Alencar, do PL, partido ao qual o PT se aliou. A campanha eleitoral de Lula optou em 2002 por um discurso mais moderado, prometendo ortodoxia econômica, respeito aos contratos e reconhecendo a dívida externa do país, conquistando a confiança de uma parte da classe média e do empresariado.

Em 27 de outubro de 2002, Lula foi eleito presidente do Brasil, derrotando o candidato apoiado por Fernando Henrique Cardoso, o ex-ministro da Saúde e senador pelo Estado de São Paulo José Serra do PSDB. No seu discurso de posse, Lula afirmou: "E eu, que durante tantas vezes fui acusado de não ter um diploma superior, ganho o meu primeiro diploma, o diploma de presidente da República do meu país." A declaração foi desabafo contra os inúmeros ataques que sofreu desde a sua primeira eleição à presidência, em virtude de sua baixa educação formal.

Em 29 de outubro de 2006, Lula foi reeleito no segundo turno, vencendo o ex-governador do Estado de São Paulo Geraldo Alckmin do PSDB, com mais de 60% dos votos válidos.

Após a eleição de 2006 Lula divulga que pretende fazer um governo de coalizão, ampliando a base aliada. Convida o PMDB para fazer parte de sua estrutura ministerial.

O Governo Lula

Por videoconferência, o presidente conversa com o astronauta Marcos Pontes enquanto este se encontrava no espaço.
Por videoconferência, o presidente conversa com o astronauta Marcos Pontes enquanto este se encontrava no espaço.
Ver artigo principal: Governo Lula.

A gestão é caracterizada por um governo de continuidade da estabilidade econômica da administração de Fernando Henrique, e uma balança comercial crescentemente superavitária. Em seu governo, a dívida interna passou de 731 bilhões de reais (em 2002) para um trilhão e cem bilhões de reais em dezembro de 2006, apesar de não ter apresentado aumento na variação do Produto Interno Bruto brasileiro com relação à década de 1990. Concomitantemente, a dívida externa teve uma queda de 168 bilhões de reais, fruto principalmente da valorização do Real frente ao dólar e das volumosas compras de dólares realizadas pelo Banco Central, utilizadas em parte para recomprar a dívida (a exemplo do que foi feito com o C-Bond). Também é marcada por manter o corte de investimentos públicos, a exemplo da gestão anterior.

O governo Lula tem como caracteristica, diferente do seu antecessor, a geração de empregos. Segundo o IBGE, de 2003 a 2006 a taxa de desemprego caiu e o número de pessoas contratadas com carteira assinada (mais 985 mil) cresceu, enquanto o total de empregos sem carteira assinada diminuiu 3,1%. Já o total de pessoas ocupadas cresceu 8,6% no período de 2003 a 2006.

Outra característica marcante é na área de Relações Exteriores, com atuação intensa na OMC e formação de grupos de trabalho formados por países em desenvolvimento. Essa forte atuação, no entanto, não resultou em grandes resultados práticos, uma vez que as negociações da Rodada de Doha continuam estagnadas. Ainda na Política Externa, o governo Lula atua para integrar o continente Sul Americano, expandir e fortalecer o Mercosul, obtendo alguns avanços, como o aumento de mais de 100% nas exportações para a América do Sul, fortalecendo o comércio regional; a entrada da Venezuela no Mercosul, sendo este o 5º maior produtor de petróleo do mundo; a criação do parlamento do Mercosul, com representantes dos países membros. A integração regional a cada dia ganha mais força, principalmente depois da vitória de Evo Morales, na Bolívia, e Rafael Correa, no Equador. Lula, presidente do Brasil, e Kishner, presidente da Argentina, são outros dois grandes defensores da integração regional, que obteve avanços após a vitória desses candidatos. Buscam a integração regional, principalmente, partidos de esquerda ou centro, fenômeno que ocorre a nível mundial, tanto em continentes menos desenvolvidos, como a América do Sul, quanto nos mais desenvolvidos, como a Europa, sendo a União Européia o caso mais avançado de integração regional da atualidade.

Na área de políticas fiscal e monetária, o governo de Lula caracterizou-se por realizar uma política econômica conservadora. O Banco Central goza de autonomia prática, embora não garantida por lei, para buscar ativamente a meta de inflação determinada pelo governo. A política fiscal garante a obtenção de superávits primários ainda maiores que os observados no governo anterior (4,5% do PIB contra 4,25% no fim do governo FHC). No entanto, críticos apontam que esse superávit é alcançado por meio do corte de investimentos, ao mesmo tempo em que aumento de gastos em instrumentos de transferência de renda como o Bolsa Família, salário-mínimo e o aumento no déficit da Previdência exigem uma carga tributária crescente.

Em seu primeiro ano de governo, Lula empenhou-se em realizar uma reforma da previdência, por via de emenda constitucional, caracterizada pela imposição de uma contribuição sobre os rendimentos de aposentados do setor público e maior regulação do sistema previdenciário nacional. Além disso, houve a necessidade de se combater os índices inflacionários que alcançavam a margem de 20% a.a. no início de sua gestão.

Lula conversa com crianças moçambicanas, novembro de 2003.
Lula conversa com crianças moçambicanas, novembro de 2003.

A questão econômica tornou-se conseqüentemente a pauta maior do governo. A minimalização dos riscos e o controle das metas de inflação de longo prazo impuseram ao Brasil uma limitação no crescimento econômico, o qual porém realizou-se a taxas maiores do que foram alcancados durante o governo anterior, com um crescimento média anual do PIB de 3,35%, contra 2,12% médios do segundo mandato de FHC. Estes êxitos relativos foram realçados por uma revisão da metodologia de cálculo do P.I.B. formulada pelo IBGE no início de 2007, que dava conta das mudanças recentes na composição da bese produtiva, e que aumentou o valor estatisticamente reconhecido do PIB brasileiro em 10,9%.

Ressalvam os críticos, no entanto, que os baixos índices inflacionários foram conseguidos a partir de políticas monetárias restritivas, que levaram a um crescimento dependente, por exemplo, de exportações de commodities agrícolas (especialmente a soja), que não só encontraram seus limites de crescimento no decorrer de 2005, como também tem contribuído para o crescimento do latifúndio.

Lula chuta bola observado pelo ex-jogador Sócrates. O presidente está vestindo o uniforme do time paulista Corinthians, pelo qual torce.
Lula chuta bola observado pelo ex-jogador Sócrates. O presidente está vestindo o uniforme do time paulista Corinthians, pelo qual torce.

As relações políticas do governo Lula foram conturbadas. Eleito presidente com uma bancada minoritária, formada pelo PT, PSB, PCdoB e PL, Lula partiu para a cooptação de partidos mais à direita do espectro político brasileiro. Conseguiu apoio do PP, PTB e parcela do PMDB, às custas de dividir com estes o poder. Após dois anos de governo mantendo maioria no congresso, o que facilitava a aprovação de projetos de interesse do executivo, uma disputa interna de poder entre os partidos aliados (PT, PSB, PCdoB, PL, PP, PTB) resultou no escândalo do mensalão.

Após denúncias do então deputado do PTB Roberto Jefferson, envolvido em esquema de propina na Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos - Correios, houve enorme desarranjo político entre o poder executivo e sua base, aumentado o grau de ataque dos partidos de oposição. Essa crise desdobrou-se em outras, que geraram certa paralisia no governo federal, inclusive com a queda de ministros e a cassação de deputados. Nesse período, compreendido entre abril e dezembro de 2005, o índice de aprovação do governo Lula atingiu o seu mais baixo percentual desde o começo de seu mandato. Em janeiro de 2006, com o desgaste do Poder Legislativo em meio a absolvições de congressistas julgados por seus pares por envolvimento em episódios de improbidade, Lula consegue reagir, desvia-se dos escândalos e volta a ter altos índices de popularidade.

Casos como o de seu filho, Luis Fábio, o Lulinha, que teria supostamente enriquecido após fechar contrato de quinze milhões de reais com a empresa de telecomunicações Telemar[2], da qual o governo é acionista. Em maio de 2004, o governo quase gerou uma crise diplomática devido ao pedido de expulsão do jornalista Larry Rotter[3] do país, por conta de matéria do correspondente para o jornal The New York Times, na qual foram divulgados boatos sobre a propensão de Lula a beber.

Também houve a demissão dos ministros José Dirceu, Benedita da Silva, Luiz Gushiken, por suspeitas de envolvimento em casos de corrupção ou prevaricação.

O presidente Lula e Bill Gates em Davos, na Suíça. Janeiro de 2003
O presidente Lula e Bill Gates em Davos, na Suíça. Janeiro de 2003

O caso da venda de um dossiê para petistas em São Paulo, contendo informações sobre supostas irregularidades na gestão de José Serra no Ministério da Saúde, a menos de dois meses das eleições do primeiro turno, não diminuiu os índices de popularidade do presidente. Geraldo Alckmin, candidato do PSDB e seu adversário no segundo turno, não conseguiu ampliar sua margem de votos. Lula venceu a eleição com mais de 60% dos votos válidos.

Pesquisa do instituto Datafolha, divulgada no dia 17 de dezembro de 2006, mostra que Lula era apontado espontaneamente por 35% dos entrevistados como o melhor presidente que o Brasil já teve. Ao final de 2002, Fernando Henrique Cardoso obtinha 18% de preferência. Depois de Lula, vinham FHC (12%), JK (11%), Getúlio (8%) e José Sarney (5%). Lula obtinha ainda a maior taxa de aprovação de um presidente brasileiro ao final de mandato captada pelo instituto (que faz essa medição desde a volta do país à democracia) - 52% consideravam seu governo ótimo ou bom. O recorde de aprovação pertence ao próprio Lula: 53% afirmavam ser seu governo ótimo ou bom às vésperas do segundo turno.

Para seu segundo mandato, Lula tem o apoio de uma coalizão de doze partidos (PT, PMDB, PRB, PCdoB, PSB, PP, PR, PTB, PV, PDT, PSC e PAN). Lula havia lançado, no dia da eleição, a meta de crescimento do PIB a 5% ao ano para seu segundo mandato, da qual, aparentemente, recuou. Não obstante, no dia 22 de janeiro, foi lançado o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), um conjunto de medidas que visa a aceleração do ritmo de crescimento da economia brasileira, com previsão de investimentos de mais de 500 bilhões de reais para os quatro anos do segundo mandato do presidente. O Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), lançado no dia 19 de março, é outra iniciativa importante do início do segundo mandato do presidente.

Polêmicas sobre a reeleição

Apesar de numerosas especulações sobre sua candidatura, fundamentadas em declarações como a do ex-ministro José Dirceu, que afirmou: "nosso projeto é para trinta anos" [Carece de fontes?], Lula manteve publicamente a condição de indeciso em relação à candidatura até o último momento. Alguns analistas políticos avaliaram isso como estratégia para que Lula não recebesse ataques antecipadamente, já que os escândalos de seu governo e características polêmicas de sua personalidade poderiam, segundo eles, servir de munição para a oposição.

[Carece de fontes?] Seu governo foi muito criticado, quando notícias saíram com estatísticas a respeito do aumento de seus gastos com publicidade durante o primeiro semestre de 2006, tendo sido gasto até 19 de julho 67,8% do que é permitido pela legislação. Não foram poupadas, também, críticas às suas viagens para inaugurações de obras.

Em 17 de agosto de 2006, o Tribunal Superior Eleitoral condenou o candidato Lula ao pagamento de uma multa de 900 mil reais[4] por prática de propaganda eleitoral antecipada. Reconhecendo a ocorrência de propaganda eleitoral em dezembro de 2005, e portanto extemporânea, no tablóide entitulado "Brasil, um país de todos", uma publicação de responsabilidade da Casa Civil, do ministério do Planejamento e da secretaria-geral da Presidência da República[5].

Distinção entre candidato e presidente

Assim que Lula oficializou a sua candidatura, na convenção nacional do partido, dia 24 de junho (perto da data limite estabelecida por Lei), constantes críticas sobre a dificuldade de se distinguir o presidente do candidato à reeleição passaram a fazer parte da campanha eleitoral. O TSE advertiu que não aceitaria propaganda governamental institucional a partir da data da oficialização da candidatura. O governo tentou ainda encontrar uma brecha jurídica, alegando casos de necessidade pública para a continuação de campanhas televisivas sobre programas sociais do governo, tais como o Fome Zero, Bolsa Família [Carece de fontes?] e outros nas áreas de educação e saúde. Esse empenho não surtiu efeito e a proibição foi mantida, abrindo-se exceção apenas para o caso de empresas estatais que concorrem no mercado, sob a condição de não apresentarem logotipo ou menções ao candidato.

A elaboração de uma cartilha com o logotipo do programa Fome Zero na capa, que seria distribuída nas escolas públicas do país, recebeu críticas de mesmo teor e foi recolhida pelo TSE, que além de confiscar quarenta milhões de cartilhas, aplicou uma multa de cem mil reais e ameaçou impugnar a candidatura do PT[6]. Críticas maiores foram feitas principalmente por oposicionistas, que alegaram uso de dinheiro público com fins eleitorais. Em um de seus discursos de campanha, Lula afirmou que não sabia quando era candidato e quando era presidente[7].

Essa confusão de funções tem gerado na imprensa e em setores da sociedade indagações sobre a necessidade de se revisar o instrumento da reeleição. Indagações semelhantes ocorreram quando Fernando Henrique Cardoso era candidato e presidente em exercício concomitantemente.

No dia em que realizou o primeiro ato oficial de sua reeleição, Lula concedeu entrevista, e, fugindo do estigma de um segundo governo mais frouxo fiscalmente para atender demandas de seus discursos, em julho de 2006, declarou que nunca foi um "esquerdista", admitindo que em um eventual segundo mandato, prosseguiria com as políticas consideradas conservadoras adotadas no seu atual governo[8].

A imprensa mundial fez menção a reeleição do carismático e agora "não esquerdista" Lula. Até mesmo os banqueiros de Wall Street elogiaram sua vitória, pois o antes temido representante maior da estrela vermelha petista não mais apresentaria caráter reformista. O jornal britânico "Financial Times" deu esse enfoque na matéria que publicou sobre a reeleição com o título "Wall Street também ama Lula". O "Financial Times" se baseou nas declarações aos clientes do Banco J. P. Morgan onde disse:

“ ... as expectativas sobre a agenda de reformas estão baixas, o que significa que, mesmo que sejam pequenas, poderiam gerar um impacto positivo nos mercados. O tamanho da liderança do presidente Lula está diretamente relacionado com a veemência com que ele e seus ministros atacaram as reformas liberais promovidas pelo governo anterior, do PSDB. Encorajados pela responsabilidade social , alguns ministros, começaram a considerar a 'flexibilização' da lei de responsabilidade fiscal --um dos mais importantes pilares da política macroeconômica erigidos pelo PSDB. A noção de que, em um segundo mandato, Lula possa dar andamento a qualquer agenda reformista está começando a soar como fantasia.”

Wall Street ama Lula, segundo o jornal britânico, porque a propaganda de esquerda reformista que promoveu quando era “esquerdista” hoje soa como uma fantasia, visto seu governo se constrói sobre os pilares que o PSDB estabeleceu.

Cronologia sumária

Notas

  1. ^  Luiz Inácio da Silva nasceu em Caetés, então distrito do município de Garanhuns no interior de Pernambuco. Caetés foi elevado a categoria de município por lei estadual de 20 de dezembro de 1963. Lula é registrado como nascido no dia 6 de outubro de 1945, mas festeja a data do seu aniversário dia 27 de outubro, quando teria realmente ocorrido o nascimento.
  2. ^ A mídia em debate
  3. ^  Agora são mais cinco milhões de reais para Lulinha
  4. ^  A íntegra da reportagem do correspondente norte-americano Larry Rohter, do New York Times
  5. ^  Justiça eleitoral multa presidente Lula em 900 mil reais por propaganda antecipada
  6. ^  TSE barra a distribuição de cartilha que cita Fome Zero
  7. ^  Não sei quando sou presidente ou candidato, diz Lula
  8. ^  Lula se diz longe da esquerda e quer manter política econômica
  9. ^  Assessoria de Comunicação e Imprensa - UNICAMP
  10. ^  No Governo Lula, desemprego diminui e poder de compra aumenta
  11. ^  Lula fala do aumento do comércio com a América do Sul e outros assuntos

Bibliografia

Commons
Wikiquote
O Wikiquote tem uma coleção de citações de ou sobre: Luiz Inácio Lula da Silva.
  • Lula, o filho do Brasil
  • Bernardo Kucinski, A Síndrome da Antena Parabólica - Ética no Jornalismo Brasileiro, Fundação Perseu Abramo, S. Paulo, 1998.
Filmes

Ligações externas

Precedido por
Fernando Henrique Cardoso
Presidente do Brasil
2003 - atualidade
Sucedido por


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