Partido da Social Democracia Brasileira
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O Partido da Social Democracia Brasileira é um partido político brasileiro. Foi fundado em 25 de junho de 1988 por importantes figuras do cenário político brasileiro, como o ex-presidente (à época senador) Fernando Henrique Cardoso. Seu símbolo é um tucano nas cores azul e amarelo, e por esta razão, seus membros são chamados de "tucanos". Seu número eleitoral é o 45.
O Partido da Social Democracia Brasileira é atualmente um dos cinco maiores partidos políticos brasileiros e, dentre estes cinco, é o de mais recente fundação.
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[editar] Fundação
O partido foi fundado em 25 de junho de 1988 por um grupo de socialdemocratas dissidentes do PMDB - Partido do Movimento Democrático Brasileiro, insatisfeitos com os rumos do partido e com a política adotada pelo governo de José Sarney. Acreditavam, na época, que o governo Sarney havia "de se constituir no primeiro da Nova República para se fazer o último da velha República." [1] Esse grupo era composto por intelectuais e políticos articulados sob a liderança de Fernando Henrique Cardoso (então senador), Mário Covas (também senador à época), Franco Montoro, José Serra, José Richa, Teotônio Vilela Filho, Sérgio Motta, Magalhães Teixeira, Geraldo Alckmin, Eduardo Azeredo, Aécio Neves, Maria de Lourdes Abadia, Arthur Virgílio, Euclides Scalco, Almir Gabriel, entre outros.
Com este núcleo partidário, o PSDB foi formado pela confluência de diferentes pensamentos políticos contemporâneos. Da vertente trabalhista, o PSDB adotou a prioridade do trabalho sobre o capital, a ética, a solidariedade e a participação comunitária foram assimiladas dos pensadores católicos personalistas, e das ações políticas dos líderes europeus da pós-guerra. Trouxe do socialismo sua vertente democrática e, do comunismo a luta dos trabalhadores por direitos iguais, inclusive no voto, e inclui ainda o combate ao totalitarismo de esquerda e direita, preponderantes no século XX.
[editar] Programa
O PSDB é um partido político brasileiro cujos militantes e simpatizantes geralmente se classificam como de centro-esquerda. Alguns críticos e intelectuais [2] [3], especialmente os de esquerda, no entanto, por considerarem que o partido demonstra características neoliberais, citam-no como sendo de centro-direita, ou até mesmo de direita. Esta classificação, entretanto, é constantemente discutida dentro do partido. Documentos de autoria de seus integrantes debatem a respeito da validade atual desta classificação, questionando as diversas interpretações semânticas dos termos.
Foi criado originalmente com o objetivo de representar a socialdemocracia no Brasil. Entre as principais propostas originais do partido, encontram-se a instituição do parlamentarismo no plano político e uma economia de mercado regulada pelo Estado, com participação mais livre das empresas privadas e de investidores internacionais. Mesmo se considerando um partido socialdemocrata, o PSDB não é integrante da Internacional Socialista. Apesar disso, conta com o apoio de membros do Partido Socialista de Portugal e do Partido Trabalhista do Reino Unido. Tem status de observador na Organização Democrata Cristã da América (ODCA).[4]
Alterações políticas significantes no cenário mundial, como por exemplo a Queda do Muro de Berlim, tornaram a distinção entre esquerda e direita mais complicada. No Brasil, a dificuldade de se distinguir a posição do partido no espectro ideológico ficou maior no passado recente do país. As controvérsias em torno do uso dos termos "esquerda" e "direita" aumentaram, especialmente após um dos principais partidos de esquerda do Brasil, o Partido dos Trabalhadores (PT), ter passado a adotar políticas mais centristas. Dentro desse contexto, em 2003, entrevistado pelo jornal do PSDB, Fernando Henrique Cardoso, presidente de honra do partido, afirmou que independentemente da posição assumida pelo PT, a posição do PSDB deveria permanecer a mesma. FHC afirmou que do ponto de vista ideológico, o partido não poderia ceder, permanecendo onde estava, continuando com a sua linha "de centro-esquerda ou, centro olhando para a esquerda"[5]
Em documento elaborado em 1990, o presidente de honra do partido discorre sobre a social democracia, afirmando: [6]
«Se esquerda significa ser contra a ordem social existente, e direita a favor, a social-democracia é sem dúvida uma corrente de esquerda.»
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[editar] Eleições municipais de 1988
Apesar de recém constituído e ainda com organização provisória, o PSDB participou da eleição municipal de 15 de novembro de 1988, disputando com candidatos próprios e conseguindo vitórias importantes como em Minas Gerais, onde conquistou a Prefeitura de Belo Horizonte com Pimenta da Veiga, e a de Contagem, com Ademir Lucas Gomes, além de mais 5 prefeituras desse Estado. Ao todo, o PSDB elegeu dezoito prefeitos, sendo sete em Minas Gerais, cinco em São Paulo, três no Espírito Santo, um no Mato Grosso do Sul , um em Pernambuco e um no Rio Grande do Sul. Elegeu, nesses mesmos estados, cerca de 214 vereadores.
[editar] Eleição presidencial de 1989
O PSDB disputou o primeiro turno da eleição presidencial de 15 de novembro de 1989, tendo o Senador Mário Covas, seu candidato, conquistado o quarto lugar, num total de 22 candidatos, obtendo 11,52 % dos votos válidos, correspondente a 7.790.392 votos, quando o segundo colocado, Luís Inácio Lula da Silva, obteve pouco mais de 11 milhões. No segundo turno, o partido apoiou a candidatura de Lula contra Fernando Collor de Melo.
[editar] Eleição presidencial de 1994
A caminhada vitoriosa do PSDB rumo à Presidência da República de 1994, segundo o livro A história real, teria começado bem antes da campanha presidencial propriamente dita. As alianças feitas e desmanchadas anteriormente teriam sido, segundo os autores deste livro, essenciais para o sucesso tucano[7].
Collor e Fernando Henrique mantinham constante diálogo durante o período de Presidência do primeiro, antes do impeachment, apesar da ojeriza do restante do PSDB. Collor, que tinha uma base parlamentar frágil, contava com o apoio do PSDB, e durante todo o seu mandato cortejou os tucanos com cargos e vantagens. O PSDB sempre se manteve afastado do governo Collor, temeroso da imagem que tal aliança lhe proporcionaria. Foi só com a ascenção de Itamar Franco à Presidência que os tucanos se integraram definitivamente ao governo.
Apesar de toda a rixa que existe atualmente entre PT e PSDB, esses partidos formaram muitas alianças antes da campanha de 1994, quando se separaram definitivamente. Cogitaram até de se unirem para a campanha presidencial de 1994, substituindo o presidencialismo pelo parlamentarismo. O ideário dos partidos era bastante similar, mas, com aliança do PSDB com o PFL, tiveram fim as chances de união. Outro fator determinante que impediu a união dos dois partidos foi o plebiscito de 21 de abril de 1992, que selou o presidencialismo como sistema de governo, com ampla vantagem de votos, além das constantes críticas do PT ao governo de Itamar Franco (mesmo com a presença, ainda que inicial, de uma petista histórica, Luiza Erundina, na Secretaria da Administração Federal desse governo).
O dia chave para o PSDB e para Fernando Henrique virarem o jogo da eleição, que parecia certa para Lula, foi 21 de maio de 1993. Neste dia, Fernando Henrique, que era chanceler, assumiu o cargo de ministro da Fazenda, atendendo ao pedido pessoal do presidente Itamar Franco. Em oito meses do novo governo, Fernando Henrique era o quarto ministro da Fazenda. Sabia que teria de formar uma equipe forte para liquidar a inflação, pois estava convencido de que sozinho não poderia fazer muito coisa, afinal, era um sociólogo, e não economista. A equipe era composta por Edmar Bacha, Pérsio Arida e André Lara Resende, além de Fernando Henrique.
O Plano Real, elaborado principalmente por Edmar Bacha, começou a tomar feições nítidas com a aprovação, pelo Congresso Nacional, do "fundo social de emergência" , que daria ao governo liberdade para dispor de 15% a 20% de todo o orçamento da União, às custas da previdência social e de um aumento do imposto de renda sobre a classe média e as empresas. A equipe da Fazenda teria, então, possibilidade de manejar melhor o plano. O fundo de emergência também foi o estopim da aliança PSDB-PFL. Para obter a aprovação do fundo, o PSDB precisou do apoio maciço do PFL, que aquiesceu.
Forjou-se a aliança definitiva entre PSDB e PFL, apesar do estranhamento inicial. O PSDB baiano, inimigo à época do PFL do mesmo estado, recusou-se a integrar a união. Outras rusgas surgiram, mas a aliança manteve-se coesa, apesar de tudo. Inicialmente, o PSDB tentou camuflar a aliança, dando o tom de liderança na chapa, mas a ajuda do PFL foi indispensável para a vitória nas eleições. O PFL detinha um imenso curral eleitoral no Nordeste, o que impulsionou a vitória.
[editar] Mandatos presidenciais
Fernando Henrique Cardoso conquistou a Presidência da República, e foi presidente por dois mandatos (de 1995 a 1999 e de 1999 a 2003). Nesse período, alguns parlamentares que haviam se mantido no PMDB, ou mesmo em outros partidos, mas que haviam sido do antigo MDB ou se encaixavam no perfil socialdemocrata entraram no partido, como os deputados Alberto Goldman e Aloysio Nunes Ferreira.
Ao longo do mandato presidencial tucano, o crescimento da economia brasileira não foi um dos melhores da história. Ocorreram inúmeras privatizações e modernização de setores antes controlados pelo Estado, como as telecomunicações, muito contestada pelos adversários.
As principais marcas positivas do governo FHC foram o fim da hiperinflação, que, antes de seu governo, chegava a mais de 6000%, a estabilidade monetária e a criação de programas sociais pioneiros, como o bolsa-escola, o vale-gás e o bolsa-alimentação, além do início da reforma do Estado, com a implementação, por exemplo, da Advocacia-Geral da União.
[editar] Eleições gerais de 2002
O pior revés tucano foi, certamente, a derrota na eleição presidencial de 2002, quando seu maior rival, o Partido dos Trabalhadores, cujo candidato era Luiz Inácio Lula da Silva, venceu o pleito sobre José Serra com mais de cinqüenta e dois milhões de votos. Nas eleições estaduais, o PSDB conseguiu manter relativa força, ganhando o governo de importantes estados como São Paulo (terceiro mandato consecutivo), com Geraldo Alckmin, Goiás com Marconi Perillo e Minas Gerais, com Aécio Neves.
[editar] Atualidade
O PSDB saiu da eleição de 2004 com 871 municípios conquistados. Neles, vivem 37,8 milhões de brasileiros - atualmente o partido governa 30,6 milhões de pessoas em 1161 cidades. Além disso, os tucanos estão na vice-prefeitura de 415 cidades, onde moram 23,2 milhões de brasileiros. Isso significa que, considerando todas as cidades com prefeito ou vice-prefeito tucano, o PSDB governa, a partir de 1º de janeiro de 2005, mais de 61 milhões de pessoas.
Pode-se ainda argumentar que, atualmente, o PSDB disputa com o PT a hegemonia política no Brasil. Os partidos políticos restantes, independentemente de seu tamanho, geralmente subordinam suas ações políticas nacionais aos movimentos desses dois partidos.
Em 1997, um grupo de sindicalistas brasileiros, cansados de ver o movimento sindical sem uma representatividade social-democrata, resolveu fundar a Social Democracia Sindical (SDS), que contou com o apoio dos líderes do PSDB.
O candidato tucano para as eleições presidenciais de 2006 foi o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, derrotado no segundo turno. O ex-prefeito de São Paulo, José Serra, foi vencedor na disputa do governo do estado pelo partido, já no primeiro turno.
O PSDB sai da eleição brasileira de 2006 com 66 deputados e catorze senadores no Congresso Nacional, além de seis goverandores. São eles: José Serra (São Paulo), Aécio Neves (Minas Gerais), Yeda Crusius (Rio Grande do Sul), Teotônio Vilela Filho (Alagoas), Cássio Cunha Lima (Paraíba), Ottomar Pinto (Roraima). A partir de 2007, o partido governa 77 milhões de brasileiros. Além disso, o PSDB e o PFL decidiram continuarem sendo oposição ao Governo Lula no segundo mandato. Para 2007, está prevista uma reorganização do partido, com uma atualização de seu programa.
[editar] Identidade visual
Os filiados do PSDB são conhecidos como "tucanos", pois o partido adotou a ave como símbolo. Isto se deu em uma das reuniões preparatórias da formação do PSDB, em Brasília, em abril de 1988, quando a representação de Minas Gerais propôs que houvesse um símbolo para simplificar a identificação do partido e para facilitar sua comunicação com a população, sugerindo, como símbolo, um tucano. Após acalorada discussão, a proposta foi aprovada, pela evidência das razões apresentadas. A figura do tucano tem três importantes significações:
- O tucano de peito amarelo lembra a cor da campanha das diretas-já, movimento do qual participaram vários de seus fundadores;
- O tucano é um dos símbolos do movimento ecológico e da defesa do meio ambiente, em voga nas décadas de 1980 e 90, o que renderia ao partido uma boa imagem (de modernidade e ligação com temas importantes contemporâneos) frente à opinião pública;
- Trata-se de uma ave "brasileira", característica importante para indicar a suposta preocupação do partido com a realidade nacional, ou seja, a de que o partido não entende a social-democracia como uma "fórmula" pronta para ser aplicada no Brasil, um país com realidades distintas dos países da Europa, o berço da ideologia social-democrata. Neste sentido, o tucano procuraria representar o entendimento de que é preciso formar um programa social-democrático que se encaixe e atenda às realidades do Brasil.
[editar] Organização nos estados
O PSDB está presente nos 26 estados do Brasil e Distrito Federal.
[editar] Referências
- ↑ Introdução e Diretrizes Básicas (25/06/1988).
- ↑ Gazeta online
- ↑ Lainsignia
- ↑ Organização Democrata Cristã da América
- ↑ Para FHC, PSDB tem obrigação de ficar na oposição
- ↑ A social democracia
- ↑ A história real, artigo de livro sobre a campanha presidencial de 1994.
[editar] Ver também
[editar] Bibliografia
- Revista Social Democracia Brasileira; São Paulo: Instituto Teotônio Vilela
- A história real: trama de uma sucessão; ISBN 85 08 04888 2