História da França
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Este artigo apresenta uma visão geral e tópicos acerca da história da França.
As culturas mais antigas registradas são as do paleolítico (50000-8000 a.C.), que deixaram rica herança artística de pinturas rupestres, como as de Lascaux. Os gregos, no século VII a.C., estabeleceram uma colônia em Marselha e negociaram com o interior através do vale do Ródano. No século V a.C. a cultura de La Tène se estendeu do leste da Gália a todo o resto do mundo celta.
As fronteiras da França moderna são muito semelhantes às fronteiras da antiga Gália, território habitado pelos gauleses, de origem celta. A Gália foi conquistada pelos romanos no século I a.C., e os gauleses acabaram por adoptar a cultura e a língua latinas. Em 121 a.C., os romanos ocuparam Marselha, a que chamaram Massilia, e fundaram outros assentamentos no interior, que constituíram a base territorial da província romana da Gália Narbonense. Júlio César conquistou o resto da Gália entre 58 e 51 a.C., consolidando o poder romano.
Apesar de a monarquia francesa ser muitas vezes datada do século V, a existência da França como país costuma ser fixada no século IX com o Tratado de Verdun, que definiu a partilha do Império Franco de Carlos Magno nas porções ocidental, central e oriental (a central foi absorvida pelas outras duas). A parte oriental pode ser considerada a origem histórica da Alemanha; já a parte ocidental formou o país que viria a ser conhecido como França.
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[editar] Gália
Artigos principais: Guerras da Gália, Gália.
Ruínas pré-históricas, pinturas em cavernas e monumentos megalíticos atestam a longa história do assentamento humano na região que hoje é a França. Apesar de haver vestígios arqueológicos que datam o início da presença humana na era do Paleolítico (cem mil anos), a origem da França como país poderá ser situada no ano de 1200 a.C., ano em que se iniciou a ocupação do território entre o canal da Mancha e os Alpes e o oceano Atlântico e o rio Reno pelos Gauleses (povo de origem celta), que foi batizado de Gália. A área conhecida pelos romanos como Gália foi conquistada pelos exércitos de Júlio César e seus habitantes nativos foram completamente romanizados por séculos de ocupação. O cristianismo propagou-se na Gália desde o fim do século I.
Os francos eram uma tribo germânica conhecidas pelos romanos, provavelmente originária da Panonia, uma região do território onde hoje se situa a Hungria, e que mais tarde se mudaram para o oeste, para ocupar a região da Frísia, onde hoje estão os Países Baixos. Em meados do século IV da nossa era, na época da decadência do Império Romano, o imperador Juliano, para pacificar estas tribos lhes cedeu a Gália, e os francos se incorporaram ao império como um aliado federado. Ao contrário de outras tribos germânicas, eles não abandonaram sua terra natal, mas a anexaram à Gália.
Clóvis I ou Clodoveu I (465-511), um chefe franco que em 496 se converteu ao catolicismo, derrotou os últimos exércitos romanos na Gália e unificou os francos por volta de 509, tornando-se o governante de grande parte da Europa Ocidental. Durante os próximos 1000 anos, esse reino franco se tornaria a moderna nação francesa. Os francos tinham se unido aos povoadores celtas da Gália, os gauleses, e ambos os grupos indo-europeus constituíram a origem da nação da França. No entanto, os francos deixaram uma marca mais forte que a dos gauleses, pelo menos no nome do país: etimologicamente, França significa ´terra dos francos´.
[editar] Alta Idade Média
Artigos principais: Francos, Tratado de Verdun, Renascença carolíngia.
[editar] Merovíngios
O Reino de Clóvis foi dividido, após a sua morte, entre seus quatro filhos, de acordo com o costume. Isso levou a vários séculos de conflitos civis e lutas entre os herdeiros que reivindicavam o trono. Na época, reis da Nêustria e da Austrásia combateram-se sem piedade, enquanto crescia o poder de seus súditos, cujos chefes se tornaram mordomos de palácio (ou prefeito do palácio) e reduziram pouco a pouco os soberanos merovíngios (descendentes de Clóvis) ao papel de reis indolentes. Pelo fim do século VII, os reis merovíngios eram governantes apenas de nome. Nessa época, um mordomo do palácio (o governante por trás do trono), Pepino de Herstal, mostrando-se superior a seus rivais, estendeu com êxito sua autoridade sobre os ducados francos da Nêustria e da Borgonha. No começo do século VIII, Carlos Martel tornou-se prefeito (ou mordomo) do palácio. Ele converteu os francos em uma força cavaleira e lutou tão bem que seus inimigos lhe deram a alcunha de Carlos, o Martelo. Em 732, a cavalaria dos francos derrotou os invasores muçulmanos vindos do norte da Espanha na Batalha de Poitiers, brecando definitivamente o avança do Islã do sudoeste.
[editar] Os Carolíngios
O filho de Carlos Martel, Pepino, o Breve, foi feito rei dos francos pelo Papa, em retorno da ajuda para defender os italianos dos lombardos. Pepino fundou a dinastia dos Carolíngios, e o maior governante dessa dinastia foi Carlos Magno, que reinou de 768 até 814. Carlos Magno, coroado imperador do Ocidente, em Roma, pelo Papa no ano 800, foi um soberano enérgico, protetor das letras, e submeteu os saxões, ávaros e lombardos. Ele expandiu o Reino Franco em um império que foi responsável pelo renascimento da cultura e conhecimento no Oeste. Mas seu vasto império, cuja coesão já se via ameaçada no reinado do seu filho Luís, o Piedoso (Ludovico Pio). Luís decretou em 817 que seu filho mais velho, Lotário I, herdaria o Império e que seus três filhos mais jovens, Pepino de Aquitânia, Luís II, o Germânico, e Carlos, o Calvo, teriam reinos a ele subordinados. A divisão deu lugar a uma série de conflitos que só foram resolvidos em 843, com o Tratado de Verdun. A parte a oeste do Escalda, do Mosa e do Ródano (Francia Occidentalis) viria a ser a França. Carlos II, o Calvo, que a herdou, teve dificuldade em submeter os condes e proteger o império contra as incursões escandinavas. Posteriormente, os vários reinos transformaram-se em duas grandes partes.
Os reis posteriores gradualmente perderam o controle da França. O poder central estava ameaçado por guerras civis, conflitos fronteiriços e incursões vikings. O regime feudal impôs-se pela necessidade de defesa comum. Só era possível levantar dinheiro e soldados fazendo conceções aos donos de terras. Os feudos tornaram-se hereditários e seus donos transformaram-se em Senhores Feudais em relação à seus próprios vassalos. Pelo século X, a França estava dividida em domínios feudais, que agiam como Estados independentes. Na desordem desse século, os descendentes do conde Eudes, defensor de Paris (888-898), pouco a pouco levaram vantagem sobre os fracos soberanos da dinastia carolíngia.
A desunião dos francos facilitou as incursões dos vikings que, em 911 e sob o comando de Rollon, obtiveram de Carlos III, o Simples, o território do curso inferior do Sena, que recebeu o nome de Normandia.
[editar] Baixa Idade Média
Artigos principais: Guerra dos Cem Anos, Dinastia Capetiana, Casa de Valois, Jacquerie.
Os sucessores de Carlos Magno dirigiram a França até 987, quando, após a morte de a morte de Luís V, a nobreza francesa elegeu Hugo Capeto (Duque de França e conde de Paris) rei da França principalmente porque seus feudos centrados em Paris eram fracos e achava-se que ele não representava ameaça. Hugo Capeto (987-996) fundou a linha dos reis capetíngeos, que, durante dois séculos, trabalharam para reassumirem gradualmente o poder tornando as estradas reais seguras, adquirindo terras para seu domínio, encorajando o comércio e dando títulos para novas cidades e feudos em terras vacantes. Do ano 987 até 1328, a coroa foi transmitida sem interrupções na linha masculina direta.
Aliando-se a Igreja, os capetíngeos ganharam uma forte posição moral e se beneficiaram da influência cultural, política e social da mesma. Administradores reais foram tornaram-se leais ao rei e mais eficientes quando eliminou-se a hereditariedade dos cargos públicos.
[editar] Os Capetos
Os capetos, a princípio, revelaram-se reis muito fracos. Hugo Capeto, Roberto II, o Piedoso (996-1031), Henrique I (1031-1060), Filipe I (1060-1108) dispunham apenas de um domínio limitado em face dos grandes senhores feudais, praticamente autônomos, tendo ainda de lutar contra os reis da Inglaterra, duques da Normandia. Luís VI, o Gordo (1108-1137), e Luís VII, o Jovem (1137-1180), esforçaram-se por restaurar a autoridade real. Evitaram prudentemente tomar parte muito ativa nas Cruzadas, favoreceram as comunas e ampliaram pouco a pouco o domínio real. Luís VI, consolidou o poder real na Ile-de-France, região com centro em Paris, que era o feudo hereditário da família.
Começando com Filipe II Augusto (1180-1223) em 1180, três bons governantes tornaram a França uma das nações mais importantes da Europa. Eles aperfeiçoaram o funcionamento do governo, incentivaram o crescimento do comércio, coletaram tributos com eficiência e fortaleceram suas posições à cima da hierarquia feudal. Apesar de uma assembléia nacional, chamada de Estates General, ter sido estabelecida, ela não tinha poder de fato e foi sucessivamente ignorada.
Filipe II por intermédio de seu primeiro matrimônio, conseguiu novos territórios no norte da França — Artois, Valois e Vermandois. Também assegurou o controle real sobre Vexin, uma área pequena, porém vital, no rio Sena, por constituir a fronteira entre a Normandia e a Ile-de-France. Em 1204, empreendeu a conquista militar da Normandia e de Anjou. Em 1205, recuperou dos ingleses a Touraine. Em 1214, o monarca francês assegurou os territórios conquistados ao vencer uma coligação formada por Inglaterra, Flandres e o Sacro Império Romano-Germânico na batalha de Bouvines.
Luís VIII, o Leão, dirigiu uma campanha que terminou com a expansão do domínio real em direção à costa mediterrânea. A obra de Filipe Augusto foi continuada por São Luís (1226-1270), que fez reinar a paz e a justiça e foi tomado como árbitro pelos príncipes estrangeiros. Enquanto os capetos se dedicavam à missão de "unificadores de terras" e fortaleciam sua autoridade, o mundo feudal desagregava-se paulatinamente; a uma economia fechada sucedia a renovação comercial. Por outro lado, os cistercienses contribuíam para o desenvolvimento cultural; a arte romana e a arte gótica marcaram o início das influências artísticas orientais. À era da romanidade sucedeu a dos nacionalismos. Filipe IV, o Belo (1285-1314) foi o último dos grandes reis Capetos e fortaleceu amplamente os poderes régios defendendo a independência da Coroa contra as pretensões temporais do Papa. O rei anexou com êxito o Franco Condado, Lyon e partes da Lorena, mas fracassou em seu objetivo de controlar Flandres. A intervenção de Felipe IV em Flandres foi bastante onerosa, o que o levou a tentar gravar com impostos o clero, provocando agudo conflito com o papa Bonifácio VIII.
Entre 1314 e 1328, três filhos de Felipe IV — Luís X (e seu filho João I, o Póstumo, que só viveu alguns meses), Filipe V e Carlos IV, o Belo — subiram ao trono sucessivamente e todos morreram sem deixar nenhum herdeiro varão. Com a morte de Carlos IV, a coroa passou ao sobrinho de Filipe IV, Filipe de Valois, que reinou como Filipe VI de 1328 a 1350, começando a dinastia Valois.
[editar] Idade Moderna
Artigos principais: Antigo Regime, Huguenotes, Massacre da noite de São Bartolomeu, Luís XIV de França
[editar] A Guerra dos Cem Anos
O rei inglês Eduardo III, em 1337, reivindicou a condição de herdeiro do trono francês, por ser neto de Felipe IV, e os dois reinos entraram em conflito, iniciando-se a Guerra dos Cem Anos (1337-1453). Nos séculos XIV e XV, a dinastia dos capetos, representada desde Filipe VI (1328) pelos Valois, foi contida em seus progressos pela Guerra dos Cem Anos, para decidir a quem pertencia as terras francesas que foram herdadas pelos reis ingleses. A guerra foi assinalada pelas derrotas de Crécy (1346), Poitiers (1356) e de Azincourt (1415). Os esforços de Carlos V (1364-1380), prudente administrador, ajudado por Du Guesclin, não conseguiram expulsar completamente os ingleses da França.
A segunda metade do século XIV foi um período marcado por várias manifestações de mal-estar social. Com uma economia deprimida, os custos da guerra continuaram a se avolumar. Durante este período os Estados Gerais, convocados pela primeira vez por Filipe V, conseguiram grande poder.
Durante o reinado do demente Carlos VI (1380-1422), o rei inglês Henrique V invadiu a França, derrotou o exército francês na batalha de Azincourt e tomou o controle da maior parte da França ao norte do Loire. Após o reinado de Carlos VI e das discórdias sangrentas dos Armagnacs e Bourguignons, Joana d'Arc salvou a França, que o rei Carlos VII (1422-1461) restaurou e dotou de um exército permanente. A Inglaterra perdeu as suas possessões francesas, exceto a cidade portuária de Calais, no Nordeste da França. A vitória francesa assinalou o rei como a mais poderosa força política na França. No fim do século XV, com a conquista da Bretanha e da Borgonha, o território francês aproximou-se da atual configuração.
[editar] Os Valois e Bourbons
Após Carlos VII, Luís XI (1461-1483), inimigo implacável dos grandes vassalos, consolidou a autoridade real, pôs fim ao poderio do ducado da Borgonha (Carlos, o Temerário) e utilizou as receitas reais para proteger, facilitar e estimular o desenvolvimento econômico. Seu sucessor, Carlos VIII, rei de 1483 a 1498, casou-se com Ana, duquesa da Bretanha. Graças a esse casamento, o último principado feudal independente se incorporou à Coroa francesa. Carlos VIII, entretanto, comprometeu a França com as guerras da Itália, que prosseguiram sob Luís XII (1498-1515) e sob Francisco I (1515-1547).
No final do século XV, a França havia superado as divisões territoriais de seu passado feudal e virou uma monarquia nacional que incorporava a maioria dos territórios compreendidos entre os Pirenéus e o canal da Mancha. Na metade do século seguinte, a paz interna e o crescimento da economia elevaram a posição social dos grandes comerciantes, dos banqueiros e dos cobradores de impostos, enquanto a nobreza, dependente de receitas fixas e com as dívidas em aumento, viu como a inflação ameaçava seu poder econômico e social.
Os três primeiros monarcas do período — Carlos VIII, Luís XII e Francisco I — aproveitaram o forte crescimento da nação e a estabilidade interna para reclamar pelas armas o reino de Nápoles e o ducado de Milão. Na década de 1520, as guerras italianas se transformaram em ampla disputa entre a França e a dinastia dos Habsburgo, reinante na Espanha e na Áustria, um enfrentamento que continuou de forma intermitente durante um século e meio. As guerras italianas terminaram com a Paz de Cateau-Cambrésis (1559), negociada pelo filho de Francisco I, Henrique II.
O aumento da população, sem o correspondente aumento da produção, e a inflação monetária, levaram a maioria do povo à pobreza. A Reforma protestante, que se propagou a partir da Alemanha durante o reinado de Francisco I, havia atraído muitos seguidores; mas nas décadas de 1540 e 1550, os postulados e doutrinas de João Calvino conseguiram o apoio de muitos partidários entre a nobreza e o povo simples. Henrique II considerou o calvinismo uma ameaça à autoridade real e tentou acabar com ele. Sob o reinado dos três filhos que lhe sucederam, as guerras de religião (onde se misturaram conflitos religiosos, políticos e dinásticos) dilaceraram o país.
Sob as dinastias Valois e Bourbon, a França levantou-se para contestar a hegemonia européia nos séculos XVI a XVIII, principalmente nas guerras de Luís XIV.
Os últimos Valois, Francisco II (1559-1560), Carlos IX (1560-1574) e Henrique III (1574-1589), governaram sem autoridade um reino assolado por discórdias civis. O século XVI foi marcado por inúmeras guerras civis de cariz religioso, provocadas pela expansão do protestantismo. Em 1584, Henrique de Navarra, descendente de Luís IX e chefe dos huguenotes (nome que receberam os protestantes franceses) passou a ser o herdeiro do trono, ao qual ascendeu com o nome de Henrique IV (1589-1610), estabelecendo a dinastia dos Bourbon no trono francês. Só com Henrique IV, que acabaria por se converter ao cristianismo em 1593, foi possível pôr um fim ao conflito religioso. Pelo edito de Nantes (1589), que garantia a liberdade de consciência, restabeleceu a paz religiosa na França e, ajudado por Sully, desenvolveu a prosperidade material e restaurou a autoridade real.
Sanada a instabilidade interna, a França rapidamente se tornou uma forte potência europeia e ultramarina durante o século XVII, graças a conselheiros reais como os cardeais Richelieu e Mazarino. Após o sucesso da política de Mazarino na guerra dos Trinta Anos (Tratado de Vestefália) e a despeito das perturbações da Fronda (1648-1653), Luís XIV (1643-1715), autodenominado Rei-Sol, já era, na sua coroação, o senhor absoluto da França e o soberano mais poderoso da Europa. Seu reinado foi uma época de glória militar, literária e artística; mas, malgrado a sábia administração de Colbert e as hábeis reformas militares de Louvois, a situação da França e da realeza viu-se comprometida por guerras muito freqüentes, a última das quais terminou com o Tratado de Utrecht (1713).
Entretanto, graças a Luís XIV, a França foi acrescida do Franco Condado e de uma parte das Flandres. Ao mesmo tempo, as instituições tradicionais fortaleceram-se no sentido de maior centralização. No século XVIII, os defeitos pessoais de Luís XV (1715-1774) e os reveses de sua política exterior (guerra dos Sete Anos, perda da Índia e do Canadá) fizeram sentir a necessidade de reformas. O movimento filosófico contribuiu largamente para solapar as idéias de autoridade e de dogmatismo; por outro lado, a expansão econômica geral dava à burguesia a consciência de estar afastada da direção do país pelas classes privilegiadas.
[editar] Idade Contemporânea
[editar] Revolução Francesa
Artigos principais: Antigo Regime, Luís XIV de França, Revolução Francesa, Napoleão Bonaparte, Revolução de 1830, Revolução de 1848
Governo fraco, guerras dispendiosas, a rivalidade colonial com a Inglaterra e os excessivos privilégios do clero e da nobreza quebraram as finanças da monarquia e uma crescente insatisfação popular culminou na Revolução Francesa (1789). Em 1789, os representantes do povo nas Cortes convocadas por Luís XVI proclamaram a constituição da Assembleia Nacional, o primeiro passo na direção da monarquia constitucional. Contudo, Luís XVI não se mostrou disposto a colaborar com esta reforma política, provocando uma reação violenta por parte da população, cujo clímax se registou com a tomada da Bastilha em 14 de Julho de 1789. A igualdade civil foi estabelecida na noite de 4 de Agosto de 1789, e o regime feudal abolido; foram proclamados os direitos do homem. Fez-se então, com a Assembléia Legislativa (1791-1792), uma tentativa de monarquia constitucional, que fracassou, ocasionando a queda da realeza (10 de Agosto de 1792). Em seguida, através das crises e violências do Terror, a Convenção (1792-1795) salvou a França da invasão estrangeira. Contudo, a fraqueza dos sucessivos governos abriu caminho para o governo de Napoleão Bonaparte.
[editar] Napoleão Bonaparte
Bonaparte organizou uma administração centralizada e sancionou no Código Civil (1804) as reformas sociais de 1789. A Primeira República (1792-1804), criada após a queda da monarquia Bourbon, durou até o Primeiro Império (1804-1814), sob o domínio de Napoleão I, quando a França tornou-se a potência política dominante na Europa. Napoleão teve de travar contra a Inglaterra e outros países da Europa uma luta ininterrupta, mas o bloqueio continental, o recrutamento e os impostos tornaram-no impopular. Em 1814, sob os golpes dos Aliados, o Império francês desmoronou, e a França reencontrou suas fronteiras de 1792. Depois da queda de Bonaparte, os Bourbons reinstalaram-se no trono - |Luís XVIII (1814-1824), Carlos X (1824-1830) - apesar de uma breve tentativa de restabelecimento do Império (os Cem Dias, 1815).
[editar] As Revoluções de 1830 e 1848
O predomínio na sociedade francesa da aristocracia fundiária, fiel às idéias do Antigo Regime, entretanto, provocou a queda de Carlos X (1830) e o advento de uma realeza burguesa. O reinado de Luís Filipe (1830-1848) foi marcado pela supremacia política e econômica da burguesia. A monarquia durou até a abdicação de Luís Filipe (1848). Durante este período, tendo perdido influência na Índia e no Canadá, a França começou a criar um império ultramarino no norte da África.
[editar] Século XIX
Artigos principais: Napoleão III de França, Luís Filipe I de França, Revolução de 1848, Guerra franco-prussiana, Caso Dreyfus, Comuna de Paris, Império colonial francês.
[editar] A Segunda República e o Segundo Império
As jornadas de fevereiro de 1848, que criaram a Segunda República, estabeleceram o sufrágio universal, mas as jornadas de junho de 1848, marcadas pela revolta operária, lançaram novamente a República no conservadorismo. A Segunda República durou até 1852, quando Luís Napoleão Bonaparte, sob o título de Napoleão III, proclamou o Segundo Império (1852-1870). Deu-se então a expansão do império francês, particularmente no sudeste asiático e no Pacífico. Do Segundo Império resta a lembrança de uma prosperidade material, de um desenvolvimento da indústria e do comércio, mas também de uma política exterior ao mesmo tempo idealista e eficiente, que terminou com a desastrosa guerra franco-prussiana de 1870-1871.
[editar] A Terceira República
A Terceira República (1870-1940) foi criada após a captura e exílio de Napoleão III e a derrota francesa na Guerra franco-prussiana. Após o fracasso da Comuna de Paris (1871), a Terceira República mostrou-se inicialmente conservadora, com Thiers e Mac-Mahon. O fracasso da Restauração monarquista obrigou a Assembléia Nacional a dotar a França de leis constitucionais (1875), cuja aplicação favoreceu os republicanos. Estes tornaram-se senhores do país quando, em 1879, Jules Grévy foi eleito presidente da República.
Apesar das perturbações provocadas pelo boulangismo (1885-1889), pelo escândalo do Panamá (1888-1893) e pelo Caso Dreyfus (1894-1899), a República manteve-se, e seus dirigentes concluíram um programa de reformas democráticas. No exterior, a política caracterizou-se pela conclusão de uma aliança com a Rússia (1894), de uma entente cordiale com a Inglaterra (1904) e pelo empreendimento da expansão colonial. A França participou da Conferência de Berlim (1884) sobre a África e em 1914 dominava o Marrocos, Tunísia, Madagáscar e grandes áreas da África Ocidental Francesa e da África Equatorial Francesa. O país participou do progresso da economia industrial e das técnicas.
[editar] Século XX
Artigos principais: Primeira Guerra Mundial, Segunda Guerra Mundial, França de Vichy, Charles de Gaulle, Guerra da Argélia, União Europeia.
Após o fortalecimento da Terceira República através das eleições de 1879, a França só encontrou a estabilidade em 1899, com a subida ao poder de uma coligação entre o Partido Radical e o Partido Moderado, permitindo um período de desenvolvimento econômico e social que seria interrompido em 1914 com uma guerra provocada pela Alemanha (a Primeira Guerra Mundial), da qual saiu vitoriosa, mas esgotada (1918).
Uma vez assinado, o Tratado de Versalhes (1919) não foi respeitado; os alemães recusaram-se a pagar as indemnizações, e Poincaré ordenou a ocupação do Ruhr (1923). Enquanto a política exterior francesa, sob a influência de Briand, se caracterizava por sua ligação com a Sociedade das Nações e por seu desejo de reconciliação com a Alemanha, a política interior era abalada por lutas partidárias e pela instabilidade ministerial. A situação financeira, estabilizada em 1928, tornou-se angustiante em 1932, quando a França foi afetada pela crise econômica mundial. Em 1938, a Alemanha anexou a Áustria, depois a região dos Sudetos e a Tchecoslováquia (1939). A França reagiu de comum acordo com a Inglaterra, quando os exércitos alemães penetraram na Polônia, e declarou guerra ao Reich (3 de Setembro de 1939).
[editar] França ocupada/ França de Vichy/ França Livre
Em 1939 começou a Segunda Guerra Mundial. A Terceira República caiu em maio de 1940, após a derrota para a Alemanha nazista e a destituição do presidente Albert Lebrun. O norte da França foi ocupado pelos alemães; a França não-ocupada estava sob o governo colaboracionista de Vichy, sob a liderança do marechal Philippe Pétain, e o governo da França Livre foi proclamado em Londres. Na zona livre, em Vichy, a maioria da Assembléia Nacional concedeu plenos poderes ao marechal Pétain para elaborar uma nova Constituição do "Estado francês". O governo de Vichy adotou uma política de colaboração com os vencedores, que aumentaram sua influência sobre o país.
A França foi libertada pela ação dos Aliados e da Resistência Francesa (organizada em Londres pelo general Charles de Gaulle). Quando os Aliados desembarcaram na África do Norte, em novembro de 1942, revidaram ocupando a zona livre metropolitana (o que acarretou o afundamento da frota francesa em Toulon). A Resistência, não obstante, desenvolveu-se e organizou-se. Em maio de 1943, o general De Gaulle chegou a Argel: um Comitê francês de libertação nacional foi criado em 3 de Junho de 1944 e transformado em governo provisório da República Francesa. Em 6 de Junho de 1944, os Aliados desembarcaram na Normandia e avançaram em direção a Paris, que foi libertada em 25 de Agosto. O governo provisório, presidido por De Gaulle, lá se instalou imediatamente.
[editar] A Quarta República
Artigo principal: Quarta República Francesa
Até 1947, a França foi governada pelo Governo Provisório. Em desacordo com a maioria da primeira Assembléia constituinte, o general De Gaulle pediu demissão em janeiro de 1946. Segue-se o estabelecimento da Quarta República com Vincent Auriol como presidente. A Constituição de 1946, adotada por referendo, entrou em vigor em janeiro de 1947. No interior, a Quarta República estava à mercê da instabilidade ministerial. Em 1953, a eleição do segundo presidente da República, René Coty, somente foi obtida no décimo terceiro escrutínio.
Na década de 1950 destacam-se dois quadros: o rápido desenvolvimento econômico do país, cuja taxa de crescimento simultaneamente igualava a registada pela Alemanha e ultrapassava a média europeia; e a proliferação dos movimentos independentistas nas diferentes colônias francesas, muitos dos quais conduzindo a situações de guerra aberta entre a França e aqueles movimentos. Seria esta última conjuntura a estar na base da instabilidade política interna verificada no fim da década de 1950, por ação, nomeadamente, dos grupos extremistas argelinos. O conflito indochinês (1946-1954), a agitação na Tunísia (1952) e no Marrocos (1953-1956), o desenvolvimento, a partir de 1954, da rebelião argelina, deterioram progressivamente a autoridade da Quarta República, que sofria ainda a carga de uma rápida inflação. Em maio de 1958, manifestou-se uma crise governamental particularmente grave, enquanto em Argel se criava um "Comitê de Salvação Pública".
[editar] A Quinta República
Artigo principal: Quinta República Francesa
Esta instabilidade permitiu o reaparecimento político de Charles de Gaulle que, sob a sua auréola de grande herói da Segunda Guerra Mundial, se assumia perante os franceses como o único capaz de pôr fim à situação vigente, o que favoreceu a aceitação dos seus conceitos sobre o funcionamento executivo do país, ou seja, o estabelecimento do regime semi-presidencial que concedia ao presidente amplos poderes executivos. Em 1 de Junho, o general De Gaulle foi chamado à presidência do Conselho. A carismática liderança de Charles de Gaulle (1959-1969) instaura a Quinta República (1958-hoje) em substituição à Quarta República (1946-1958). Em 28 de Setembro foi promulgada a Constituição da Quinta República, que fortaleceu a autoridade do chefe de Estado. Em 21 de Dezembro de 1958, o general De Gaulle foi eleito presidente da República. Guerras demoradas e caras levaram à descolonização da Indochina (1954) e da Argélia (1962), enquanto a partir de 1956 o resto do império africano ganhou independência crescente.
Quando em 1962, após o fim das guerras coloniais, os líderes partidários começaram a planear a restituição à Assembleia Nacional dos poderes cedidos em 1959, Charles de Gaulle decidiu fazer a sua própria revisão constitucional, da qual constava a eleição por sufrágio universal do presidente da República, o que foi aprovado em referendo realizado a 28 de Novembro de 1962, a que se seguiu a reeleição de Charles de Gaulle, após uma segunda votação de desempate, em 19 de Dezembro de 1965, em que tinha como opositor François Mitterrand.
De Gaulle criou uma força atômica francesa e adotou uma política externa independente. Como potência nuclear, recusou-se a assinar o tratado de banimento de testes nucleares (1963) e retirou-se formalmente da OTAN em 1966. Apesar da consolidação político-financeira, quer ao nível interno, quer ao nível externo, Charles De Gaulle viu-se confrontado, em maio e junho de 1968, com graves crises sociais, numa primeira fase, de origem universitária, desenvolvendo-se para movimentos sindicalistas, que perturbaram toda a França e, finalmente, levaram à dissolução da Assembleia Nacional por decisão de Gaulle. As consequentes eleições antecipadas deram uma larga vitória aos gaulistas. Contudo, De Gaulle decidiu colocar em referendo uma série de emendas constitucionais. Após o referendo que rejeitou o projeto de regionalização e uma reforma do Senado, o general De Gaulle renunciou em 28 de Abril de 1969. Apesar de tudo, o sistema presidencialista imposto por Charles de Gaulle manteve-se desde então.
Os gaulistas mantiveram-se no Poder com a eleição de Georges Pompidou, que apoiou a extensão da Comunidade Européia. Com sua morte em 1974, sucedeu-lhe Valéry Giscard d'Estaing (candidato conservador), que enfrentou os problemas de inflação e recessão. Em 1981 foi eleito presidente o lider partidário socialista François Mitterrand, graças às reformas propostas ao eleitorado: a nacionalização de um largo setor da economia (incluindo bancos privados e as grandes indústrias), a descentralização administrativa em favor dos executivos locais e regionais e o aumento dos benefícios sociais (pensões, reformas, etc.), entre outras. Estas reformas foram postas em prática após a vitória socialista para a Assembleia Nacional (que tinha sido dissolvida por Mitterrand). Embora nos primeiros anos estas medidas tenham sido benéficas, a crise internacional impediu o completo sucesso deste programa de reformas, minando a popularidade dos socialistas, o que levaria à vitória de Jacques Chirac nas eleições legislativas de 1986. A França enfrentava, então, a possibilidade de uma crise política derivada da coabitação entre um presidente socialista e um primeiro-ministro de direita, mas tal não aconteceu graças à liberdade executiva que Mitterrand concedeu a Chirac, optando este pelo respeito absoluto do papel constitucional concedido ao presidente. Esta estratégia daria a Miterrand a vitória nas eleições de 1988, em que derrotou Jacques Chirac, cuja popularidade tinha decrescido nos dois anos precedentes por causa da sua política de inverter as reformas socialistas do início da década.
No conflito do Golfo Pérsico, a França enviou soldados e participou ativamente da aliança multinacional encabeçada pelos EUA. Em 1991, Edith Cresson, nomeada por Mitterrand, tornou-se a primeira mulher a ocupar o cargo de primeiro-ministro da França; foi substituída em 1992 por Pierre Bérégovoy, que por sua vez foi substituído em 1993 por Edouard Balladur, este sucedido em 1995 por Alain Juppé. Em 1994, foi inaugurado o túnel sob o canal da Mancha, ligando a França à Grã-Bretanha (Eurotúnel).
O segundo mandato de Mitterrand teve como maior preocupação o papel político e econômico da França no seio da Comunidade Europeia, sobretudo tendo em conta o fortalecimento da CE previsto para 1992. Deste modo se explica a política de aproximação levada a cabo pela França à Alemanha, no que ficou conhecido por "Eixo Paris-Bona". O plebiscito realizado pelo presidente Mitterrand em 1992 endossou por estreita maioria o Tratado de Maastricht. O decorrer deste mandato revelou-se penoso para o presidente francês, não só pelas dúvidas levantadas em relação à possível colaboração deste com o Governo de Vichy (1940-1944), mas também por causa da sua prolongada doença, que o levaria à morte no início de 1996.
Uma série de escândalos de corrupção envolvendo membros do Governo socialista estiveram na base da viragem política registada em França, culminando com a eleição de Jacques Chirac para presidente da República nas eleições presidenciais de 1995. O Partido Socialista venceu as eleições parlamentares de 1997, e Lionel Jospin tornou-se primeiro-ministro.
[editar] Século XXI
Nas eleições presidenciais de junho de 2002, Chirac foi eleito com mais de 80% de votos, embora Jean-Marie Le Pen, candidato da extrema-direita, tivesse chegado à segunda volta. Nas eleições regionais francesas de 2004, a esquerda derrotou o centro-direita de Jacques Chirac, embora estas eleições não afetassem a composição do Parlamento francês eleito em 2002. As eleições de 2007 têm lugar em 22 de Abril, sendo os principais candidatos Nicolas Sarkozy, Ségolène Royal, François Bayrou e Jean-Marie Le Pen.
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