Língua castelhana
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Língua castelhana ou língua espanhola é o nome dado a uma língua românica originária da Espanha e que hoje é a língua mais falada das Américas. O idioma castelhano tem esse nome por ser originário de Castela. Junto com o inglês é a língua ocidental que possui mais falantes.
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[editar] Distribuição geográfica
Enquanto na lista mundial de línguas mais faladas figure na segunda, terceira ou quarta posição segundo a fonte consultada (os censos da Índia e América do Sul variam muito segundo o organismo consultado), o que fica claro é que em importância ocupa a segunda posição atrás do Inglês, com quase quatrocentos milhões de falantes nativos.
Embora o castelhano seja uma língua principalmente americana, é falada nos seis "continentes", embora em alguns de forma quase residual:
- América: É oficial em Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Equador, El Salvador, Guatemala, Honduras, México, Nicaragua, Panamá, Paraguai,Peru, Porto Rico, República Dominicana, Uruguai e Venezuela, mas sua presença também é importante nas Antilhas Holandesas, Belize, Estados Unidos da América, Trinidad e Tobago, Haiti.
- África: Canárias, Ceuta, algumas zonas de Marrocos, Melilha, Guiné Equatorial, Saara Ocidental. Em 11 de julho de 2001, o espanhol (castelhano) foi declarado uma das línguas oficiais da Organização da Unidade Africana (OUA), junto com o árabe, francês, inglês, português e kiSwahili.
- Europa: é oficial na Espanha e se fala também em Andorra e Gibraltar. Núcleos de imigrantes na Alemanha, França, Itália, República Checa e Suíça. É uma das línguas oficiais da União Européia.
- Ásia: Minorias nas Filipinas (2,9 milhões, sem contar os falantes do "chavacano"), Israel (100 a 160 mil) e Turquia (20 a 30 mil), atualmente também existem alguns imigrantes radicados na Arábia Saudita, Japão e Kuwait.
- Oceania: Ilha da Páscoa (Chile). Núcleos de imigrantes na Austrália. O chamorro se fala em Guam e nas Ilhas Marianas.
Número de falantes (nativos e não nativos) em cada país | |
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Por ordem alfabética | Por número de falantes |
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[editar] Dialetos
- Dialeto andaluz
- Dialeto canário
- Dialeto churro
- Dialeto murciano
- Dialeto extremenho
- Espanhol amazônico
- Espanhol andino
- Espanhol boliviano
- Espanhol caribenho
- Espanhol cubano
- Espanhol dominicano
- Espanhol portorriquenho
- Espanhol centro-americano
- Espanhol chileno
- Espanhol colombiano central
- Espanhol colombiano-equatoriano ribeirinho
- Espanhol mexicano
- Espanhol mexicano setentrional
- Espanhol mexicano meridional
- Espanhol peruano ribeirinho
- Espanhol venezuelano
- Espanhol venezuelano central
- Espanhol venezuelano guaro-maracucho
- Espanhol riopratense
- Espanhol da Guiné Equatorial
- Espanhol das Filipinas
- Espanhol neo-tradicional
[editar] Línguas derivadas
Entre as línguas crioulas e outras línguas derivadas desta língua se podem citar o ladino.
[editar] Fonemas
Tem semelhanças com o português. Contudo, existem diferenças, sendo as principais, ("letra castelhana/espanhola" = "letra portuguesa"): Ll = Lh, Ñ = Nh, Ch = Tch, B e V = B, X = /ks/ (sempre). Não há, no espanhol, o som da letra X como em xadrez. As letras K (/ca/, /que/, /qui/, /co/, /cu/), W (/v/ em palavras de origem alemã e /u/ em de origem inglesa) e Y (/i/) fazem parte do alfabeto castelhano/espanhol, a i grega (Y) pode ser consoante ou vogal, quando consoante tem um som mais forte. J é um caso à parte, ele tem um som inexistente no português (o som que chega mais perto é o do R forte - como em carro). O som correspondente ao "J" português é representado por "LL" no espanhol platino, e inexistente em outros dialetos. Fora isso não há crase, til (Ñ não conta) ou circunflexo. Assim como no português ge = je e gi = ji, e também há o gue e gui, a letra Q segue o mesmo esquema (que = ke, qui = ki) contudo não há trema. Em castelhano/espanhol o costume é encerrar palavra com N e não com M. O Ç apesar de ter nascido do castelhano/espanhol foi abolido, tal como o SS. Já RR existe no castelhano/espanhol e usa-se da mesma forma que no português. Vale ressaltar que a pronúncia é de 'dois erres', ou seja, /r/,/r/, e não de /ř/ como em carro /kařo/. O Z na Espanha se pronuncia de forma similar ao "Th" inglês em "theory".
[editar] História
A língua castelhana é o idioma da Espanha, da América do Sul e Central (exceto Brasil, Haiti, Guianas e várias ilhas caribenhas), das Filipinas e da Guiné Equatorial, na África. Conta com cerca de duzentos e cinqüenta milhões de falantes. Também é chamada de ”castelhano”, nome da comunidade lingüística (Castela) que lhe deu origem nos tempos medievais. Na Espanha também são falados o catalão e o galego (idiomas de tronco românico), e o basco, de origem desconhecida. Na formação do castelhano/espanhol, podem-se distinguir três períodos: o medieval ou castelhano antigo (dos séculos X ao XV), o espanhol moderno (entre os séculos XVI e XVII) e o contemporâneo, que vai da fundação da Real Academia Espanhola até nossos dias.
Apesar de ser um idioma falado em regiões tão distantes, a ortografia e as normas gramaticais asseguram a integridade da língua, daí a colaboração entre as diversas Academias da Língua da Espanha e as dos países americanos no intuito de preservar esta unidade. A Espanha elaborou o primeiro método unitário de ensino do idioma que é difundido pelo mundo através do Instituto Cervantes.
[editar] Latim vulgar
Como disse Menéndez Pidal: “a base do idioma é o latim popular, propagado na Espanha a partir do final do século III a.C. até se impor às línguas ibéricas”. Entre os séculos III e VI, a língua que evoluia em Espanha assimilou germanismos através do latim falado pelos povos bárbaros romanizados que invadiram a península. Com o domínio muçulmano de oito séculos, a influência do árabe — idioma dos conquistadores berberes — foi decisiva na configuração das línguas ibéricas, entre as quais se incluem o castelhano/espanhol e o português.
[editar] Glosas medievais
O nome da língua procede da terra dos castelos, Castela. A esta época pertencem as Glosas Silenses e as Emilianenses, do século X, anotações em romance dos textos latinos no Monastério de Yuso (San Millán de la Cogolla), primeira referência ao idioma, convertendo-se em centro medieval de cultura.
O primeiro passo para converter o castelhano em língua oficial do reino de Castela e León foi dado por Afonso X. Foi ele quem mandou compor em romance, e não em latim, as grandes obras históricas, astronômicas e legais. O castelhano era a língua dos documentos notários e da Bíblia traduzida sob as ordens de Afonso X. Graças ao Caminho de Santiago, entraram na língua escassos galicismos que foram propagados pela ação dos trovadores da poesia cortesã e provençal.
[editar] Árabe
No sul, sob domínio árabe, as comunidades hispânicas que conviviam com as comunidades judaica e árabe falavam moçárabe. Esta é a língua na qual foram escritos os primeiros poemas, as Jarchas, que conservam uma forma estrófica de clara origem semítica, a moasajas. Em quase oito séculos de interação (711-1492), os povos falantes de Árabe deixaram no castelhano um abundante vocabulário de cerca de quatro mil termos. Com o tempo foram caindo em desuso mas há vestigios modernos, palavras de uso comum como tambor, adobe, alfombra, zanahoria, almohada, e a expressão ojalá. Cabe assinalar que penetrou na gramática castelhana a preposição árabe hatta (حتى), que se converteu na preposição espanhola hasta.
[editar] Primeira gramática moderna européia
A publicação da primeira gramática castelhana, escrita por Elio Antonio de Nebrija em 1492, ano do descobrimento da América, estabelece o marco inicial da segunda etapa de conformação e consolidação do idioma. O castelhano adquire grande quantidade de neologismos, pois o momento coincidiu com a expansão de Castela que, pela força política, conseguiu consolidar seu dialeto como língua dominante. O castelhano é a língua dos documentos legais, da política externa e a que chega à América pela mão da grande empreitada realizada pela Coroa de Castela. Nesta mesma época os judeus sefarditas foram expulsos de Castela e Aragão, levando consigo a fala que daria lugar ao ladino.
Em um primeiro momento, os realistas não mostraran interesse em difundir a língua castelhana na América e nas Filipinas, realizando-se a evangelização nas línguas nativas.
Na França, Itália e Inglaterra são editados gramáticas e dicionários para o ensino do castelhano/espanhol, que ganha o status de língua diplomática até a primeira metade do século XVIII. O léxico incorporou palavras originárias de tantas línguas quantos contatos políticos possuía o Império: italianismos, galicismos e americanismos. No ano 1713 fundou-se a Real Academia Espanhola. Como primeira tarefa, a Academia fixou as mudanças feitas pelos falantes do idioma, o que permitiu grande variedade de estilos literários: da liberdade das alterações sintáticas do barroco, no século XVII, às contribuições dos poetas da geração de 1927. No primeiro terço do século XX apareceram novas modificações gramaticais que, ainda hoje, estão em processo de assentamento. Paralelamente, é contínua a criação de neologismos provenientes das inovações técnicas e dos avanços científicos.
No século XIX, os Estados Unidos da América adquirem a Louisiana da França e a Flórida da Espanha, e conquistam do México os territórios que atualmente formam o Arizona, a Califórnia, o Colorado, Nevada, Novo México, Texas, Utah e Wyoming. Desta forma, o castelhano/espanhol passou a ser uma das línguas dos Estados Unidos, ainda que estas variedades primitivas só sobrevivam até o início do século XXI em Sant Bernard Parish (Louisiana) e uma faixa que se estende do norte do Novo México ao sul de Colorado.
Depois da guerra hispano-americana de 1898, os Estados Unidos se apoderaram também de Cuba, Porto Rico, Filipinas e Guam. No arquipélago asiático, impôs um sistema de ensino para substituir o castelhano/espanhol pelo inglês como veículo de comunicação dos filipinos.
No século XX, milhões de mexicanos, cubanos e porto-riquenhos emigraram aos Estados Unidos, convertendo-se na minoria mais numerosa do país: 34.207.000 pessoas, em novembro de 2001.
[editar] Gramática
[editar] Verbo
Os verbos se dividem em três conjugações, que podem ser identificadas segundo as duas últimas letras do infinitivo: -ar, -er ou -ir.
Os verbos conjugam-se em quatro modos verbales/modos verbais: indicativo, subjuntivo, imperativo e potencial. Ainda, existem três formas impessoais: infinitivo, gerúndio e particípio, que entram na composição dos verbos compostos e perífrases verbais.
Os tempos verbais podem ser simples ou compostos. Por cada tempo simples há um que é composto, que forma-se antepondo o tempo simples correspondente do verbo "haber" ao particípio do verbo que se está a conjugar.
Indicativo
tempos simples
- Presente - por exemplo, "(yo) hablo"
- Pretérito imperfecto - "hablaba"
- Pretérito perfecto simple ou pretérito indefinido - "hablé"
- Futuro - "hablaré"
- Condicional - "hablaría"
tempos compostos:
- Pretérito perfecto compuesto - "he hablado"
- Pretérito pluscuamperfecto - "había hablado"
- Pretérito anterior - "hube hablado"
- Futuro compuesto - "habré hablado"
- Condicional compuesto - "habría hablado"
O pretérito anterior é pouco usado.
Há situações onde se emprega o futuro para expressar dúvida: "serán las tres": serão umas três [horas].
Subjuntivo / Conjuntivo
tempos simples
- Presente - "yo hable"
- Pretérito imperfecto - "hablara" o "hablase"
- Futuro - "hablare"
tempos compostos
- Pretérito perfecto compuesto - "haya hablado"
- Pretérito pluscuamperfecto[Pretérito mais-que-perfeito] - "hubiera hablado" o "hubiese hablado"
- Futuro compuesto[Futuro composto] - "hubiere hablado"
O futuro do conjuntivo é um tempo arcaico que só se emprega hoje em dia em documentos legais. Muitos hispanófonos desconhecem a existência deste tempo verbal. Na Argentina la fala vulgar está-se a generalizar o uso do condicional em substituição do pretérito imperfeito nas frases condicionais ("si yo hablaría", significando "si yo hablara", ou "si yo hablase").
Imperativo: habla (tú), hablad (vosotros)
Para outras pessoas ou em frases negativas, o presente do conjuntivo vale por imperativo.
[editar] Vocabulário
Devido às prolongadas conquistas às quais a Espanha foi submetida ou que submeteu outras nações, a língua castelhana foi invadida por uma enorme quantidade de vozes "adquiridas" de línguas de diversos grupos. É possível encontrar palavras celtas, íberas, ostrogodas, visigodas, latinas, gregas, árabes, francesas, italianas, germanas, caribes, aztecas, quechuas, guaranis e outras. A influência relativa de cada um destas "aquisições" varia de acordo com o país falante.
Os países da América, principalmente nas regiões rurais, conservam um grande número de arcaísmos: no extremo sul (Argentina e Uruguai) é frequente no trato coloquial o uso do "vos" em lugar do "tú" tradicional nos restantes países hispanófonos. A forma "vos" provém do trato formal da segunda pessoa do singular, e sobrevive na Espanha na forma do trato informal para a segunda pessoa do plural (vosotros). O trato formal actual é "Usted" para a segunda pessoa do singular e "Ustedes" para a segunda pessoa do plural.
[editar] Sistema de escrita
O castelhano/espanhol se escreve mediante o alfabeto latino. Tem uma letra adicional, Ñ, embora no passado ch e ll fossem consideradas letras (ver dígrafo). As vogais podem levar um acento agudo para marcar a sílaba tônica quando esta não segue o padrão habitual, ou para distinguir palavras que, de outra forma teriam a mesma grafia (ver acento diacrítico).
O u pode levar trema (ü) para indicar que este se pronuncia nos grupos "güe", "güi". Na poesia, as vogais i e u podem levar trema para romper um ditongo e ajustar convenientemente a métrica de um verso determinado (por exemplo, ruido tem duas sílabas, mas ruïdo tem três).
Para mais informação, ver Ortografia da língua espanhola.
[editar] Ver também
[editar] Línguas crioulas
- Papiamento
- Chabacano
[editar] Ligações externas
- Relatório Etnológico para a Língua
- Wikibook: Course of Spanish as a Foreign Language Wikilivro em inglês para aprender castelhano.
- Wikilibro da língua espanhola (Em baixo nível de desenvolvimento)
- Real Academia espanhola
- Centro Virtual Cervantes
- A página do idioma espanhol
- A língua espanhola, de Sergio Zamora B.
- A língua castelhana na Encarta
- A hispanoteca para falantes de alemão
- Dicionários de variantes do espanhol