História da Europa
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A História da Europa é a história do continente europeu e pode ser tradicionalmente dividida em quatro períodos sem que se leve em conta sua pré-história. Pode também ser omitida a chamada Idade Contemporânea segundo a historiografia anglo-saxônica que chama os dois últimos períodos de modernidade[ ].
O período propriamente escrito da história européia começa com a civilização egéia. A Grécia Clássica herdou algumas tradições desta civilização e estabeleceu o primeiro exemplo de sistema democrático do mundo. A República Romana por sua vez, estabeleceu o exemplo desse sistema para a posteridade e os romanos conquistaram grande parte da Europa. Depois de mil anos passados durante a Idade Média a Europa colonizou o mundo em busca de riquezas, matérias primas, mão-de-obra e mercados. Recentemente, surgiu a União Europeia que busca integrar os países do continente.
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[editar] Pré-história
Os primeiros hominídeos a chegarem à Europa foram os Homo erectus e o Homo neanderthalensis.
Estima-se que a entrada da Europa na Idade do Bronze tenha ocorrido a cerca de 1800 a.C. no sul da Espanha, enquanto que na Europa Central terá ocorrido no século seguinte (1700 a.C.), apesar de na região do mar Egeu já estar em utilização. Relativamente à região Atlântica, esta iria permanecer Calcolítica até cerca de 1300 a.C. Tipicamente, consideram-se os séculos 1800 e 1700 a.C. para designar esta etapa da Europa no geral.
Nesse século (1800 a.C.), os El Argar, totalmente inseridos na idade do Bronze, substituem a cultura de Los Millares, no sudoeste espanhol, No século seguinte, as culturas da Europa Central de Unetice, Adleberg, Straubing iniciam a trabalhar o bronze possivelmente com influências dos contactos das Balcãs e do Danúbio. 1600 a.C. parece ser uma data razoável para o estabelecimento do Período Micénico (que antecedeu a Grécia Antiga), que assistiu a infiltrações dos povos indo-europeus durante séculos. No século seguinte assiste-se a uma unificação das culturas da Europa Central na cultura dos Túmulos. Alguns historiadores defendem que a civilização minóica terá sido absorvida pela micénica por esta altura.
Próximo do século 1300 a.C., as culturas indo-europeias (das quais se destacam os Celtas, os Itálicos e, possivelmente, os Ilírios) entram em uma fase cultural que irá convergir na cultura dos Campos de Urnas, iniciando um movimento expansionista que se traduziu na ocupação das Balcãs, Ásia Menor (onde destroem o Império Hitita e adquirem importantes tecnologias de trabalho do ferro), nordeste da península Itálica, e algumas regiões das actuais França, Bélgica, Países Baixos, noroeste da Espanha e sudoeste da Grã-Bretanha. Como consequência desta repentina expansão, surgem os Povos do Mar que atacaram o Egipto durante algum tempo, sem sucesso, incluindo os Filisteus e os Dóricos, que seriam provavelmente povos helenizados deste grande grupo, que invadiu e destruiu Micenas.
Simultaneamente, a cultura de Villanova (os predecessores dos Etruscos) aparecem na Itália, possivelmente com origens na região do mar Egeu.
A introdução da Europa na Idade do Ferro verificou-se a cerca de 800 a.C., na Europa Central, dando origem à cultura de Hallstatt como sucessora na Idade do Ferro aos Campos de Urnas. A superioridade tecnológica dos indo-europeus permitiu-lhes consolidar rapidamente as suas posições na península Itálica e Ibérica, e intensificar a penetração nestas regiões. Note-se que Roma foi fundada a 753 a.C..
É nesta altura que os Fenícios tiram partido do desaparecimento dos aqueus no Mediterrâneo, estabelecendo colónias à entrada do Oceano Atlântico: em Gadir, a actual Cádiz, provavelmente um entreposto mercante de onde seriam transportados os minerais da Península Ibérica e da Ilhas Britânicas. Não obstante, a cultura grega recuperava o seu poder e iniciava a sua própria expansão colonial, fundando Massilia (actual Marselha) e o seu entreposto ibérico Emporion (Empúrias). Na península Ibérica, os Iberos recuperavam dos Celtas a Catalunha e o vale do rio Ebro, cuja consequência se traduziu em uma separação física dos dois povos —; mais tarde, ambos seriam fundidos em um só, os Celtiberos.
A segunda fase da Idade do Ferro na Europa é caracterizada pela cultura de La Tène que surge por volta de 400 a.C., seguida da expansão deste povo para as Balcãs, Ilhas Britânicas (onde assimilariam o druidismo) e outras regiões da França e da Itália.
[editar] Idade Antiga
[editar] Grécia Antiga
A civilização da Grécia Antiga remonta aos minóicos estabelecidos na ilha de Creta por volta de 3000 a.C. surgindo no século VIII a.C, após um período de 400 anos de guerras. No leste do mar Egeu, as primeiras colônias gregas desenvolveram-se e o desenvolvimento dessas colônias perdura durante todo o século VII atingindo o sul da Península Itálica, a Sicília e o sul da atual França. O comércio entre essas cidades desenvolve-se e prospera e com ele um cidade da Ática, Atenas.
No século V a.C., chamado Século de Ouro da Grécia Antiga ou Século de Péricles, ela atinge seu apogeu e inicia seu declínio. Com a primeira invasão de um povo asiático à Europa, a dos Persas, as Guerras Médicas têm início. Nessas batalhas os gregos uniram-se pela primeira vez para combater o inimigo em comum e saíram vencedores. Atenas aproveitando este fato resolveu criar uma confederação que reuniria as cidades voluntariamente para a defesa, mas este objetivo provou-se logo uma armadilha e as contribuições tornaram-se impostos destinados a sustentação dos domínios atenienses no mar. Com a sublevação de Córcira a favor da confederação ateniense em 473 a.C, os espartanos conseguiram um pretexto para entrar em guerra contra Atenas na Guerra do Peloponeso que enfraqueceu a Grécia internamente tornando-a uma conquista fácil, primeiro para os macedônios liderados por Filipe II da Macedónia e Alexandre, o Grande, e depois com os romanos que começaram por conquistar as colônias gregas no sul da Península Itálica. Filipe conquistou a Grécia, mas morreu sem poder concretizar seu plano de conquista do Império Persa. Esse plano foi adotado por seu filho que conquistou o Egito, a Babilônia e as terras até o rio Indo, dando início ao helenismo, isto é, a fusão de elementos da cultura asiática com a cultura grega.
[editar] Roma Antiga
A história de Roma sugere a predominância dos Etruscos na península Itálica e terão sido estes os predecessores dos primeiros romanos, a julgar pela sua forte influência na cultura romana, coexistindo com outros povos itálicos como os Latinos, os Sabinos, os Úmbrios, os Oscanos e também os Gregos, no sul. De facto, os primeiros reis de Roma teriam sido etruscos, cuja dinastia terá sido fundada, segundo a lenda, pelos irmãos-gémeos Rómulo e Remo. Apesar do valor historiográfico da lista de reis de Roma ser dúbio, as personalidades parecem ter tido um papel fundamental na organização da cidade.
Roma depressa trocou a monarquia por uma república coordenada por um Senado, o que permitia ao povo exprimir o seu descontentamento e, consequentemente, assegurar a estabilidade social. Os romanos souberam aproveitar o esplendor da civilização grega sem renegar as suas origens etruscas, traduzindo-se em uma organização político-social que estará na base do crescimento da cidade enquanto potência. A península itálica estava em constante mutação populacional, com os vários povos em constantes lutas e ameaças entre si, e Roma tentou minimizar essa ameaça iniciando um movimento caracterizado por uma mescla de estratégias defensivas e expansionistas. Efectivamente, foi no século IV a.C. que Roma iniciou as primeiras ocupações de território, e foi em clima de reacção ao medo de ser atacada pelos vizinhos que prosseguiu a expansão pela península, entrando em confronto directo com os Fenícios de Cartago, uma então potência militar e económica que dominava o Mediterrâneo. A situação agravou-se com a intervenção de Roma nas lutas entre a Sicília e Cartago, e esta inimizade ir-se-ia prolongar até ao século II a.C., altura em que a Terceira Guerra Púnica teria como consequência a destruição definitiva de Cartago. Durante as Guerras Púnicas, Cartago ainda tentou subjugar Roma pelo Norte, partindo da Peníncula Ibérica. Como reacção, Roma invadiu a península e destruiu a presença cartaginesa. A expansão ocorria agora, portanto, em todas as direcções e, em 167 a.C. dá-se a anexação da Ilíria como província romana. Com a destruição definitiva de Cartago, Roma anexa a Grécia e o Norte de África, transformando Roma na principal potência da civilização ocidental e inicia-se um período de hegemonia para esta civilização.
Com efeito, sob César Augusto, Roma declarar-se-ia finalmente um Império e seria sob o reinado de Trajano que este império assumiria a sua máxima proporção, desde o Norte de África a sul, à Península Ibérica (Hispânia) a oeste, da Britânia a norte, à Macedónia. O Império não só levou paz e a organização política eficiente de Roma às províncias durante séculos, mas também facilitou as trocas comerciais e divulgação dos produtos de civilizações longíquas para todo o Império — destaca-se, nomeadamente, a introdução da seda, utilizando as célebres rotas da seda. No entanto, uma série de guerras civis destabilizaram gradualmente a força sócio-económica da potência romana, até que, no século IV, os imperadores Diocleciano e Constantino decidiram dividir o Império em duas partes: a Ocidental e a Oriental. Enquanto o primeiro perseguiu activamente o cristianismo, o segundo soube estabelecer a tolerância religiosa (Édito de Milão, 313), e será essa a possível causa da longevidade da metade oriental do Império. Em contrapartida, a parte Ocidental, entretanto pressionada pelas invasões bárbaras, iria entrar em colapso, e Roma seria sensivelmente sustentada pela agora institucionalizada Santa Sé mediante acordos e desacordos ora entre a parte Oriental do Império ora entre os Francos. Será esta instituição que permitirá, ao longo dos restantes séculos, assegurar a dignidade e imponência de Roma enquanto instituição e também como centro cultural.
[editar] Idade Média
A Idade Média é o período entre a Idade Antiga e a Idade Moderna. A concepção de uma idade intermediária começou a surgir com os humanistas do Renascimento que o identificavam com um período de atraso ou de poucos avanços em diversas áreas do conhecimento e da tecnologia em contraposição às realizações das civilizações clássicas devido justamente ao domínio da Igreja. Tal concepção foi aceita até o Romantismo no século XIX, quando escritores e artistas passaram a valorizá-lo como início das unidades nacionais.[1]
A Europa adentrou nesse período a partir da queda do Império Romano e da formação dos Reinos Bárbaros que adotavam alguns elementos romanos e outros germânicos. Tais reinos tendiam à fragmentação e é em resposta às guerras promovidas entre si pelos senhores que surge o sistema de susserania e vassalagem, no qual através de um contrato, um senhor dono de terras cedia parte de seus domínios, o feudo, em troca de um juramento de auxílio em caso de guerra. A economia nessa situação passa a ser feudal, ou seja, agrária e amonetária e o grande comércio praticamente desaparece, assim como as grandes cidades. Efêmeros sinais de unificação surgem com os Império Merovíngio e o Carolíngio respectivamente por volta dos séculos VI e X.
Na Península Ibérica, a conquista árabe foi parada em Poitiers e pouco depois começaria a Reconquista, terminada em 1492 com a conquista Granada. Ainda por volta do século X os Vikings invadem a Grã-Bretanha e cidades no norte da Europa e sul da Itália e no leste surgem os invasores mongóis no século XIII. No ocidente, a partir do século XII, novas técnicas na agricultura e a expansão da fronteira agrícola, entre outros fatores permitem um crescimento populacional na Europa que traz consigo o crescimento das cidades e do comércio, no que é conhecido como Renascimento do Século XII. Uma população maior permitiu as Cruzadas em direção ao Oriente. A Idade Média termina com a chegada da Peste negra, as fomes e rebeliões camponesas causadas por si e o início do Renascimento.
[editar] Idade Moderna
No início da era moderna Portugal e Espanha são os pioneiros na descoberta e conquista do novo continente a América, com a chegada de Cristóvão Colombo as suas terras em 1492. Enquanto isso, na atual Alemanha, tem início a Reforma Protestante de Martinho Lutero.
Na Península Itálica ainda no século XIV, começa o Renascimento com Dante Alighieri, Francesco Petrarca e vários outros humanistas e artistas. O movimento depois se espalha por França, Espanha, Portugal, Reino Unido e os Estados da atual Alemanha adquirindo características diferentes em cada região e perdurando até o século XVI. Seus artistas estudavam os autores clássicos em suas próprias línguas, isto é, o latim e o grego, mas escreviam nas línguas nacionais surgidas durante a Idade Média. As artes plásticas retomam as medidas da Antiguidade Clássica, ignorando a Idade Média como período de interrupção no progresso da humanidade.
Enquanto o Império Otomano conquista os Bálcãs, as riquezas trazidas das colônias são usadas para manter o Império Espanhol que atinge seu máximo esplendor com Carlos V e Filipe II. O centralismo dos Estados Nacionais nascentes torna-os Absolutistas, entretanto, no final do século XVI, Portugal cai sob domínio da Espanha e perde muitas de suas colônias na Ásia para os Países Baixos.
No Reino Unido, a Guerra civil inglesa e a Revolução Gloriosa põem fim ao Absolutismo nesse país e dão o poder político a classe burguesa, na primeira monarquia constitucional do mundo.
Na França, literatos e filósofos como Voltaire, Montesquieu, Jean-Jacques Rousseau, Denis Diderot e Jean le Rond d’Alembert criticam as arbitrariedades da Igreja, dos nobres e dos reis e o século XVIII culmina com a Revolução Francesa.
[editar] Idade Contemporânea
No início desse período Napoleão Bonaparte conquistou boa parta do continente europeu dando forma ao Império Napoleônico. Com a derrota definitiva deste na Batalha de Waterloo, as potências da época, reunidas no Congresso de Viena redefiniram as fronteiras políticas da Europa. Em oposição à política de Restauração ocorrem as Revoluções de 1830 e em seguida as Revoluções de 1848 de caráter democrático.
Por essa ocasião surgem duas novas potências na Europa, a Alemanha e a Itália. Ambos os países iriam participar no neo-colonialismo e na partilha da África por parte dos países europeus.
Em conseqüência desse novo colonialismo, as potências européias entram em guerra na Primeira Guerra Mundial, perdendo sua hegemonia política para os Estados Unidos da América, e com o surgimento dos regimes totalitários, na Segunda Guerra Mundial.
No leste europeu acontecia a primeira revolução socialista da história a ter sucesso no Império Russo, a Revolução Russa de 1917. Essa revolução tirou a Rússia da Primeira Guerra Mundial e a transformou em uma potência até o fim da Segunda Guerra Mundial. Como conseqüência, alguns países do leste europeu adotaram o sistema socialista e juntaram-se à União das Repúblicas Socialistas Soviéticas enquanto a Europa Ocidental continuava adotando o sistema capitalista defendido pelos Estados Unidos de forma que o continente se viu dividido em dois blocos opostos, durante a Guerra Fria, divisão melhor representada pelo Muro de Berlim.
Com a queda da União Soviética e o fim da Guerra Fria em 1989, a Europa partiu para o caminho da integração regional com a União Européia, caminho seguido até os dias atuais com a inclusão de novos membros no bloco.
[editar] Ver também
[editar] Referências
[editar] Notas
- ↑ Franco Júnior, Hilário. A Idade Média: Nascimento do Ocidente. São Paulo: Brasiliense, 2001.
[editar] Bibliografia
- Lebrun, François, e Carpentier, Jean, História da Europa, Lisboa, Editorial Estampa, 1996, ISBN 972-33-1085-6
- Dreyfus, F.-G., Marx, Roland et Poidevin, Raymond, História Geral da Europa, vol. III, (trad.), Lisboa, Publicações Europa-América, s.d.
- Livet, Georges, e Mousnier, Roland, História Geral da Europa, Mem-Martins (dir.), Publicações Europa-América, 1996.
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