Descoberta do Brasil
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O termo "Descoberta" do Brasil se refere à chegada, no ano de 1500, da esquadra comandada por Pedro Álvares Cabral ao território onde hoje se encontra o Estado brasileiro e a tomada de posse do território pelo reino de Portugal.
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[editar] A armada
Confirmando o sucesso da odisseia de Cristóvão Colombo o rei D. Manuel I depressa se aprontou em mandar aparelhar uma nova frota para a 'Índia', desta feita bastante maior que aquela usada por Gama. A nova frota era composta por treze navios e mais de mil homens. Pela primeira vez liderava uma frota um fidalgo, Pedro Álvares Cabral, filho de Fernão Cabral, alcaide-mor de Belmonte.
Sabe-se que a armada levava mantimentos para dezoito meses. Pouco antes da partida, mandou el-Rei rezar uma missa, no Mosteiro de Belém, presidida pelo bispo de Ceuta, D. Diogo de Ortiz, onde benzeu uma bandeira com as armas do Reino e a entregou em mão a D. Pedro Álvares Cabral, despedindo-se pessoalmente o rei do fidalgo e dos restantes capitães.
Vasco da Gama teria tecido considerações e recomendações para a longa viagem que se chegava: a coordenação entre os navios era crucial para não se perderem uns dos outros, pelo que recomendou ao capitão-mor disparar os canhões duas vezes e esperar pela mesma resposta de todos os outros navios antes de mudar o curso ou velocidade (método de contagem ainda hoje utilizado em campo de batalha terrestre), entre outros códigos de comunicação semelhantes.
[editar] A viagem
Zarpava a grande frota de 13 navios do Restelo a 9 de Março de 1500, com o objetivo formal de concluir relações comerciais com os portos índicos de Calicute, Cananor e Sofala, iniciadas na viagem de Vasco da Gama. Pelo dia 14 do mesmo mês já se encontravam nas Canárias e no dia 22 chegavam a Cabo Verde. No dia seguinte desaparecia misteriosamente o navio de Vasco de Ataíde.
No dia 22 de Abril , acidente de percurso ou missão secreta de legitimação de posse, avistava-se «terra chã, com grandes arvoredos: ao monte». Ao grande monte, Pedro Álvares Cabral baptizou de Monte Pascoal e à terra deu o nome de Ilha da Vera Cruz — pensando ser uma ilha -, depois que descobriram ser um continente denominaram-na de Terra de Santa Cruz — hoje denominado Porto Seguro, no estado da Bahia. Aproveitando os alísios, a esquadra bordeja a costa baiana em direção ao norte, à procura de uma enseada, achada afinal pouco antes do pôr-do-sol do dia 24 de abril, em local que viria a ser denominado baía Cabrália. Ali permaneceram até 2 de maio, quando rumaram para a Índia, cumprindo seu objetivo formal de viagem e deixando dois degredados e dois grumetes que desertaram. Estava iniciada a ocupação do Brasil por europeus.
[editar] A chegada a Vera Cruz
No dia 24 de Abril Cabral recebe os nativos no seu navio. Aí, acompanhado de Sancho de Tovar, Simão de Miranda, Nicolau Coelho, Aires Correia e Pêro Vaz de Caminha, recebia o grupo de índios que reconheceram de imediata o ouro e prata que se fazia surgir no navio — nomeadamente um fio de ouro de D. Pedro e um castiçal de prata — indicando aos portugueses que ali havia destes metais.
O encontro entre portugueses e índios está muito bem documentado na famosa carta escrita por Pêro Vaz de Caminha, escrivão a bordo. O choque cultural foi evidente. Os indígenas não reconheciam os animais que traziam os navegadores, à excepção de um papagaio que o capitão trazia consigo; ofereceram-lhes comida e vinho que os índios rejeitaram. O fascínio tocava-lhes pelos objectos não reconhecidos - como umas contas de rosário, e a surpresa dos portugueses pelos objectos reconhecidos - os metais preciosos.
Os indígenas começaram a tomar conhecimento da fé dos portugueses ao assistirem a Primeira Missa, rezada por Frei Henrique de Coimbra, em 13 de abril de 1500. A cruz foi plantada no solo do novo domínio português, que recebera o nome de Ilha de Vera Cruz. Logo depois de realizada a missa, a frota de Cabral rumou para a Índia, seu objetivo final, mas enviou um dos navios de volta a Portugal com a carta de Pero Vaz de Caminha.
[editar] Os povos nativos
Quando do “achamento” do Brasil pelos portugueses, o litoral baiano estava ocupado por duas nações indígenas do grupo linguístico tupi: os Tupinambás, que ocupavam a faixa compreendida entre Camamu e a foz do Rio S. Francisco, e os Tupiniquins, que se estendiam de Camamu até o limite com o atual Estado do Espírito Santo. Mais para o interior, ocupando faixa paralela àquela apropriada pelos Tupiniquins, estavam os Aimorés. Tais grupos dominavam aqueles territórios há apenas dois séculos e, provavelmente, provinham do Alto Xingu, na Amazônia.
[editar] Polémica
No ano 2000 comemorou-se os 500 anos do Descobrimento do Brasil, o que provocou muita polémica em redor da data. Para muitos, a comemoração implicaria que a história do Brasil completou quinhentos anos no ano 2000, uma perspectiva claramente eurocêntrica, pois parte do princípio de que apenas com a chegada da esquadra de Cabral teve início o processo histórico nas terras que hoje formam o Brasil. Quem defende isto afirma-o porque ser de opinião que, por exemplo, Portugal tem (aproximadamente) 900 anos uma vez que o Reino de Portugal só se formou em 1143.
Isso é particularmente relevante do ponto de vista indígena, uma vez que os primeiros habitantes do território sofreram com a escravidão e mesmo as guerras de extermínios levadas a cabo pelos recém-chegados, o que, junto com as doenças e processos de aculturação, levou ao desaparecimento de grande parte das tribos indígenas originais.
Outro fator polémico é a descoberta de que alguns portugueses foram enviados ao Brasil em missões secretas antes mesmo da descoberta oficial, como, por exemplo, Duarte Pacheco Pereira.
Há ainda o fato de ser muito difícil se estabelecer um momento em que surgiu o termo e a idéia de Brasil, uma vez que é uma idéia que aos poucos foi se construíndo no imaginário potuguês e europeu desde o século XIV.
Outros consideram que as comemorações, tanto oficiais como não oficiais, serviram como um bom pretexto para a reflexão sobre toda a história brasileira, uma vez que a Descoberta do Brasil é certamente um dos momentos-chave da História do Brasil.
[editar] Ver também
- História do Brasil
- Colonização do Brasil
- Descobrimentos portugueses
- Cronologia dos descobrimentos portugueses