Geografia
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A Geografia é uma ciência que tem por objeto de estudo o espaço; não o espaço cartesiano, mas o espaço produzido através das relações entre o homem e o meio, envolvendo aspectos dialéticos e fenomenológicos. Para Vidal de La Blache Geografia é a Ciência dos Lugares, já Hartshorne diz ser a ciência da diferenciação de áreas.
A concepção dialética do espaço geográfico entende que a natureza humanizada influencia e é influenciada pela sociedade que produz e reproduz o seu espaço.
Uma definição simples poderia ser: Geografia é o estudo da superfície terrestre e a distribuição espacial de fenômenos geográficos, frutos da relação recíproca entre homem e meio
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[editar] Ontologia
Há muitas interpretações do que seria o objeto geográfico. Ratzel afirma que a Geografia estuda as relações recíprocas entre sociedade e meio, entre a vida e o palco de seus acontecimentos. Filósofos que buscaram criar uma ontologia marxista como Georg Lukács, influenciaram a construção de um modelo de análise do objeto da Geografia. Milton Santos se debruçou sobre a construção de um modelo ontológico, explicitado na análise dialética do movimento da totalidade para o lugar.
Uma afirmação comum é de que Há tantas geografias quanto forem os geográfos. Apesar de as múltiplas possibilidades de orientações teórico metodológicas caminharem em direções diferentes, deve-se respeitar a caracterização da Ciência Geográfica e as formulações acerca de seu objeto.
Cabe ainda afirmar que a distinção entre Geografia Humana e Geografia Física se refere aos ramos da Ciência Geográfica, pois as Geograficidades não apresentam essa fragmentação, decorrente exclusivamente da construção do conhecimento sobre a realidade.
[editar] Epistemologia
A Geografia como ciência surge sob forte influência do Positivismo Lógico. E essa condição se expressa em grande parte nos estudos de geografia até hoje. Entretanto a Ciência evoluiu e transformou as suas orientações teórico-metodológicas.
Com o surgimento da discussão a respeito de um estatuto próprio para as Ciências Humanas, a Geografia sente a necessidade de revisar sua epistemologia. Os críticos do positivismo, sob influência do Historicismo de Hegel e Dilthey, afirmavam ser impossível manter a objetividade e a neutralidade do conhecimento científico. Um exemplo claro é a idéia de Incomensurabilidade do Conhecimento, de Thomas Kuhn, na qual afirma a impossibilidade de separar os conceitos e juízos de valor do conhecimento dito neutro.
Ainda no contexto do embate historicismo x positivismo surgem dois grandes nomes da Geografia: Friedrich Ratzel e Vidal de La Blache. O primeiro, influenciado por Ritter e Haeckel, se notabilizou pelos estudos de Geografia Política e de alguma forma ajudou a consolidar a Geografia de Estado. Já o outro, empiricista, trabalhou principalmente sobre o conceito de Gênero de Vida e afastou s Geografia das relações com a sociologia, então representada pela morfologia social de Émile Durkheim. Essa condição é exemplificada na famosa definição: Geografia é a ciência dos lugares e não dos Homens. La Blache e Ratzel representavam respectivamente as escolas Francesa e Alemã em uma época em que as universidades se fecharam em seus próprios países criando escolas nacionais. Lucien Febvre, historiador francês, em seu livro A Terra e Evolução do Homem, criou uma imagem reducionista deste conflito teórico-ideológico, através da criação do conceitos de escolas geográficas: Determinismo e Possibilismo. Essa consideração reducionista contribuiu para criar imagens errôneas sobre os dois autores, e por muito tempo Ratzel foi entendido como simples determinista geográfico e La Blache como um simples possibilista geográfico. Hoje essa concepção foi superada e o recorte abstrato de Febvre foi relativizado, na medida em que nenhum dos dois Geógrafos enquadrava-se completamente nas escolas a eles atribuídas.
Durante a renovação pragmática no EUA, surgiu uma corrente chamada Geografia Teorética, na qual os métodos quantitativos geográficos agem com métodos numéricos peculiares para (ou pelo menos é muito comum) a geografia. Por consequência à análise do espaço, provavelmente encontrará temas como a análise de rácios, análise discriminatória, e não – paramétrica e testes estatísticos nos estudos geográficos. Um expoente dess corrente no Brasil foi Antonio Christofoletti, co-fundador da Revista de Geografia Teorética.
Sob a influência da Fenomenologia de Husserl e Merlou-Ponty foram desenvolvidos estudos de Geografia da Percepção, que valorizam a construção subjetiva da noção de espaço perceptivo. Inter-relações com a psicologia de massas e psicanálise, entre outras áreas, garantiram uma multidiscplinalidade desses estudos na (re)construção de conceitos como horizonte geográfico, (percepção do) lugar, sociabilidade e percepçao do espaço, espaço esquizóide, entre outros. Alguns textos de Armando Correa da Silva fazem referência à Geografia da Percepção.
No final da década de 70 iniciou-se um movimento de renovação crítica da Geografia, marcado no Brasil pelo encontro nacional de Geógrafos em 1978 no Ceará. Esse movimento acompanhou a inserção do marxismo como base teórica do discurso geográfico e assimilou um arcabouço conceitual do marxismo na construção de teorias sobre a (re)produção do espaço e a formações sócio-espaciais.
No Brasil, um representante dessa corrente foi Milton Santos. O geógrafo Armando Corrêa da Silva escreveu alguns artigos sobre as possíveis limitações que uma adesão cega a essa corrente pode causar.
Na Itália, Massimo Quaini foi o principal autor a escrever sobre a relação entre a corrente marxista e a Ciência Geográfica.
O principal veículo de divulgação da Renovação Crítica da Geografia foi a Revista Antipode, criada em em agosto de 1968 nos Estados Unidos, sob a direção editorial de Richard Peet, então professor na University of British Columbia. O primeiro artigo da Revista justificava seu subtítulo – A Radical Jornal Of Geography – escrito por David Stea, “Positions, Purposes, Pragmatics: A Journal Of Radical Geography”, introduzia no mundo acadêmico um publicação que viria a ter muita importância para discussões no âmbito da ciência geográfica.
Antipode já contou a com a participação de Geógrafos como Milton Santos e David Harvey, que até hoje é um dos colaboradores, além de um grupo de cientistas do mundo todo: EUA, Canadá, Japão, Índia, Inglaterra, Espanha, África do Sul, Holanda, Suíça, Quênia, coordenados sob a editoração de Noel Castree da Universidade de Manchester (Inglaterra) e Melissa Wright da Universidade da Pensilvânia (EUA).
[editar] Cartografia
Através da produção de mapas e cartas a Cartografia se manifesta como uma linguagem essencial para a produção de imagens geográficas através de conceitos espaciais como Localização, Densidade, Distribuição, Escala, Distância. A cartografia clássica se juntou com a abordagem mais moderna de análise geográfica, baseada em sistemas de informações geográficas computadorizadas (GIS).
A cartografia estuda a representação da superfície de Terra com símbolos abstractos. Pode-se, sem muita controvérsia, dizer que a cartografia é a semente da qual nasce, um campo Maior, a Geografia. Ainda que outras subcategorias da geografia confiem nos mapas para nos mostrar a sua análise, o actual fabrico de mapas é suficientemente abstracto para ser visto separadamente.
A cartografia cresceu duma colecção de projectos e técnicas até à ciência actual. Os cartógrafos devem aprender psicologia cognitiva e ergonómica para compreender quais os símbolos conduzem a uma informação sobre a Terra mais eficaz, e psicologia do comportamento para induzir os leitores dos seus mapas a actuar de acordo com a informação. Eles devem aprender correctamente geodesia e matemáticas avançadas para perceber como a forma da Terra distorce um mapa que está projectado numa superfície plana.
Os Sistemas de Informação Geográfica (SIG) processam a informação sobre a Terra num computador, de um modo preciso e apropriado ao propósito de informar. Por esse fato, em todas as subcategorias da geografia, os especialistas de SIG devem dominar o computador e sistemas de base de dados. O SIG revolucionou o campo da cartografia de tal forma que para se fazer um mapa hoje em dia recorre-se sempre a algum tipo de software de SIG.
[editar] Geógrafo e Professor de Geografia
Profissionalmente, um Geógrafo é o profissional que cursou o Bacharelado em Geografia, legalmente habilitado através da Lei 6664/79, no qual remete-se ao registro no CREA de seu estado. A diferenciação profissional entre um Geógrafo e um Professor de Geografia é que um professor de Geografia além de ter cursado o Bacharelado, adquire também um diploma de licenciatura em Geografia .
[editar] Ver também
- Geografia Física
- Biogeografia
- Climatologia
- Geomorfologia
- Geomorfologia fluvial - Geomorfologia litorânea - Geomorfologia dinámica - Geomorfologia climatica
- Pedologia
- Oceanografia
- Hidrologia
- Glaciologia
- Regiões
- Continentes
- África - América Central - América do Norte - América do Sul - Antártida - Ásia - Europa - Oceania
- O Aquecimento Global
- Hidrografia - Hidrologia
- Oceanos - Mares - Rios - Lagos - Golfos e Baías - Bacias hidrográficas - Cataratas